Conhecida por produzir carne de boa qualidade e período de abate antecipado, a raça bovina Brangus completa nove anos nos pastos de Mato Grosso, demonstrando boa adaptação ao clima tropical.
A raça é resultado do cruzamento genético do boi europeu angus, que possui como maiores qualidades a precocidade sexual e a maciez da carne, com o gado Nelore, raça com grande poder de sobrevivência em condições adversas e que corresponde a 70% do rebanho do País. O cruzamento genético é feito com 70% de genes de angus europeus e 30% da raça zebuína.
A primeira geração de animais no Brasil foi produzida pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) em 1950. No Estado, o Brangus é produzido e controlado desde 1993 pela empresa gaúcha de manejo genético GAP, na Fazenda Sereno em Jaciara (a 120 km de Cuiabá). “Ao longo desse tempo, introduzimos novas técnicas para a perfeita adaptação do animal ao clima e ambiente de Mato Grosso. Depois de avaliarmos a cada geração os índices de produtividade, chegamos ao biotipo ideal e conseguimos uma grande amplitude adaptativa”, afirma o administrador da propriedade, Jorge Luiz Santana.
Hoje, a GAP administra cerca de 6,2 mil Brangus na área de 400 hectares destinadas à criação intensiva na fazenda de Jaciara. Segundo levantamento da Associação Brasileira de Brangus (ABB), o rebanho da raça dobrou nos últimos quatro anos, atingindo a marca de 160 mil cabeças e a venda de doses de sêmen da raça foi de 184 mil em 2001.
Santana ressalta que as duas raças que originam o Brangus se complementam perfeitamente, mas a ambientação do gado não depende exclusivamente do clima. “Para dar certo a raça tem que ter uma boa aceitação ao tipo de pasto e principalmente no tipo de manejo e trato dos animais”, afirma. Segundo ele, apenas no ano passado, a empresa vendeu cerca de 400 cabeças de Brangus produzidos na fazenda Sereno, a maioria para produtores mato-grossenses.
Uma das principais características positivas da raça é o período de abate e reprodução dos animais. Em alguns casos, fêmeas com até 15 meses de idade já estão prontas para reproduzir, quando o período de maturação normal do gado Nelore, por exemplo, é de 36 meses, em média. Já para o abate, os animais ficam prontos geralmente com dois anos de idade, ou seja, pelo menos um ano antes que a raça pura Nelore.
Outro aspecto favorável é a qualidade superior da carne, que possui boa cobertura de gordura e, consequentemente, mais sabor e maciez. Em contrapartida, o combate a parasitas recebe uma atenção maior do que a raça Nelore. “Devido à pelagem um pouco mais consistente do Brangus, pulverizamos os animais mais vezes, pois o ataque de parasitas é maior”, afirma.
Fonte: Diário de Cuiabá (por Daniel Pettengill), adaptado por Equipe BeefPoint