A Fazenda Ana Paula, da cidade gaúcha de Bagé, na região da Campanha, volta ao mercado de carnes bovinas selecionadas a partir deste fim de semana, em parceria com o Grupo Sonae. A empresa agropecuária, que estava com produção paralisada há 90 dias, fornecerá a matéria-prima para o Sonae, que se responsabilizará pelo abate e venda da carne, inicialmente somente no Estado, nos hipermercados Big e supermercados Nacional.
A Ana Paula seguirá encaminhando para o abate apenas animais de raças britânicas super-precoces, com idades entre 8 e 18 meses, garantindo ao consumidor um produto 40% mais macio.
No retorno ao mercado, serão fornecidas, inicialmente, 100 toneladas mensais, volume avaliado em cerca de R$ 500 mil. Neste primeiro momento, 50% da carne será de animais da Ana Paula e o restante de 48 das 70 estâncias gaúchas parceiras. Em um prazo de, no máximo, dois anos, a intenção é atingir 500 toneladas mês. “A participação da Ana Paula deve cair para 15%”, espera o diretor da fazenda, Martim Luiz Teixeira da Luz. Conforme o contrato, por 10 anos a marca Ana Paula poderá ser comercializada apenas pela Sonae, que pagará aos produtores um preço por animal 4% superior ao de mercado.
Há dois anos no mercado com a marca, a Ana Paula teve de interromper temporariamente os seus abates por não conseguir fornecer, sozinha, matéria-prima suficiente para atender uma escala industrial. Com isso, também precisou fechar uma unidade que trabalhava na desossa da carne em São Leopoldo, na Grande Porto Alegre, planta que hoje está arrendada. “Assim, nos dedicamos somente ao que melhor sabemos, que é produzir bem. Também manteremos o controle sobre a nossa cadeia integrada, que são os produtores associados, além de manter o controle de qualidade”, diz Luz.
Outra tarefa da empresa agropecuária será a de repassar genética para os associados e controlar o cronograma de oferta de gado, para evitar excesso de oferta em uma mesma época. No último leilão da propriedade, todas as mil vacas postas à venda foram adquiridas pelos pecuaristas integrados. O plantel da Ana Paula gira hoje em torno de 14 mil cabeças, basicamente das raças Aberdeen Angus e Hereford.
Para o diretor comercial do Sonae, Manoel Araújo, a idéia é agregar valor ao produto, para garantir uma boa colocação no mercado. “Estaremos oferecendo a melhor carne no Brasil. A pecuária gaúcha representa entre 10% e 15% da nacional e, se não tiver uma diferenciação, não vai ter competitividade”, entende Araújo, lembrando que, além de peças para churrasco, marca registrada da Ana Paula, também chegam às gôndolas cortes de dianteiro. Os preços no varejo, garante, “serão entre 10% e 15% menores” ao que o consumidor encontrava antes da parceria. Em relação à qualidade do produto, a principal preocupação é a maciez. “Temos uma pesquisa mostrando que, quando se fala em qualidade, 93% dos consumidores querem maciez”, revela o diretor da fazenda.
Outra meta do Sonae é, até o final do ano, também ingressar com os produtos da marca nos mercados catarinense, paranaense e paulista. Nos quatro estados, o grupo controla 166 pontos entre supermercados, atacados e hipermercados. A Ana Paula, que exportava para o Chile antes da volta da febre aftosa ao Rio Grande do Sul, ano passado, também projeta vendas para outros países. A rastreabilidade dos animais de todos os pecuaristas integrados, segundo Luz, será uma realidade “em poucos meses”.
Fonte: Gazeta Mercantil (por Caio Cigana), adaptado por Equipe BeefPoint