No artigo “Custo de recuperação e reforma de pastagens degradadas“, publicado neste radar em 04/04/03 foi feita uma comparação entre reforma e recuperação de áreas degradadas. De modo geral, a recuperação do pasto pela correção da fertilidade e pela melhoria do manejo são mais interessantes do ponto de vista econômico. No entanto, em áreas com elevada infestação por plantas invasoras de difícil controle, a reforma de pastagens é a alternativa mais indicada.
A boa formação do pasto é essencial para o sucesso de sistemas de produção animal em pastagens. Dentre as causas de insucesso na implantação de pastagens, pode-se citar: métodos incorretos de semeadura; espécies forrageiras inadequadas; tipo de solo inadequado; uso de sementes de baixa qualidade; equipamentos para semeadura mal regulados ou inadequados; época do ano em que é feito o plantio; pragas e doenças; falta de umidade no solo; cobertura insuficiente da semente; cobertura demasiada da semente; formação de crostas no solo; falta de corretivos e fertilizantes; drenagem insuficiente; e presença de plantas invasoras.
A aquisição de uma boa semente é um dos primeiros passos para uma boa formação do pasto e seu custo é relativamente baixo frente ao custo total de implantação do pasto (ver artigo “Custo de recuperação e reforma de pastagens degradadas“). Apesar disso, de modo geral, os pecuaristas escolhem a semente apenas com base no preço (R$/kg), sem considerar suas características qualitativas. As principais características a serem observadas no momento da escolha de um lote de sementes são: custo; pureza; presença de sementes de plantas daninhas; contaminação por outras espécies ou cultivares; germinação; e valor cultural. Infelizmente, algumas destas características só podem ser determinadas em testes feitos por pessoal especializado em um laboratório de sementes.
Segundo os critérios estabelecidos pelo Ministério da Agricultura, todo lote de sementes comercializado no Brasil deve, obrigatoriamente, vir acompanhado do resultado da análise. Esse resultado, portanto, deve ser disponibilizado aos clientes pelas empresas de sementes. Além disso, devido à importância da qualidade da sementes para o sucesso da formação do pasto e ao risco de fraudes no resultado de análise apresentado, o produtor deve enviar amostras do lote adquirido a laboratórios idôneos, confirmando, assim, os resultados apresentados.
A amostragem do lote de sementes (Brasil, 1982) pode ser feita com o auxílio de “amostradores” simples (cilindro afilado com abertura oval próxima à extremidade mais fina e uma abertura no cabo para retirar as sementes) ou duplos (dois cilindros ocos, um dentro do outro, com uma extremidade afilada e com aberturas iguais que podem ser justapostas por rotação dos cilindros) ou manualmente. A amostragem manual é a mais recomendada para as sementes das espécies forrageiras mais comercializadas (Panicum e Brachiaria). O número mínimo de amostras a ser coletado, no caso de sementes ensacadas, é:
– Lotes de até 5 sacos: coletar 5 amostras simples em cada saco e misturar formando uma amostra composta que será enviada ao laboratório
– Lotes de 6 a 30 sacos: coletar uma amostra simples de cada 3 sacos e não menos que 5 amostras simples para formar a amostra composta a ser enviada ao laboratório
– Lotes de 31 a 400 sacos: retirar uma amostra simples de cada 5 sacos e não menos que 10 amostras simples para formar a amostra composta a ser enviada ao laboratório
– Lotes de 401 ou mais sacos: retirar uma amostra simples de cada 7 sacos e não menos que 80 amostras simples para formar a amostra composta a ser enviada ao laboratório
As amostras devem ser identificadas e enviadas ao laboratório de análise de sementes. A embalagem utilizada para acondicionar as sementes deve ser de material resistente a fim de evitar danos durante o transporte.
Bibliografia
Brasil (1992). Regras para análise de sementes. Ministério da Agricultura.