O agropecuarista Wilson Brochmann, gaúcho de Erechim, é comendador. O reconhecimento do proprietário da Agropecuária Maragogipe (Camaquã) foi conquistado no encerramento do Congresso Mundial do Limousin, realizado em julho, em Calgary (Canadá). O criador Louis de Neville, disseminador da raça nos 29 países onde é criada e representante do governo francês, concedeu, no dia 6, comendas a seis personalidades do mundo que colaboraram para a disseminação da genética Limousin.
Uma delas foi entregue ao agrônomo formado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) em 1973, quando também assumiu a coordenação da implantação do projeto de pecuária de corte da família, em uma fazenda em formação no município de Itaquiraí (MS). Dois outros brasileiros foram agraciados: Luiz Meneghel Neto e Marcelo Turquino Vezozzo. Os demais são do Canadá, dos Estados Unidos e da China. “Fiquei surpreso e emocionado. Isso representa o reconhecimento pelo trabalho que realizamos em quase três décadas no Brasil”, disse Brochmann, ex-presidente da associação gaúcha de criadores da raça e atualmente presidindo a brasileira.
O trabalho da Maragogipe é marcado por dois momentos importantes e distintos na área de pecuária. A partir de 1980, o foco foi centrado no cruzamento industrial em Mato Grosso do Sul, usando o Limousin sobre o Nelore. Linha a ser seguida a partir da inseminação das vacas Nelore, em 1977. Brochmann lembra que enfrentou a forte oposição dos produtores do Brasil Central, que não utilizavam nem acreditavam na inseminação artificial para otimizar cruzamentos industriais do Zebu com raças européias.
Apesar disso, levou escondido sêmen de reprodutores de cinco raças européias para Mato Grosso do Sul. Com o nascimento dos animais cruzados, lembra Brochmann, teve início um projeto de acompanhamento e análise, que apontou o Limousin como parceiro ideal para o zebu brasileiro. Atualmente, as quatro filiais de Mato Grosso do Sul somam um plantel de sete mil matrizes. O sistema de cria, recria e terminação dos animais é feito nas fazendas Maragogipe e Porto Alegre (Itaquiraí), enquanto na Erechim e na Souza Cuê (Iguatemi/MS), tudo é direcionado para a terminação. Integrando lavoura e pecuária, também são cultivados mil hectares de cana-de-açúcar. Os exemplares terminados no período de julho até novembro são no sistema de semi-confinamento.
O plantel de Limousin PO só foi formado a partir de 1990, quando Brochmann percorreu os melhores criatórios da França, do Canadá, dos EUA, da Escócia e da Inglaterra em busca de reprodutores, matrizes e genética. Nestes 21 anos, a Agropecuária Maragogipe fez pesquisas, investiu em material genético e profissionalizou sua equipe. Os resultados não demoraram a aparecer. Em pouco tempo, a cabanha conquistou prêmios e campeonatos nas principais feiras e exposições do Brasil. Seus animais muitas vezes foram valorizados a preços que até hoje são recordes nos maiores eventos da pecuária de corte brasileira.
Hoje, na Fazenda Querência, em Camaquã, o plantel da Maragogipe é de 700 animais PO (400 fêmeas e 300 machos). Isso depois de ter registrado mais de 1,5 mil exemplares nascidos em 11 anos. Muitos dos animais produzidos na cabanha já entraram para a história da pecuária brasileira como, por exemplo, a novilha Maragogipe Flambeau, negociada na Expointer de 1997 por R$ 96 mil, preço recorde na história da mostra. Também é da Maragogipe o primeiro reprodutor da raça arrematado via Internet no Brasil. Maragogipe Hércules teve 50% de seu passe comprado por R$ 49 mil pela Central Lagoa da Serra, na Expointer 2000, por meio de lances realizados no clicRBS.
Estratégias de venda na Expointer
A Expointer 2002 não verá preços estratosféricos nos leilões de Limousin, como os que marcaram os últimos quatro anos da mostra. A Agropecuária Maragogipe não participará da feira, porque no mesmo período se realizará a exposição nacional da raça, em Uberlândia (MG), que conta pontos para o ranking.
Isso também impedirá a presença de compradores de fora do Estado em Esteio. No entanto, o presidente da Associação dos Criadores de Limousin do Rio Grande do Sul, Fernando Picoral, não acredita em prejuízo e até anuncia a estratégia da entidade para driblar a ausência dos grandes criadores.
Pela primeira vez nesse evento, o leilão da raça vai ofertar 40 touros rústicos, com um sistema diferenciado no Rio Grande do Sul: o valor pré-fixado. Os exemplares serão apresentados nas categorias ouro, platina e diamante, com o valor máximo determinado na hora da venda. Por exemplo, o macho valorizado como ouro terá o preço máximo de R$ 2,5 mil e será vendido para o investidor que primeiro chegar a este valor. O platina valerá R$ 3 mil, e o diamante, R$ 3,5 mil. “Os preços altos afugentavam os investidores. Nosso leilão deste ano será dentro da realidade da pecuária gaúcha”, diz Picoral.
O dirigente também garante que será batido o recorde em participação de criadores e animais. Ele acredita que 14 proprietários estarão em Esteio (foram 11 em 2001). O número de exemplares pulará de 75 para 130 (contando os rústicos). Um expressivo crescimento de 73%.
Fonte: Zero Hora/RS (por Jorge Correa), adaptado por Equipe BeefPoint