A maioria dos artigos publicados neste radar têm tratado da produção de gramíneas forrageiras tropicais, principalmente devido ao seu elevado potencial de produção nas condições do Brasil tropical. Em algumas regiões do País, no entanto, as gramíneas temperadas têm sido bastante utilizadas, proporcionando bons níveis de produção animal.
Pilau et al. (2002) avaliou o desenvolvimento de bezerras de corte em pastejo contínuo de aveia e azevém na Universidade Federal de Santa Maria. O experimento foi desenvolvido no período de junho a novembro de 2001 e foi avaliado o desempenho produtivo de bezerras de corte sob diferentes disponibilidades de forragem (1200 e 1500 kg MS/ha), e com ou sem suplementação energética (0,7% do peso vivo de grão de sorgo moído fornecido diariamente). Foram utilizadas bezerras com cerca de 8 meses e 165 kg de peso inicial. Os seguintes dados foram avaliados: ganho médio diário (kg/animal.dia), ganho de peso vivo por área (kg/ha) e carga animal (kg de peso vivo/ha) (Tabela 1). Não foi observado efeito da disponibilidade de forragem sobre o ganho médio diário e o ganho de peso vivo por área. A produção por área e o ganho médio diário foram maiores para os animais recebendo suplementação. A maior carga animal foi observada no tratamento de disponibilidade de forragem baixa com suplementação. Os autores concluíram que a redução na massa de forragem de 1500 kg/ha para 1200 kg/ha não interferiu na produtividade e que o uso de suplementação para animais em pastejo de aveia e azevém permitiu maior ganho individual e maior carga animal na área.
Tabela 1: Valores de ganho médio diário (kg/animal.dia), carga animal (kg PV/ha) e de ganho de peso vivo por ha (kg PV/ha) de bezerras de corte sob disponibilidade de forragem baixa sem suplementação (DFB), disponibilidade de forragem alta sem suplementação (DFA), disponibilidade de forragem baixa com suplementação (DFBS) e disponibilidade de forragem alta com suplementação (DFAS) em pastagens de aveia e azevém.
Comentário dos autores: o desempenho animal em pastagens está diretamente relacionado com a massa de forragem disponível. Em áreas sob pastejo contínuo (os animais permanecem na mesma área por várias semanas ou meses), o aumento da massa de forragem disponível irá determinar um melhor ganho de peso individual até que seja atingido um ponto crítico; a partir deste ponto, o aumento da quantidade de forragem não trará vantagens em termos de desempenho animal. De modo geral, uma disponibilidade de forragem acima do ponto crítico não é vantajosa, pois, além de não garantir um melhor ganho de peso dos animais, vai determinar uma redução na eficiência de pastejo. As interações existentes entre os diversos componentes de um sistema de produção a pasto (clima, solo, planta, animal), no entanto, tornam a determinação deste ponto crítico bastante complexa. Mudanças na qualidade e arquitetura das plantas devido à maturidade ou adubação, por exemplo, podem determinar respostas diferentes em termos de desempenho animal e, consequentemente, mudanças no ponto crítico. O trabalho de Pilau et al. (2002) mostra que a redução da massa de forragem de 1500 para 1200 kg MS/ha em áreas de aveia e azevém não irá prejudicar o desempenho animal. Estes valores podem ser tomados como referência, porém, lembrando-se sempre de que eles devem ser ajustados às condições em que serão adotados na prática.
Pialu, A.; Rocha, M.G.; Restle, J.; Freitas, F.K.; Quadros, B.P.; Macari, S. Recria de bezerras de corte em pastagens de aveia preta (Avena strigosa Schreg.) mais azevém (Lolium multiflorum Lam.) (compact disk). In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 39, 2002, Recife, Anais… Recife:SBZ. 2002.