Os frigoríficos goianos que se dedicam à atividade de exportação começam a manifestar preocupação com a demora na implantação da rastreabilidade no Estado. Para o presidente do Sindicato das Indústrias e Carnes do Estado de Goiás (Sindicarne-GO), José Magno Pato, o temor dos frigoríficos é de que, mais uma vez, se deixe tudo para a última hora e a indústria de carne acabe sendo prejudicada nas exportações a partir do segundo semestre.
De acordo com o presidente do Sindicarne, a situação é especialmente delicada em relação à União Européia (UE), que já havia decidido não importar mais carne brasileira sem rastreabilidade a partir do início do ano. “Através de negociações, o Ministério da Agricultura conseguiu que os países europeus aceitassem estender esse prazo até junho, mas com o compromisso de iniciar a implantação do programa em janeiro passado”, diz Magno Pato, acrescentando que até agora o trabalho ainda não saiu dos gabinetes.
Controle
O gerente de exportação do Frigoalta, Marco Garcia, disse ontem que a questão da rastreabilidade é sensível e que uma maior dinâmica na implantação do programa deixaria o setor mais tranqüilo. “Lamentavelmente já é uma tradição brasileira deixar tudo para a última hora. Em outras oportunidades, aconteceu das nossas autoridades engavetarem recomendações ou exigências dos europeus, até que o País era retirado da lista de fornecedores de carne, aí era aquela correria para se tentar apagar o incêndio. Espero que dessa vez não aconteça o mesmo”, diz Garcia.
De acordo com o dirigente do Frigoalta, a rastreabilidade de processos já existe na indústria frigorífica brasileira, há cerca de cinco anos, mas agora a União Européia exige a rastreabilidade no campo, isto é, em relação ao animal destinado a abate. “Precisamos estar cada vez mais atentos à grande importância que o mundo dá hoje à questão da sanidade animal. Os europeus ficaram traumatizados com o problema da “vaca louca” e não vão esquecer facilmente essa experiência”, diz.
Segundo Garcia, a importância que a União Européia dá ao caso pode ser medida pela súbita mudança até nos critérios de avaliação das condições sanitárias dos seus fornecedores. “Hoje os inspetores europeus, ao nos fazerem suas visitas de rotina, não demonstram tanta preocupação com a sala de abate ou de desossa, mas com a graxaria. Querem saber minuciosamente com são tratados os rejeitos”, diz, lembrando que o mal da “vaca louca” se alastrou a partir de rações fabricadas com sangue e farinha de osso.
Fonte: O Popular/ GO, adaptado por Equipe BeefPoint