A raça Rubia Gallega também deve ser testada no cruzamento com o gado leiteiro para a produção de carne. Aqueles exemplares com baixa produção de leite ou em fase final de lactação podem ser cruzados com a Rubia, produzindo uma excelente quantidade de carne, a exemplo do que já fazem os pecuaristas da Galícia, destacou o diretor técnico da Companhia Integrada para o Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (Cidasc), Gécio Meller.
A idéia é aumentar a renda de pequenos produtores que costumam descartar machos do gado holandês ou fêmeas com baixa produtividade a preços muito baixos. Para o secretário adjunto de agricultura de SC, Renato Broetto, além de auxiliar o Estado no abastecimento do mercado interno, já que hoje SC importa carne bovina, e no melhoramento do rebanho de corte, a iniciativa pode trazer no futuro uma nova alternativa de exportação.
Os detalhes do projeto começam a ser definidos nos dias 28 e 29 de agosto em reuniões técnicas nas secretarias de desenvolvimento regional de São Joaquim e Lages. Uma missão do governo catarinense esteve na Galícia no mês de julho para visitar propriedades e conhecer o controle estatal da genética galega. Na Espanha, os animais rubia gallega são abatidos com menos de dez meses de idade, um resultado ainda distante da realidade brasileira que considera como novilho precoce, animais de 15 a 24 meses.
O convênio de cooperação entre a Xunta da Galícia e governo de Santa Catarina vai ser assinado em setembro, na Espanha, pelo governador Luiz Henrique da Silveira. No projeto Rubia Gallega, o Estado pretende organizar toda a cadeia produtiva da carne, agregando renda às propriedades rurais e frigoríficos, além de acompanhar o processo até que a carne certificada chegue ao consumidor final.
Na viagem do governador para a Galícia, está prevista ainda a doação de três mil doses de sêmen da raça leiteira Frisona (o gado holandês), que depois serão distribuídas aos pequenos produtores de leite de Santa Catarina.
A empresa GMG, que pertence a uma família originária da Galícia, está comercializando o sêmen Rubia Gallega no Brasil desde setembro do ano passado. Nos primeiros três meses foram vendidas 7,5 mil doses para pecuaristas dos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás.
O projeto é acompanhado pelo governo da Galícia, que mantém os principais centros tecnológicos da raça na Espanha. A idéia é cruzar a Rubia Gallega com as raças já existentes no Brasil para melhorar a precocidade dos bezerros, o rendimento de carcaça e a qualidade da carne, além de abrir portas na União Européia para exportação de mais um tipo de carne certificada.
Não serão trazidos animais puros, apenas o sêmen para o cruzamento industrial, já que o governo da Galícia segue padrões rígidos no melhoramento da Rubia Gallega e pretende preservar as características originais da raça.
Os principais reprodutores da raça ficam em uma empresa de economia mista na cidade de Lugo, na Galícia, que faz testes periódicos e exames de genética molecular, desde a qualidade do sêmen que é comercializado no mundo até a carne que é vendida ao consumidor.
Fonte: Diário Catarinense (por Alessandra Mello), adaptado por Equipe BeefPoint