Das sete fazendas que foram visitadas pelo grupo, todas têm como comprador o Grupo JBS. Segundo os profissionais, raras são as propriedades que encaminham seus animais para outros Estados, em função do ônus, como frete e impostos (ICMS interestadual).
A Equipe 2 do Rally da Pecuária afirma que há concentração da indústria frigorífica na região do Vale do Araguaia (que se estende do Alto Taquari – divisa de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul a Vila Rica, no sul do Pará). Das sete fazendas que foram visitadas pelo grupo, todas têm como comprador o Grupo JBS. Segundo os profissionais, raras são as propriedades que encaminham seus animais para outros Estados, em função do ônus, como frete e impostos (ICMS interestadual).
Na região, segundo agentes de mercado, a JBS tem quatro unidades em funcionamento (em Confresa, Água Boa, Barra do Garças e Rondonópolis). O Grupo tem, ainda, três fábricas fechadas (Canarana, Nova Xavantina e Vila Rica, esta última a ser reaberta em breve). A Marfrig opera uma unidade em Paranatinga, mas, conforme agentes, a distância é grande e a empresa tem parcerias locais próprias para seu abastecimento de matéria-prima.
De acordo com o presidente do Sindicato Rural de Água Boa, Laércio Fassoni, todos os pecuaristas do município e das outras praças do Vale do Araguaia estão sendo representados pela Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Mato Grosso (Famato) na conversa com os grandes grupos de proteínas para atraí-los à região. Há intensos rumores de que o Frigorífico Marfrig estaria prestes a abrir uma unidade na região, mas nada confirmado.
Na questão de venda para outros Estados, Fassoni informou que há um pleito antigo dos pecuaristas da região em reduzir o ICMS interestadual dos atuais 7% para 3,5%.
Além da concentração da indústria com influência no comportamento dos preços pagos ao produtor, os pecuaristas do Vale do Araguaia enfrentam a concorrência por suas terras, que ficam próximas a áreas indígenas. Na Serra do Roncador, área de Floresta Amazônica que se estende desde o município de Barra do Garças (MT) até a Serra do Cachimbo, no Pará, há 300 mil hectares de aldeias indígenas.
“O que nos salva da concentração de venda dos animais a um frigorífico só (Grupo JBS) é o prêmio que recebemos por sermos da Lista Trace”.A afirmação é da responsável pela rastreabilidade dos animais da Fazenda Brasil, do município de Nova Xavantina (MT), Mara dos Reis Xavier de Andrade. A Lista Trace determina os estabelecimentos rurais habilitados a exportar para a União Europeia. A carne abatida, do rebanho total de 10 mil cabeças da fazenda, integra a cota Hilton, que é o volume exportado ao bloco por preços especiais.
Todos os animais da Fazenda Brasil são identificados e seguem as rigorosas regras de rastreabilidade impostas pela União Europeia. A fazenda produz, ainda, animais da raça angus (meio sangue, já que são misturados com nelore), que são vendidos para o grupo Marfrig. O estabelecimento, inclusive, é associado ao Marfrig Club, programa de fidelidade e relacionamento oferecido para pecuaristas do grupo no fomento à produção da carne angus.
A Fazenda Brasil é também modelo de integração pecuária-lavoura-floresta. Tem áreas para soja, milho, feijão e, no caso da floresta, eucalipto. O estabelecimento é do grupo Agropecuária Fazenda Brasil, de empresários do Rio de Janeiro, do setor financeiro que, no total, tem sete fazendas, com rebanho de 49 mil cabeças de gado.
O Rally da Pecuária, organizado pelas consultorias Bigma e Agroconsult, passará por nove Estados brasileiros, percorrendo cerca de 40 mil quilômetros, onde estão concentrados 75% do rebanho e 85% da produção de carne bovina do País. Nessa edição, ocorrerão também encontros com produtores, além dos eventos já programados.
Fonte: Agência Estado, resumida e adaptada pela Equipe BeefPoint.