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Rastreabilidade: Austrália tem há 30 anos e EUA discute sua implantação – saiba mais sobre o tema para o mercado global

Uma melhor rastreabilidade na pecuária de corte dos Estados Unidos será necessária para competir no mercado internacional e agregar valor ao produto da fazenda à mesa, mas barreiras significantes permanecem para sua adoção. Essas foram as principais mensagens discutidas durante o Congresso Internacional de Pecuária em Denver. A equipe de especialistas era formada pelo vice-presidente de comercialização internacional da JBS, Mark Gustafson, pelo vice-presidente executivo da AgriBeef, Rick Stott, e pelo diretor executivo do grupo Beef Marketing, John Butler. Leann Saunders, do “Where Food Comes From, Inc.”, moderou a discussão.

Saunders disse que, historicamente, a rastreabilidade nos Estados Unidos foi direcionada pelo mercado, com alguns produtores buscando prêmios por “story beef” (carne com história). A descoberta de encefalopatia espongiforme bovina (EEB) nos Estados Unidos e os fechamentos subsequentes nos mercados de exportação do país criaram a demanda por verificação de idade na última década. À medida que os produtores se engajaram na identificação de idade, adicionaram uma verificação de origem e, em alguns casos, uma verificação de processo para agregação de valor.

A lei federal de Rastreabilidade de Doenças Animais (ADP, sigla em inglês) que entrará em vigor em 11 de março, foca exclusivamente em doenças, ao invés da verificação de atributos de valor agregado ou qualificação da carne bovina para exportação. Saunders disse que a abrangência da lei é mais tolerante do que sistemas obrigatórios em prática na maioria de outros países exportadores de carne bovina. Gustafson disse que a maioria dos países tem algum grau de rastreabilidade, com o sistema da Austrália provavelmente sendo o mais sofisticado. Ele comentou que os australianos há 30 anos já debatiam as questões que eles estão debatendo agora. Sem um acordo voluntário, o governo entrou com um programa obrigatório.

O sistema resultante ajudou a tornar a carne bovina da Austrália altamente competitiva internacionalmente. A China, continuou Gustafson, insistirá na rastreabilidade como condição para qualquer acordo eventual para importação de carne bovina dos Estados Unidos. A falta de rastreabilidade poderia se tornar uma barreira comercial não tarifária mais significante para a carne bovina dos Estados Unidos.

Stott disse que a operação da AgriBeef é de cria até a terminação confinamento, com embalagem própria e usa a rastreabilidade animal principalmente para uso interno, buscando melhorar a qualidade da carne e a produtividade. Entre os produtos de marca de carne bovina da companhia, somente um, o “Snake River Farms”, é identificado a nível de varejo como possível de ser rastreado à fazenda. Essa marca vende produtos de carne bovina Wagyu americana e grande parte é exportada. Os varejistas dos Estados Unidos, disse Stott, atualmente não estão pedindo por rastreabilidade nos produtos de carne bovina. Ao invés disso, eles focam em qualidade, consistência e valor.

Butler disse que o Beef Marketing Group (BMG) consiste de 16 confinamentos em Nebraska e Kansas. A rastreabilidade em seu sistema de produção melhora a transparência com os clientes e ajuda a agregar valor. Os programas de rastreabilidade do BMG são voluntários e direcionados pelo mercado, disse ele.

Cada vez mais, os membros da cadeia de produção poderão pressionar os produtores a implementar a rastreabilidade e sistemas de verificação. Butler citou o programa “Farm Check” de auditorias da Tyson, que está em desenvolvimento nesse ano para implementação em 2014 e o programa de auditoria da Whole Foods através do Global Animal Partnership.

Quanto à questão referente ao valor da rastreabilidade e as verificações nos mercados de exportação, Gustafson disse que em alguns casos onde as verificações são requeridas por países importadores, como verificação de idade no Japão e de gado não tratado com hormônios na Europa, os produtores ganharam prêmios sobre os animais qualificados.

Em outros casos, a rastreabilidade pode somente se tornar parte do custo. Ele disse que a JBS uma vez propôs um sistema amplo de rastreabilidade para ser aplicado à carne bovina que a companhia exporta ao Japão. O processo adicionaria 21 centavos por libra (0,450 kg) ao custo da carne bovina exportada e os clientes japoneses disseram eles que não pagariam um preço extra. Se a JBS implementasse o sistema, teria que absorver o custo.

