Faturamento da pecuária uruguaia atingiu recorde em 2019
27 de fevereiro de 2020
Marfrig confirma que poderá exportar carne bovina in natura do Brasil aos EUA
27 de fevereiro de 2020

Rabobank: China à frente das importações de carne bovina em 2020

Com o início de mais um ano, estamos enfrentando novamente uma grande perturbação para um dos maiores importadores de carne bovina do mundo, a China. Em sua publicação trimestral, o Rabobank analisou o impacto do coronavírus e outros fatores que influenciarão a demanda dos principais importadores de carne bovina em 2020. Confira abaixo o sumário do relatório e as observações sobre o mercado brasileiro.

Coronavírus

O surto de coronavírus na China teve um grande impacto no serviço e comércio de alimentos. Com o serviço de alimentos como o principal canal de vendas, espera-se que a carne sinta o impacto mais do que outros.

As indicações do surto de SARS de 2003 sugerem que, uma vez contido o vírus, as vendas e o comércio devem se recuperar rapidamente. No entanto, o prazo para o controle permanece incerto.

Negócios comerciais dos EUA

Houve progresso na Acordo Estados Unidos-México-Canadá (USMCA) e o acordo comercial Japão/EUA foi aprovado em dezembro. Estes foram seguidos de perto pela assinatura do primeiro acordo comercial EUA-China em janeiro. Embora permaneçam dúvidas sobre os detalhes do acordo EUA-China, agora existe a preocupação de que o coronavírus adie as compras chinesas de commodities dos EUA.

Brexit

O Reino Unido deixou oficialmente a União Europeia (UE) em 31 de janeiro de 2020, iniciando um período de transição que durará até 1 de janeiro de 2021. O Rabobank espera que o impacto na indústria de carne bovina seja limitado nesse período, já que o Reino Unido continua sendo um membro do mercado único da UE. No entanto, permite que exportadores globais de carne bovina, como EUA, Brasil, Argentina, Uruguai, Austrália e Nova Zelândia, negociem novos acordos comerciais com o Reino Unido.

Novos impostos de exportação na Argentina

Novas medidas fiscais destinadas a reduzir a taxa de inflação e aliviar a pobreza foram anunciadas pelo governo argentino no início de dezembro. Foram determinados impostos sobre uma série de exportações agrícolas, incluindo um aumento da tarifa de carne bovina de 7% para 9%.

Índice de Preços do Gado Rabobank em Sete Nações

Após um grande salto no Índice Rabobank das Sete Nações no final de 2019, impulsionado pelos aumentos na maioria dos países – principalmente EUA e Brasil, os preços diminuíram em janeiro, com o Brasil e a Nova Zelândia experimentando grandes quedas nos preços do gado.

Importações da China

Para os quatro maiores países importadores de carne bovina, 2019 foi um ano sólido, diferenciado pelo crescimento extraordinário do maior importador, a China. Embora a maioria tenha experimentado uma ligeira queda no crescimento econômico, todos viram aumentos nos volumes importados, variando de 1% nos EUA e no Japão a um crescimento de 60% na China.

O Rabobank espera que 2020 seja outro ano estável para o Japão, EUA e Coreia do Sul, mas a logística, a atividade do consumidor e as economias em desaceleração devem afetar a demanda de importação da China no primeiro semestre, antes de se recuperar no segundo semestre de 2020.

Brasil: um momento de reequilíbrio

Após um ano marcado por exportações e preços recordes, o mercado brasileiro de carne bovina passa por um momento de reequilíbrio da oferta e da demanda. Os níveis de preços sem precedentes registrados em novembro passado, fizeram o mercado interno retrair quando os aumentos de preços chegaram ao consumidor brasileiro.

Em janeiro, sazonalmente, é um mês de demanda mais baixa de carne, dadas as férias escolares e os compromissos mais altos de gastos fiscais que reduzem os gastos dos consumidores.

Do lado da oferta, a estação chuvosa gera crescimento das pastagens, diminuindo os custos de produção e limitando o suprimento de animais enviados para o abate. Com o consumo doméstico ainda considerado fraco e a China reduzindo as compras devido ao coronavírus, os abatedouros não estão dispostos a pagar preços mais altos para atrair volumes maiores. Embora ainda 27% maior que em janeiro de 2019, os preços do gado em janeiro (R$ 193,05 / 15 kg) caíram 9,8%, ante R$211,97/15 kg em dezembro.

Um desafio para aqueles que terminam o gado com grãos é o alto custo dos alimentos para animais. Os preços do milho em janeiro subiram 6% em relação aos níveis de dezembro e o Rabobank espera que os preços permaneçam altos pelo menos até o início do plantio da segunda safra, que deve ocorrer ao final do primeiro semestre.

Os volumes de exportação para janeiro caíram 22% com relação ao mesmo mês do ano anterior, impulsionados em grande parte por uma redução de 36% nas importações da China. Há um fator de sazonalidade nessa redução, mas vale ressaltar que o último mês de 2019 foi o melhor dezembro de toda a série histórica, tanto em volume quanto em receita.

Espera-se que a demanda interna ganhe força nos próximos meses, com o fim das férias escolares e o prolongado feriado do carnaval. Ao mesmo tempo, o Rabobank espera que a demanda chinesa retorne, pois eles procuram restabelecer estoques e aumentar a disponibilidade doméstica. A oferta de gado, por outro lado, deve aumentar à medida que avançamos nos meses mais secos e menos produtivos.

Fonte: Rabobank, traduzida e adaptada pela Equipe BeefPoint.

Os comentários estão encerrados.