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Região da América Latina continua a depender de produtos de menor valor

As exportações agropecuárias da América Latina e do Caribe continuam a aumentar, mas os produtos processados não têm conquistado espaço nessa onda. Segundo o relatório “Perspectivas Agrícolas 2019-2028”, publicado ontem por OCDE e FAO, a região segue especializada em produtos a granel.

Diferentemente dos países do Sudeste Asiático, que mostram sólidos vínculos com cadeias agroalimentares de valor na própria região e em outras áreas do mundo, os latino-americanos e caribenhos são pouco integrados nessa frente. O estudo constata que, em parte, isso ocorre devido a numerosas medidas não tarifárias em vigor. Assim, América Latina e Caribe, junto com os países da América do Norte (EUA e Canadá), ficam na lanterna em termos de participação total média nas cadeias de mundiais de valor. A Ásia lidera esse ranking, seguida pela Europa, pela África e pelo Oriente Médio.

O trabalho realça, também, que política comercial, política de investimentos, capacidade agrícola e características estruturais são fatores que influenciam a participação dos produtores de uma determinada região nas cadeias globais de valor. Nesse sentido, OCDE e FAO sugerem mais investimentos em infraestrutura rural, produtividade agrícola, melhoras no desempenho ambiental e combate à erosão de solos, ao desmatamento e às emissões de gases vinculadas à produção agrícola.

Conforme o estudo, a América Latina perdeu uma parte considerável de sua superfície florestal nos últimos 30 anos. Entre 1990 e 2015, o desmatamento atingiu 9% dessa área, ou 90,3 milhões de hectares. Cerca de 60% dessas perdas aconteceram no Brasil. O ritmo do desmatamento arrefeceu nos últimos anos, é verdade, e ações públicas tendem a reduzir ainda mais o problema. Mas OCDE e FAO apontam que o Brasil registrou uma perda líquida de superfície florestal da ordem de 1 milhão de hectares entre 2010 e 2015.

O avanço agrícola contribui, direta ou indiretamente, para o desmatamento, reforça o relatório – e política e regulamentações agrícolas e ambientais têm papel relevante nesse problema. Portanto, advertem os órgãos multilaterais, qualquer flexibilização na regulamentação ambiental pode gerar desmatamento.

De acordo com o relatório, aumentos sensíveis de emissões de gases atribuídos à agricultura ocorreram no Brasil, a primeira potência agrícola da América Latina e do Caribe. Isso principalmente por causa do aumento do rebanho de bovinos. Apesar da alta das emissões diretas do setor agropecuário, as emissões globais diminuíram com a desaceleração do ritmo do desmatamento.

Em todo caso, mostra o estudo, Brasil, Argentina, México, Bolívia, Belize e Costa Rica estão conseguindo tornar suas agriculturas mais respeitosas com o ambiente e, ao mesmo tempo, promover aumentos de produtividade.

Fonte: Valor Econômico.

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