Pernambuco exporta tecnologia, mas ainda está de porteiras fechadas para comercializar seu rebanho fora do Circuito Nordeste, integrado por sete estados da Região, com exceção de Sergipe e Bahia. O circuito é considerado como área de risco desconhecido em incidência de febre aftosa, impedindo o trânsito de animais para outras regiões do Brasil. O mercado de leilões, que deve movimentar este ano R$ 3,5 milhões no Estado, poderia ampliar em 100% o faturamento, caso as fronteiras fossem liberadas.
Completando 60 anos de história, a Exposição Nordestina de Animais não vive um bom momento. A feira, que já foi considerada a terceira maior do Brasil, vem perdendo posição a cada ano. “Cerca de 15 estados já chegaram a participar do evento, e agora esse número se resume a sete”, lamenta o presidente da Sociedade Nordestina de Criadores (SNC), que organiza a exposição, José Barbosa. Ele explica que pecuaristas de áreas livres de aftosa podem trazer os animais, mas estão proibidos de voltar com eles. “É um risco que ninguém quer correr, porque o fechamento de negócios é imprevisível”, completa Barbosa. A expectativa da exposição, que se estende até domingo, é manter o faturamento do ano passado, movimentando R$ 4 milhões.
O Estado tem hoje cerca de 1,3 milhão de cabeças de gado e 98 mil criadores, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A pecuária responde por 36% do PIB pernambucano, perdendo apenas para a cana-de-açúcar. O secretário adjunto da Secretaria de Produção Rural e Reforma Agrária (SPRRA), Gabriel Alves, adianta que, no próximo dia 13, secretários do Nordeste se reúnem em Maceió, com representantes do Ministério da Agricultura e Abastecimento (MAA) para lançar oficialmente o Circuito Nordeste. O prazo para erradicação da aftosa do MAA para a Região é otimista. O Governo Federal reduziu a meta de 2005 para 2003.
O secretário garante que 60% do cadastramento dos produtores já foi concluído e que a erradicação da aftosa em Pernambuco deve estar alinhada com o combate nos demais estados em área de risco desconhecido. “Investimos cerca de R$ 1,2 milhão/ano na área de defesa agropecuária e estamos criando uma agência para dar mais agilidade à condução do programa de combate à aftosa. Há 45 meses não registramos nenhum caso da doença”, destaca Alves, que também ressalta o trabalho da Secretaria, a qual conta com uma equipe de 150 pessoas para fiscalizar as fronteiras.
Os produtores se queixam que o número é insignificante para fazer o controle adequado e evitar a entrada de animais contaminados. O secretário-adjunto diz que, até agora, Pernambuco não recebeu nenhum repasse do Governo Federal. No ano passado, os recursos somaram R$ 400 mil. Para 2001, a Secretaria é mais otimista, acreditando que R$ 1,5 milhão vão aportar nos cofres da produção rural. O orçamento da SPRRA em 2000 foi de R$ 78 milhões.
Movimentação de capital
A LeiloNorte, terceira maior produtora de leilões do Brasil, espera movimentar R$ 33 milhões com a realização de 120 pregões, este ano, em oito estados nordestinos. Só em Pernambuco, onde a empresa baiana realiza 17 leilões/ano, a idéia é faturar R$ 3,5 milhões. A companhia é responsável pela coordenação de oito dos nove leilões programados para a 60ª Exposição Nordestina de Animais. A expectativa é fechar R$ 1,6 milhão em negócios com as melhores raças de bovinos, caprinos, ovinos e eqüinos. Cerca de 5 mil animais estão na feira.
Fonte: Gazeta Mercantil (por Adriana Guarda), adaptado por Equipe BeefPoint.