O diretor de esforços de sustentabilidade da BASF, Cristain Barcan, que participou de discussões anteriores sobre o tema, comentou que a rastreabilidade pode ter um papel na melhora da rastreabilidade da carne bovina reduzindo potencialmente a necessidade de grandes recolhimentos de produtos e resultando em perda de alimentos valiosos e de todos os insumos usados para criá-los.

Assista a entrevista com Leann Saunders sobre as tendências nos processos de verificação e fornecimento de mais informações aos consumidores de carne bovina (em inglês):

A reportagem é da Drovers, traduzida e adaptada pela Equipe BeefPoint.

3 Comments

  1. Gerardo Ggena disse:

    Existe já hoje exemplos de rastreabilidade com total sucesso como o de Uruguai que muito bem pode servir de modelo, levando em consideração logicamente às caracteristicas das diferntes regiões e suas adaptações.

  2. Romão Miranda Vidal disse:

    O que os australianos estão aplicando são Protocolos distintos, mas que por razões de ordem geográfica e até climática, não conseguem evoluir em termos de colocar no mercado internacional um “Cesto de Produtos Variados”, como seria, repito seria o caso do Brasil. O Story Beef é na realidade uma rastreabilidade caseira, que se não beira ao ridículo dos apontamentos em um livreto (passapote bovino) não está muito longe disto. Falar em Rastreabilidade agregada de T.I. poderá ser entendida como o caminho que se não estão seguindo, provavelmente o farão. Em função das exigências de Qualidade, Consistência e Valor é o trinômio que todos perseguem, mas muitos não o atingem.No Brasil tudo o que se fala, se falou, se pratica, se praticou, se ilude, se iludiu pecuaristas com a obrigatoriedade de identifciar todos os bovinos existentes, foi um dos maiores estelionatos praticados, com o aval do SISBOV e que beneficiou as tais “certificadoras” e a fábrica de brincos amarelos. Atualmente conta-se nos dedos o número das tais “certificadoras”. Mas voltando ao assunto, o Farm Check, está dentro um dos tripés para a Certificação do Produto Final. Um dos tripés, faltam ainda mais dois.Em relação a idade. A teoria ainda carece de mais resultados advindos do campo e da realidade. A teoria afirma que quanto mais idosa a fêmea, maior o risco de sofrer alterações neurológicas e que a proteina Pryon teria mais possibilidades de causar disturbios neurolóigicos. Hormônios. Para eles é permitido, para nós…
    A Rastreabilidade é algo para quem entende e não para quem pensa que entende. Pode ser considerada como uma especialidade, de competência única e exclusiva de profissionais graduados em Medicina Veterinária. No Brasil até engenheiro mecânico que entende de touro mecânico, se intitula especialista e em condições de certifcar rebanhos bovinos…por estes e outros motivos que a Rastreabilidade no Brasil não é crível ( palavras do Ministro Roberto Rodigues).
    Atenciosamente.
    Médico Veterinário Romão Miranda Vidal

  3. José Ricardo Skowronek Rezende disse:

    Controles melhores e maior transparência ao longo do tempo são cobranças comuns a maioria das atividades econômicas. E alimentos, em especial produtos de origem animal – sobretudo os resfriados e congelados, por envolverem saúde humana, demandam ainda mais cuidados. A rastreabilidade é apenas uma ferramenta para auxiliar nestes controles. Uruguai e Austrália sem dúvida estão mais avançados em seus programas de rastreabilidade em decorrência do peso que as exportações de carnes tem para a pecuária e o PIB destes países. É cuidar de manter e expandir a clientela. Mas o Brasil também tem avançado e deve seguir nesta direção. A GTA eletrônica é outra importante ferramenta em implantação no Brasil. O ritmo do avanço as vezes é mais lento aqui por causa das dimensões do território e rebanho. O mesmo se aplica ao USA. Simplesmente não podemos superestimar ou subestimar a importância da rastreabilidade baseada em identificação individual, Da mesma forma não podemos superestimar ou subestimar a importância de controles individuais na gestão do pecuarista. Precisamos sim abandonar posições passionais e ingressarmos na discussão madura do tema. Que 2013 seja o inicio desta nova fase.