Referência em inovação, o Blackshirt Feeders está transformando a engorda de bovinos

Uma das mais novas operações de engorda dos EUA, a Blackshirt Feeders está pronta para estabelecer o padrão no setor de engorda de bovinos do país. Depois de iniciar as obras em maio de 2023, a Blackshirt Feeders, no sudoeste de Nebraska, já está engordando 50.000 bezerros, a caminho de atingir uma capacidade de até 200.000 cabeças em um único ciclo.

Mas há mais na história do que apenas tamanho e escala.

A história da Blackshirt Feeders começa com seus sócios fundadores — Kee Jim, Calvin Booker e Eric Behlke, todos veterinários associados à Feedlot Health Management Services, sediada em Okotoks, Alberta. Embora os três tenham crescido na produção agropecuária nos EUA e no Canadá, eles se destacaram por três décadas de gestão de confinamentos em toda a América do Norte.

Sob sua liderança, a Feedlot Health Management Services, agora pertencente ao grupo TELUS, cresceu para uma equipe de mais de 80 pessoas distribuídas em várias localidades no continente. Agora, seu foco está voltado para a construção e gestão da Blackshirt Feeders, ao noroeste de Haigler, Nebraska.

O nome Blackshirt Feeders vem das camisetas pretas de treino usadas pelos jogadores de defesa do time de futebol americano da Universidade de Nebraska (Cornhuskers) — uma homenagem de Behlke, natural de Nebraska, que cresceu perto de Benkelman em uma operação de cria. Ele é doutor em nutrição de ruminantes pela Universidade de Nebraska e também possui o título de médico-veterinário pela Iowa State University.

Behlke, palestrante em destaque no Husker Harvest Days em Grand Island, não hesitou em afirmar que o sudoeste de Nebraska é o melhor lugar do mundo para engordar gado.

“Marcamos todos os itens da lista ao encontrar o local ideal para um confinamento,” disse ele. “Estamos próximos da alimentação, próximos dos frigoríficos — e o clima do sudoeste de Nebraska é imbatível para engorda de gado.”

Estrutura de Concreto

A Blackshirt Feeders está sendo construída do zero em terras agrícolas previamente irrigadas, onde a obra começou com a movimentação de milhões de jardas de solo para nivelar o terreno.

Depois veio o concreto — e foi aí que a Blackshirt Feeders começou a se diferenciar. Toda a área de 1.000 acres de engorda está sobre uma base impermeável de concreto compactado por rolo. Os currais têm inclinação leve e uniforme, permitindo que os líquidos escorram, mas mantendo os sólidos.

Outras inovações incluem o tamanho dos currais e cochos. Os currais de recepção são menores, adequados para animais jovens, e à medida que os bezerros crescem, eles são transferidos para currais para até 400 animais, projetados para animais maiores.

O concreto compactado por rolo — método usado originalmente para construir pistas de pouso na Segunda Guerra Mundial — cria uma base sólida de 15 cm sem necessidade de aço de reforço. A superfície levemente texturizada permite que o gado se mova sem escorregar e elimina o problema de lama típico de confinamentos com piso de terra. Segundo Behlke, os pisos de concreto também reduzem moscas, poeira e odores.

Os currais são cobertos com palhada de milho e palha de trigo, criando uma superfície macia para que o gado não fique diretamente sobre o concreto. Essa configuração facilita a limpeza e protege o lençol freático contra contaminação.

“No fim, temos 100% de esterco, ao invés de uma mistura de esterco e solo,” explicou Behlke. “Nosso segundo produto é o esterco, que disponibilizamos para os agricultores locais.”

O escoamento do confinamento vai para bacias revestidas com polietileno de alta densidade e depois segue para biodigestores anaeróbicos, onde será produzido gás natural para alimentar as caldeiras usadas no processo de flocagem de milho. O digestato é devolvido às lavouras como fertilizante.

“Construímos um sistema o mais próximo possível de um ciclo fechado,” disse Behlke. “Faz sentido economicamente e é ambientalmente correto. Tentamos cobrir todas as frentes para minimizar nosso impacto no ambiente.”

A água usada vem de poços de irrigação já existentes, de modo que não haverá aumento no consumo de água subterrânea. O impacto que não será minimizado é o efeito econômico da operação: Behlke projeta uma folha de pagamento anual de US$ 25 milhões, com grande efeito na economia regional. Há planos, inclusive, de construir moradias para funcionários na vizinha Wray, Colorado.

Gado entrando e saindo

Todo o gado é de propriedade da própria Blackshirt Feeders. Não há planos para engorda de terceiros, mas não há limites definidos para a origem dos animais.

“Nosso gado pode vir de praticamente qualquer lugar da América do Norte,” disse Behlke. “Mas começamos com os mais próximos — é o que faz mais sentido.”

Ele acrescentou que a empresa também adquire bezerros de cruzamento leiteiro (beef-on-dairy) de regiões com grande número de fazendas leiteiras. Com o tempo, esse tipo de animal deve compor uma parte significativa do rebanho da Blackshirt Feeders. Para isso, a empresa firmou um acordo de serviços genéticos com a Leachman Cattle Company, hoje parte do grupo URUS.

Outro ponto estratégico é a localização: a unidade está a distâncias viáveis de vários frigoríficos importantes — Fort Morgan, Greeley, Lexington, Grand Island, Omaha, Garden City e Dodge City — facilitando o transporte dos animais terminados.

Dados como motor da operação

Uma das marcas registradas da Feedlot Health Management Services é o uso de coleta e análise de dados em tempo real na linha de manejo (chute-side), para entender a biologia dos animais e melhorar desempenho.

Cada vez que um animal passa pelo brete — da chegada ao embarque — seus dados de tratamento e performance são registrados. Essas informações são combinadas com milhões de outros registros e analisadas em sistemas proprietários, refinados ao longo de mais de 30 anos.

“Literalmente sabemos tudo o que acontece com um animal, quando aconteceu e como aconteceu,” explicou Behlke. “É o auge da rastreabilidade e transparência.”

“Nosso grupo de sócios soma mais de 300 anos de experiência em gestão de confinamentos,” concluiu. “Estamos comprometidos em usar nosso conhecimento e experiência para tornar a Blackshirt Feeders um fornecedor importante de carne bovina nos EUA e no mundo.”

À medida que expande sua presença, a Blackshirt Feeders promete continuar utilizando as práticas mais modernas e sustentáveis de engorda de gado — e, ao fazer isso, pode abrir caminho para uma transformação do modelo de confinamento nos Estados Unidos.

Fonte: BEEF Magazine, traduzida e adaptada pela Equipe BeefPoint.