A liberação da entrada no estado de São Paulo de animais vivos para abate e de carne com osso originados do Mato Grosso do Sul e do Paraná, a partir de hoje, começa a mudar a rotina dos grandes frigoríficos paulistas, que alteraram suas atividades desde o anúncio de focos de aftosa em Eldorado (MS) em 10 de outubro.
Com os embargos totais ou parciais decretados por 49 países, a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec) estima perdas de US$ 300 milhões nos embarques de carne bovina.
Hoje, a fábrica do Frigorífico Independência, em Cajamar (SP), volta a desossar carne vinda do Mato Grosso do Sul. Na próxima segunda-feira, o grupo Minerva retoma os abates da planta de José Bonifácio (SP), suspensos desde o início de outubro. Segundo o presidente do Minerva, Edvar Vilela de Queiroz, a unidade vai abater diariamente cerca de 600 animais, correspondentes a 75% da capacidade produtiva. No último dia 14, o Minerva retomou a desossa de carne em José Bonifácio.
Devido aos embargos da União Européia ao Mato Grosso do Sul, a São Paulo e ao Paraná, toda a produção de carne com destino ao bloco está concentrada na unidade de Palmeira de Goiás (GO), enquanto os embarques para a Rússia, que serão retomados em José Bonifácio, estavam concentrados em Barretos (SP) e em Goiás. Segundo Vilela, as exportações do Minerva deverão ultrapassar US$ 350 milhões este ano, com queda de 12,5% ante a estimativa inicial e alta de 40% em relação a 2004.
O Frigorífico Bertin informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que vai avaliar os impactos da abertura de São Paulo ao gado do Mato Grosso do Sul e do Paraná, antes de decidir se altera ou não a produção dos frigoríficos. Já o Grupo Friboi optou por não reordenar a produção de carne, segundo o diretor financeiro, Sérgio Longo. O Friboi vai manter a produção de carne “in natura” para o mercado interno em Campo Grande, e de carne industrializada para exportação nas plantas no estado de São Paulo. Os embarques de carne “in natura” maturada são abastecidos pelas unidades de Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais e Rondônia.
Na avaliação de Ênio Marques, da MP Consultoria, o remanejamento recente de produção dos frigoríficos está promovendo um aumento na capacidade de oferta para exportação, à medida que novas plantas passam a integrar a infra-estrutura para embarques. “Daqui a um ano, a capacidade exportadora brasileira terá aumentado de 10% a 15%”, diz.
Os abates mensais de bovinos, certificados pelo Serviço de Inspeção Federal (SIF), no Mato Grosso do Sul tiveram queda de 55% em outubro, de 323.133 para 144.683 animais, segundo a Superintendência Federal Agricultura (SFA) do estado.
Fonte: Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados (Por Chiara Quintão), adaptado por Equipe BeefPoint