A necessidade de melhora na eficiência de produção em bovinos de corte levou a um crescente interesse dos grupos de pesquisa de todo mundo, sobre as variações de eficiência produtiva observada em bovinos de corte. A eficiência de produção depende da eficiência e produtividade no uso do alimento para mantença e crescimento, com o mínimo de perda possível.
Existem variações fenotípicas e genéticas nas medidas de eficiência alimentar de bovinos de corte, como a taxa de conversão alimentar, “residual feed intake” e a eficiência parcial de crescimento (Arthur et al., 2001). Portanto melhoras nos índices de eficiência alimentar podem resultar em redução nos custos de produção e aumento na eficiência do processo produtivo. “Residual Feed Intake” é a diferença esperada entre a ingestão total de matéria seca observada e a esperada, em relação ao peso metabólico do animal, dentro de um período de tempo.
Nos últimos anos, diversas pesquisas vêm sendo realizadas sobre esse assunto, porém as razões exatas para esse fenômeno ainda são pouco conhecidas.
Pesquisadores da Universidade de Alberta no Canadá realizaram um experimento com dois anos de duração, no qual avaliaram as relações entre eficiência alimentar de animais confinados, desempenho, taxa metabólica, produção de metano, e a partição de energia em bovinos de corte.
Foram utilizados 306 animais que no primeiro ano foram avaliados para as diferenças em “residual feed intake” e, no ano seguinte, já separados em lotes: maior, menor e médio “residual feed intake”, foram avaliados em relação aos demais parâmetros relacionados à eficiência alimentar.
Tabela 1. Características das dietas experimentais.
Em relação às eficiências energéticas, não houve diferença significativa entre os grupos, sendo do total de energia bruta ingerida por dia, aproximadamente 25% foi recuperada nas fezes, 4% recuperada na produção de metano e 2,7% eliminada na urina. Com isso, os valores de energia digestível e metabolizável média foram de 75 e 68%, respectivamente.
A produção média de calor foi de 149,0 kcal/kg de peso metabólico, compreendendo aproximadamente 59% da energia metabolizável média diária, correspondendo a uma eficiência de 39%.
Tabela 2. Relações entre “residual feed intake” e medidas de desempenho, eficiência e comportamento de ingestão de bovinos de corte confinados.
Foi observada relação direta entre os diferentes grupos de “residual feed intake” e a produção diária de metano. Houve menor produção para o grupo “menor”, sendo de 24% em relação ao grupo “médio” e 28% em relação ao grupo “maior”.
O valor de “residual feed intake” também foi negativamente correlacionado com a energia digestível e metabolizável diária, sendo que o grupo “maior” recuperou 9,2% menos em energia digestível e, 10,2% menos energia metabolizável do alimento total ingerido em relação ao grupo “menor” (Tabela 3).
Tabela 3. Relações entre “residual feed intake” e parâmetros de digestibilidade e gasto de energia
Referências bibliográficas
ARTHUR, P.F.; RENAND, G.; KRAUSS, D. Genetic and phenotypic relationships among different measures of growth and feed eficiency in young charolais bulls. Livest. Produc. Sci., v. 68, p. 131-139, 2001.
NKRUMAH, J.D.; OKINE, E.K.; MATHISON, G.W.; SCHMID, K.; LI, C.; BASARAB, J.A.; PRICE, M.A.; WANG, Z.; MOORE, S.S. Relationships of feedlot feed efficiency, performance, and feeding behaviour with metabolic rate, methane production, and energy partitioning in beef cattle. J. Anim. Sci., v. 84, p. 145-153, 2006.