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Rabobank: liberação de crédito começa a se normalizar

Aos poucos, a agricultura começa a voltar ao normal, e as perspectivas para o próximo ano são de boa renda para os produtores. Neste momento, os agricultores efetuam o plantio da safra de verão, e os números não deverão indicar quedas significativas na produção. As atividades no mercado agrícola, embora ainda lentas, já não mostram a paralisia de setembro e de outubro, a avaliação é do Rabobank.

Aos poucos, a agricultura começa a voltar ao normal, e as perspectivas para o próximo ano são de boa renda para os produtores. Neste momento, os agricultores efetuam o plantio da safra de verão, e os números não deverão indicar quedas significativas na produção. As atividades no mercado agrícola, embora ainda lentas, já não mostram a paralisia de setembro e de outubro.

A avaliação é do Rabobank, instituição financeira com foco no agronegócio. Desde 2004 no fornecimento de crédito rural no Brasil, o banco não pisou no freio neste ano e colocou no mercado um volume de crédito 60% maior do que o liberado no ano passado. Para 2009, a expansão será de 25% a 30%.

“Aparentemente, de algumas semanas para cá, o fluxo começou a voltar. Lento, mas voltando. Comparado com a quase paralisação há um mês, [esse fluxo] indica que a situação pode voltar ao normal.” A análise é de Antonio Carlos Ortiz, diretor da área rural do Rabobank. “As negociações voltaram, mais lentas e mais seletivas”, afirma.

O diretor do Rabobank não descarta a redução de demanda internacional, devido à crise financeira mundial. Mas, se os vetores tradicionais – estoques, oferta e demanda- funcionarem, vários produtos vão encontrar suporte de preços.

Entre eles estão soja, café e cana. Os estoques de soja e de açúcar estão baixos, e a produção brasileira de café recua no próximo ano devido ao efeito bienualidade – a produção sempre se alterna, com um ano de boa produtividade, como neste, seguido de outro, de produção menor.

As carnes são um ponto de interrogação, segundo Ortiz. O setor pode sofrer um choque de demanda maior, porque proteína animal é sempre mais sensível à renda. Mas essa queda de demanda nos países mais desenvolvidos e até nos emergentes pode atingir de forma menos acentuada as empresas exportadoras brasileiras. Além de preços competitivos, devido aos custos menores por conta da produtividade agrícola e industrial, a taxa de câmbio também está mais favorável.

A China pode não crescer dois dígitos, mas 6% a 7% já indicam demanda para as commodities agrícolas. Essa demanda deve vir também de outros mercados emergentes, embora em menor escala.

Um dos principais problemas da agricultura no momento é o crédito. Ele já vinha escasso neste ano e a situação se agravou ainda mais com a crise financeira, que veio nos meses de maior necessidade de recursos para o setor.

Além de mais seletivas, as operações de crédito também ficaram mais caras, principalmente porque os bancos que usavam recursos livres tiveram problemas de captação. Esse encarecimento complicou a vida dos produtores que ainda estavam à espera de crédito ou de uma eventual baixa no preço dos fertilizantes.

Sobre as dificuldades em fornecer crédito aos produtores após a crise, Ortiz diz que “os critérios são os mesmos, o que ficou mais difícil são as projeções”. Parte da análise do banco é baseada na expectativa de fluxo de caixa, que fica mais difícil de ser traçada em um ambiente de maior incerteza.

A matéria é de Mauro Zafalon, publicada na Folha de S.Paulo, resumida e adaptada pela Equipe AgriPoint.

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