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Redução do impacto ambiental da pecuária pelo aumento da produtividade (vídeo, slides e artigo)

Este artigo exibirá a possibilidade de reduzir o impacto ambiental por meio da implantação de tecnologias que aumentam a produtividade das fazendas utilizando menos recursos.

Este artigo exibirá a possibilidade de reduzir o impacto ambiental por meio da implantação de tecnologias que aumentam a produtividade das fazendas utilizando menos recursos.

Há um desafio futuro a ser enfrentado pelo agronegócio brasileiro pois de acordo com as estimativas da FAO, em 50 anos a população mundial demandará 100% mais alimentos, sendo que 70% destes alimentos deverão vir de tecnologias que aumentem a produtividade por não existir terra suficiente para se expandir a produção demandada.

As exigências são cada vez mais crescentes em todos os sentidos. Primeiro o fornecimento de alimento tem que ser abundante e com custos acessíveis a toda população mundial. Além disso, a segurança dos alimentos não é mais um diferencial e sim um padrão para todo tipo de produção que quer fazer parte do mercado. Para completar, vem a questão da sustentabilidade que visa evitar o impacto causado pela produção no ecossistema.

Trabalhando a fim de reduzir os impactos causados pela pecuária é que se vê uma oportunidade nas tecnologias que melhoraram a produtividade agropecuária. O Brasil é o único país que tem capacidade de abastecer a demanda mundial por alimentos uma vez que tem áreas agricultáveis disponíveis e áreas com baixa produtividade porém com capacidade de aumentá-la.

O problema da baixa produtividade nas propriedade é ocasionado em partes por causa da sazonalidade na produção. Grande parte do sistema produtivo é baseado na quantidade de cabeças que é possível ser colocada no pasto na época da seca. Por tanto, como é baseado na época de mínima lotação, há um desperdício em boa parte do ano quando a produção poderia ser maior. Quando isso acontece, o gado é terminado muito tardiamente pois perde peso na seca precisando ficar mais tempo no pasto para recuperar o peso perdido.

A vantagem diante disso é que existe tecnologias capaz de influenciar no aumento de lotação e incremento de desfrute. Através de uma simulação vemos que, conforme o grau de tecnificação da fazenda aumenta, a taxa de desfrute acompanha esse aumento e a consequência disso é que, quanto mais tecnologias forem implantadas no sistema, mais eficiente ele será, ficando o animal menos tempo no pasto, utilizando menos recursos para sua criação, podendo até diminuir a área utilizada para a atividade.

As tecnologias que podem ser usadas para gerar melhorias no sistema são:

– Programa de mineralização
– Sal proteinado para recria
– Sal proteinado para matrizes
– Rotação de pastagens
– Seleção/Descarte sistemático
– Adubação de pastagens
– Suplementação volumosos na seca
– Terminação em confinamento

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A partir do momento que o produtor escolhe fazer a rotação de pastagens que permite o melhor aproveitamento desse pasto e a adubação das pastagens e/ou a suplementação parcial ou total na seca, aí sim ele começa ganhar em lotação. A implantação dessas tecnologias possibilita ao produtor que coloque mais animais na mesma área, multiplicando o efeito do desfrute. Como resultado dessa simulação, observou-se que o incremento de lotação pode atingir até 350%. Agora, se todas as tecnologias expostas forem somadas, o incremento de desfrute atingiria os 55%, ou seja se hoje abate-se 40 milhões de cabeças/ano, admitindo-se todas as tecnologias, abateríamos 60 milhões de cabeças/ano.

Existe ainda outra tecnologia que ajuda na redução do impacto ambiental, caracterizada pela manipulação da fermentação ruminal com uso de aditivos (Ex. Ionóforos) que alteram o processo de fermentação no rúmen, disponibilizando mais energia ao animal e ao mesmo tempo diminuindo a produção de metano em até 25%. O uso do aditivo promove também:
– Redução da ingestão em até 4% sem reduzir desempenho.
– Redução da quantidade de esterco
– Diminuição da degradação da proteína no rúmen
– Melhor aproveitamento da proteína da dieta em até 3,5%
– Redução das perdas de nitrogênio
– Diminuição da quantidade de proteína fornecida para atender as necessidades dos animais

Pesquisas americanas avaliam a quantidade de gases de efeito estufa que é produzida por quilo de carne bovina comparando três sistemas diferentes: Criação convencional com grãos, criação natural com grãos e criação orgânica (totalmente a pasto). O resultado foi que, o gado alimentado com grãos emite 38% menos gases de efeito estufa do que o gado alimentado a pasto, ou seja os métodos convencionais com uso das tecnologias disponíveis auxiliam na redução total de emissão de gases de efeito estufa comparados aos métodos a totalmente a pasto.

Ainda nos EUA, um estudo foi direcionado à produção leitera. Foram avaliados os dados de produção total de leite e o número total de vacas necessárias para tal produção em 1944 e em 2007. Os resultados foram: Com 25,6 milhões de vacas produziu-se 53 bilhões kg de leite em 1994; com 9,2 milhões de vacas produziu-se 84 bilhões de kg de leite em 2007. O estudo comprovou que o uso de novas técnicas e métodos modernos de cultivo pode, agora, produzir 58% mais leite com 64% menos vacas.

Resolveu-se então fazer uma simulação de qual seria o impacto, no caso de aumentar para 4,5 kg de leite a produção de 1 milhão de vacas. e o efeito foi a redução no impacto ambiental em 9% a.a. Transformando esse número em outras unidades vemos que:

– Seriam necessários 334.000 animais a menos (182.500 vacas; 151.500 novilhas) para atender a demanda, portanto:
– seriam necessárias 2,5 milhões de toneladas de alimentos a menos
– 218.530 hectares a menos em lavouras

– Seria economizado o suficiente de:
– combustível para aquecer 15.700 casas
– eletricidade para abastecer 14.600 casas
– água para abastecer 9.800 casas
– 3,0 milhões de toneladas de esterco

– Reduziria a pegada ecológica de carbono em 1,85 toneladas métricas, o equivalente para:
– remover 391.000 carros das estradas
– plantar 291 milhões de árvores

Com toda essa base de dados para discussões, reparamos que o mundo demanda maior produção de alimentos a custos acessíveis e de forma sustentável em que o maior impacto da estratégia “verde” é conseguido quando se produz mais utilizando-se menos recursos. Existe uma imensa oportunidade de incremento de eficiência produtiva através de tecnologias cientificamente comprovadas.

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José Roberto Perez é Engenheiro Agrônomo, mestre em Ciência Animal e Pastagens pela Esalq-USP e Gerente de negócios de bovinos da Elanco – Saúde Animal.

A Elanco Saúde Animal é uma empresa global que desenvolve e comercializa produtos concebidos a partir de profunda pesquisa científica, visando a melhoria da saúde dos animais e o aperfeiçoamento da produção de alimentos de origem animal. A Elanco emprega mais de 2.000 pessoas em todo o mundo, tem escritórios em 30 países e comercializa seus produtos em mais de 100 países. É a divisão de Saúde Animal da Eli Lilly and Company, uma corporação global líder que desenvolve produtos farmacêuticos inovadores. É uma empresa comprometida em assumir a liderança junto aos integrantes da cadeia produtiva dos alimentos, desde os produtores até os consumidores finais, para garantir a produção de alimentos seguros e saudáveis. Este relacionamento é baseado em necessidades específicas dos clientes e pode ir da transmissão de informações técnicas ao produtor rural até o desenvolvimento e implementação conjunta de políticas de saúde animal nas esferas governamental e institucional.

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