Duas empresas da Região Sul: Planejar, de Porto Alegre, e Instituto Genesis, de Londrina (Norte do Paraná), entram oficialmente, na próxima quinta-feira (01/08), em um mercado com potencial de movimentação de R$ 700 milhões até 2007 e, a partir daí, R$ 180 milhões anuais: a rastreabilidade e certificação do rebanho bovino brasileiro.
O Sistema Brasileiro de Identificação e Certificação de Origem Bovina e Bubalina (Sisbov), lançado no início do ano pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), estipula 1º de agosto como data inicial para a exigência de rastreabilidade e certificação dos animais abatidos no Brasil para a exportação da carne à União Européia. As exigências do Sisbov são gradativas e vão até dezembro de 2007, quando todo o rebanho bovino brasileiro deverá estar no sistema de monitoramento.
O Brasil possui o maior rebanho comercial do mundo: 170 milhões de cabeças. Como o custo para rastrear cada animal é de aproximadamente R$ 4, o mercado vislumbra a movimentação de R$ 680 milhões, além de outros R$ 180 milhões anuais para inserir no sistema os 44 milhões de bezerros que nascem anualmente.
Segundo a Associação Brasileira de Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), 46% das exportações brasileiras em 2001 foram destinadas à União Européia, que exige a certificação. Foram 146 mil toneladas, que renderam divisas de US$ 380 milhões ao País. As exportações totais de carne somaram US$ 820 milhões.
Há quatro empresas habilitadas pelo ministério para fazer a certificação: as duas do Sul e duas sediadas em São Paulo (SBC e Brasil Certificações). Até agora, segundo dados das próprias empresas, apenas 225,5 mil animais (0,13% do rebanho nacional) estão identificados.
“Mas há uma demanda muito grande e, a partir de agosto, devemos ter 150 mil animais ingressando no sistema por mês, apenas por meio da nossa empresa”, prevê o diretor corporativo da Planejar, Luciano Médici Antunes, sociedade entre o grupo Rede Brasil Sul (RBS), gigante do setor de comunicações no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, e três empresários gaúchos.
A empresa já investiu R$ 2,5 milhões e dobrará esse valor até 2004 para atuar na rastreabilidade bovina. “Vamos aproveitar esse momento para vender a rastreabilidade integrada à gestão da propriedade rural”, diz Antunes. A Planejar possui escritórios em Porto Alegre e São Paulo e representantes nos principais centros pecuários do Centro-Oeste: Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Goiás.
O Instituto Genesis, de Londrina, é a única das certificadoras credenciadas que pertence ao terceiro setor. Não é uma empresa, mas uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Ocip), entidade sem fins lucrativos. Foi criado em 1997, para a certificação de origem da produção animal e vegetal. Possui filiais nos nove principais estados produtores (Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Distrito Federal e Minas Gerais) e está abrindo unidades em Pará e Rondônia. Desde 1999, tem um escritório de relacionamento internacional instalado em Hamburgo (Alemanha), principal porto de entrada de commodities na Europa e, ainda este ano, abrirá um segundo, no Oriente. A escolha ficará entre Japão e China.
Sem revelar o investimento no programa, o presidente do Conselho de Administração, Henrique Victorelli Neto, diz que a meta do Instituto Genesis é certificar 50% do rebanho nacional. “Temos o know-how necessário e já treinamos mais de 800 técnicos em todo o País”, diz.
Nota da Equipe BeefPoint: Existem atualmente 6 empresas credenciadas pelo MAPA, 4 já foram citadas neste texto, além de Biorastro e OIA, credenciadas semana passada em Brasília.
A identificação, rastreabilidade e certificação de animais dentro das normas do SISBOV já está sendo feita oficialmente desde 1o de Julho deste ano. Em 1o de Agosto, essa certificação será necessária para toda carne a ser exportada para a Europa.
Fonte: Gazeta Mercantil (por Valmir Denardin), adaptado por Equipe BeefPoint