A indústria britânica de carnes lançará uma agressiva campanha de marketing na França, após o anúncio da autoridade francesa de segurança dos alimentos – Agência Francesa de Segurança Alimentar (AFSSA) – de que a carne bovina britânica é segura.
Entretanto, o agente da Comissão de Carnes e Animais Domésticos (MLC) na França, Remi Fournier, disse que a indústria passará por um difícil período de restabelecimento da credibilidade da carne bovina britânica e inglesa nas mentes dos consumidores. “Não deverá ocorrer grandes dificuldades no caso da carne bovina escocesa, por causa de seu nome, mas a carne bovina britânica e inglesa poderá encontrar maiores dificuldades”.
Ele disse que antes da crise gerada pelo surgimento da encefalopatia espongiforme bovina (EEB) no Reino Unido, uma grande proporção das exportações de carne bovina britânicas era de carne bovina para o varejo, produtos para hotéis e restaurantes e depois para companhias processadores, bem como de carne de vitelo. Entretanto agora, nem carne de bovinos adultos nem de vitelo podem ser exportada.
No início dos anos noventa, a indústria britânica de carne bovina começou a exportar os primeiros cortes de alta qualidade. É exatamente nestes cortes que a indústria está depositando suas esperanças de reconstruir seu mercado de exportação na França. A maioria deste novo comércio será construída no mercado da categoria de catering (restaurantes e hotéis), onde restaurantes estão comprando carnes de outros países de fora da Europa e da Holanda e da Alemanha.
“Nós temos uma oportunidade no mercado francês, mas nós temos um problema com a identidade. Os restaurantes comprarão carne bovina escocesa, mas a carne britânica é outro negócio. Nós teremos que buscar uma marca para a carne bovina inglesa para poder rotulá-la de forma diferente. Nós podemos trabalhar com selos de regiões específicas, como carne bovina de Cornwall ou de Yorkshire ou, se nós pudermos, poderíamos seguir o caminho da produção orgânica. Nós teremos que investigar outras possibilidades. Podemos usar também produtos processados, onde a identidade de origem não é tão importante”.
Fournier disse que está preocupado que o lobby dos produtores rurais da França e os grupos de consumidores tentem forçar o primeiro ministro francês a insistir com a rotulagem do país de origem das carnes bovinas presentes nos menus dos restaurantes. Ele disse também que não acha que os produtos de alta qualidade chegarão ao mercado de varejo da França devido aos altos preços com os quais chegarão ao país.
O MLC está trabalhando na elaboração de um plano de promoção da carne bovina da Escócia, com eventos e publicidade. Fournier disse que a expectativa é que a primeira carne bovina britânica que chegará ao mercado francês será no meio de outubro.
A secretária da Secretaria Britânica do Estado para Alimentos, Margaret Beckett, disse que ficou satisfeita com o relatório da AFSSA com relação à segurança da carne bovina britânica. Ela também se disse satisfeita com a garantia do Governo que chegaria a uma conclusão sobre manter ou não o embargo às carnes britânicas nas próximas duas semanas. Ela disse que espera que o Governo francês tome sua decisão rapidamente. “Este embargo tem sido e continua sendo ilegal. As exportações de carne bovina britânica estão entre as mais seguras do mundo e isso foi aceito por especialistas europeus”.
De acordo com a Comissão de Carnes e Animais Domésticos do Reino Unido, em 1995 – o último ano antes da primeira barreira às exportações de carne bovina britânica – o Reino Unido exportou 274 mil toneladas de carne bovina no valor de £ 520 milhões (US$ 810,78 milhões). Deste total, 80 mil toneladas, no valor £ 179 milhões (US$ 307,16 milhões) foram destinadas à França.
Fonte: MeatNews, adaptado por Equipe BeefPoint