Uma informação que chama atenção em uma recente notícia do Giro do Boi do BeefPoint (EUA: USMEF discute rastreabilidade, 13/11/02) é que no Japão, apesar de 78% dos consumidores não confiarem no conteúdo dos rótulos dos alimentos, 92% tem o costume de lerem os mesmos. Na mesma notícia é citado um estudo da Universidade do Kansas (EUA) que detectou que os consumidores consideram a rastreabilidade como parte de um pacote de proteção esperado na compra de produtos. Além disso, os consumidores dizem esperar que produtos com compostos nocivos à saúde sejam identificados e isolados.
Com toda certeza, se estas questões forem formuladas em qualquer país do mundo, claro incluindo o Brasil, as respostas não serão muito diferentes. Deve ser chamada a atenção que no caso do Japão, o baixo grau de confiabilidade está relacionado a rótulos com informações falsificadas intencionalmente. Isso mostra que a preocupação com a segurança alimentar e a com a credibilidade das informações devem ser componentes essenciais nas cadeias de produção de alimentos. Nesse aspecto, devem ser incluídos também alimentos para animais que nos fornecem seus produtos, tanto para atender à crescente preocupação com o bem estar dos mesmos, como para evitar que qualquer composto nocivo à saúde chegue seja ingerido pela população.
A razão das considerações acima está relacionada sobre o que anda acontecendo com a rastreabilidade na cadeia da carne bovina, assunto várias vezes abordado nesse espaço. Embora difícil de acreditar, parece que uma grande parcela dos que mais ganham com as exportações de carne bovina se mostram os menos interessados em implantar procedimentos que dêem confiabilidade à certificação na cadeia da carne bovina. Parece que será necessária uma ameaça real ou mesmo uma suspensão temporária das importações pelos países que estão exigindo uma certificação de acordo com as normas estabelecidas, para que os componentes da cadeia da carne bovina brasileira cheguem a um denominador comum quanto ao cumprimento dos procedimentos necessários a uma certificação confiável.
Um aspecto alentador é que as alianças mercadológicas, estabelecidas entre produtores, frigoríficos, e ou cadeias de comercialização (supermercados, casas de carne e restaurantes especializados), estão começando a mostrar sinais reais de viabilidade. No caso dessas alianças é fundamental a marca e sua credibilidade, que por sua vez precisam ser suportadas pela certificação confiável que permita a rastreabilidade de toda a cadeia. Esse fato está sendo muito bem absorvido pelos atores dessas alianças e os resultados positivos já começam a aparecer. Os pontos positivos que produtores australianos estão encontrando na participação como fornecedores em alianças (ver notícia de 14/11/02 nesse site), devem servir de estímulo aos produtores brasileiros em procurar incentivar a criação e em participar de alianças mercadológicas. Nossa esperança é que essas alianças ocupem cada mais espaço, e que além do mercado interno, passem a participar de maneira crescente das exportações, porque elas servirão para aumentar o grau de confiabilidade dos consumidores brasileiros e estrangeiros na cadeia da carne bovina brasileira.
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O processo indispensável para manter a credibilidade, seria fazer funcionar os orgãos de controle fitosanitários já existente em nosso país, como as casas da agricultura no estado de São Paulo, como o Iagro no Matogrosso do Sul, como os orgãos de controle sanitário nos frigorificos. Eu pergunto, para que serve tudo isto? Nós como pecuaristas, cumprimos todas as exigências quanto as vacinas e demais tratos que nos são impostas pela legislação brasileira.
Como podemos ficar com nossas atividades a mercê de grandes empresas que visam lucros exorbitantes para simplismente dar um atestado confirmando aquilo que sempre viemos fazendo, e que sabemos fazer muito bem.
Quem paga esta conta? É mais uma das burocracias que nos faz desanimar.