O setor britânico de carnes orgânicas está com oferta excessiva com volumes significantes de carne ovina e bovina orgânicas, que serão vendidas como produto convencional, de acordo com o United Kingdom Organic Monitor. Segundo um relatório elaborado pelo Just-Food, o mercado de carnes orgânicas do Reino Unido vem sofrendo com escassez na oferta desde o final da década de 1990. Entretanto, a lenta taxa de crescimento e o grande aumento nos volumes produzidos no mercado doméstico estão resultando em uma oferta excessiva.
Já na França, segundo maior mercado de produtos orgânicos da Europa, o crescimento dos produtos saudáveis deverá continuar enquanto os varejistas estão fazendo esforços para comercialização destes produtos. A penetração no varejo na França foi pequena comparada com o Reino Unido e um grande crescimento é esperado à medida que os produtos orgânicos se tornem amplamente disponíveis aos consumidores franceses.
Segundo o relatório, as propriedades rurais de produção animal orgânicas representam aproximadamente 40% das 10,4 mil propriedades rurais orgânicas da França. O setor de carnes orgânicas em ambos os países deverá passar por uma racionalização nos próximos anos, enquanto os principais varejistas exercerão cada vez mais influência no mercado.
As companhias de carnes convencionais dominam ambos os países. Entretanto, os pequenos fornecedores deverão consolidar suas atividades de comercialização para se tornar mais competitivos.
Lucratividade
Neste contexto, um terço dos produtores rurais orgânicos da Grã-Bretanha continuam perdendo dinheiro, apesar do aumento das propriedades orgânicas e do avançado interesse dos consumidores nos alimentos orgânicos.
De acordo com um relatório da União Nacional dos Produtores Rurais (NFU) britânica, os altos custos de conversão e o longo período de transição contribuíram para a inabilidade de muitos produtores em obter lucro com a produção orgânica. Esta redução na lucratividade é resultado de um longo período de conversão, importações significantes, confusão com relação aos padrões e requerimentos de rotulagem, e indiferença do governo.
Atualmente, um terço dos produtores rurais orgânicos do Reino Unido estão operando com perdas – o dobro dos que tinham perdas há cinco anos. Segundo o presidente da NFU, Ben Gill, o Reino Unido é mais dependente da importação de produtos orgânicos do que qualquer outro país da Europa, com as importações atualmente sendo responsáveis por 75% das vendas totais.
Plano de ação
Neste contexto, a NFU anunciou na segunda-feira um plano para impulsionar o setor de produção orgânica do Reino Unido. O Plano de Ação tem 21 pontos que visam ajudar o crescimento doméstico do setor de alimentos e produtos agrícolas orgânicos a se desenvolver de forma sustentável. Um aprimorado Esquema de Produção Rural Orgânica, um novo financiamento de pesquisas, bem como um compromisso por parte dos principais varejistas do país em trabalhar com os produtores a fim de aumentar o mercado britânico de orgânicos são componentes chave do plano.
O Plano trata a cadeia de produção de alimentos orgânicos como um todo e procura direcionar os assuntos chave que irão auxiliar no desenvolvimento do setor, segundo o Departamento para o Meio-Ambiente, Alimentação e Assuntos Rurais (DEFRA). Ele foi elaborado com a colaboração de um grupo de acionistas que reconheceram que a ação não é somente do Governo, mas requer que toda a cadeia de alimentos trabalhe junta.
O ministro de Agricultura Orgânica do Reino Unido, Elliot Morley, disse, durante o lançamento do plano, que este é um exemplo excelente de como a cadeia de fornecimento de alimentos como um todo pode trabalhar junta para desenvolver um plano de ação de longo prazo para o setor orgânico. “A produção orgânica tem uma importante contribuição a fazer, ao lado de outros métodos de agricultura sustentável, para a futura prosperidade de nossas propriedades rurais e para dar escolhas aos consumidores”.
Entre os pontos do plano de ação estão:
* Uma clara indicação dos objetivos, incluindo um objetivo para os produtores orgânicos britânicos de alcançarem uma participação no mercado similar à dos produtores convencionais (Seção 1) e a argumentação, incluindo uma descrição dos benefícios de se oferecer produtos agrícolas orgânicos (Seção 2);
* Um novo Comitê Conselheiro em Alimentos e Agricultura Orgânicos será estabelecido em abril de 2003 para aconselhar os Ministérios sobre os padrões de orgânicos da Europa, sua aplicação no Reino Unido, a aprovação de corporações de certificação de orgânicos e a implementação do plano;
* Um acordo que tem o objetivo de ajudar os produtores do Reino Unido a competir efetivamente no mercado britânico. Além disso, todas as corporações de certificação deverão oferecer certificação baseada em padrões que irão incorporar requerimentos adicionais à Regulamentação da UE somente onde houver necessidade de esclarecimento da aplicação prática dos padrões ou de outra forma. Foi estabelecida também a necessidade de uma ajuda à indústria (Pontos de Ação 2 & 3);
* Um compromisso de vários varejistas para trabalhar com o Grupo do Plano de Ação de Orgânicos para identificar as oportunidades de aumentar a participação dos produtores britânicos no mercado de orgânicos, e uma declaração de que os varejistas individualmente irão tentar apoiar os produtores a utilizarem as oportunidades (Ponto de Ação 5);
* Um compromisso de que o Centro da Cadeia de Alimentos irá incluir o setor de orgânicos em suas promoções (Ponto de Ação 8);
* Um compromisso de que o Governo irá tomar ações para estimular a aquisição pública sustentável de alimentos, incluindo a aquisição de alimentos orgânicos, juntamente com um esclarecimento das regras de aquisição pública quando aplicadas aos alimentos orgânicos e aos pequenos fornecedores locais (Pontos de Ação 11 & 12).
Fonte: Meat & Livestock Australia (MLA) e Just-Food.com, adaptado por Equipe BeefPoint