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Questão social ainda é desafio no agro brasileiro

Há um consenso sobre a importância da pauta ESG (sigla em inglês para questões sociais, ambientais e de governança) no agro brasileiro. Segundo pesquisa feita pela consultoria PwC no início deste ano, no Brasil, o setor está mais avançado no comprometimento com metas sustentáveis do que em outros países, e 47% dos entrevistados, que fazem parte da liderança empresarial do campo, afirmaram já ter compromissos sustentáveis estabelecidos.

Há, porém, muito a avançar, e não só do ponto de vista ambiental, já que, além de críticas relacionadas à emissão de metano pelos animais e ao desmatamento ilegal, também há questionamentos na pauta social.

Maurício Moraes, sócio e líder de agronegócio da PwC Brasil, lembra que o agronegócio no Brasil é pulverizado, com muitos pequenos produtores, que precisam de treinamento para usar tecnologia, que avança aceleradamente. Nesse sentido, Sofia Carra, especialista em recursos hídricos e integrante da diretoria executiva da BRASFI (Brazilian Alliance for Sustainable Finance and Investment), defende que é crucial investir na capacitação da agricultura familiar. Ambos participaram da Live do Valor de ontem sobre como o agro brasileiro pode evoluir no ESG, ao lado de Celso Luiz Moretti, presidente da estatal Embrapa.

“A agricultura familiar representa 77% da produção rural em termos de quantidade de mão de obra, e 23% da área produtiva. A capacitação é crucial, porque muitas dessas famílias não têm acesso a assessoria técnica, nem acompanhamento. É preciso chegar até o pequeno produtor para que ele possa acompanhar os avanços da tecnologia”, disse Carra.

Segundo a engenheira ambiental, para muitas companhias o caminho mais fácil é centrar o foco em novos produtores dispostos a adotar regras para se integrarem à pauta ESG. “Tem que trazer todos para essa justiça climática, não deixar ninguém para trás. É papel das companhias educar, capacitar, incentivar e dar suporte para essa agricultura no sentido familiar”, afirmou.

Moretti observou que a agenda social é uma das prioridades para a entidade. “Essa agenda ESG chegou para ficar no agronegócio, mas o maior desafio está no ‘S’, social. A Embrapa, que desenvolve tecnologia para todas as agriculturas, tem focado muito nisso”, afirma. Como dar acesso a novas tecnologias é uma das maneiras de abordar a questão, a Embrapa é um participante central nesta jornada, uma vez que tem desenvolvido, ao longo dos anos, um ecossistema de inovação, acelerando ideias e agora também será investidora de projetos.

Fonte: Valor Econômico.

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