Um dos responsáveis pela queda na demanda por carnes resfriadas e congeladas no mercado brasileiro é o racionamento de energia. Segundo Sérgio de Zen, engenheiro agrônomo do Centro de Pesquisas Avançadas em Economia Aplicada (Cepea) da Esalq/USP, o mercado de carne bovina passa pela desaceleração por conta do racionamento. “A expectativa inicial, de abater 250 mil cabeças a mais de bovinos neste ano em relação a 2000, foi revista para 150 mil animais, o que indica uma desaceleração na demanda pela carne.”
Hélio Toledo, diretor do Sindicato da Indústria do Frio do Estado de São Paulo (Sindifrio), credita o fato a uma mudança no comportamento do brasileiro. “Os consumidores tiveram que desligar os freezers para reduzir o consumo e, com isso, quem fazia estoque em casa passou a ir mais vezes ao supermercado e comprar menores quantidades. Até julho, essa mudança provocou recuo na procura por carnes no mercado, mas a oferta começa a se normalizar.” Segundo ele, após o susto inicial, os frigoríficos têm mantido o mesmo nível de abates do ano passado, devendo fechar o ano no mesmo patamar do ano passado – em torno de 2,7 milhões de cabeças em São Paulo.
Para José Vicente Ferraz, diretor da FNP Consultoria & Comércio, o mercado apresenta-se fraco desde o início do racionamento de energia. Segundo ele, fatores como a valorização do dólar, o “esfriamento” da economia, o aumento da taxa de inflação e a redução do poder aquisitivo dos consumidores também contribuíram para a retração do comércio.
Fonte: Panorama Setorial da Gazeta Mercantil, (por Cibelle Bouças), adaptado por Equipe BeefPoint