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Relatório Amigos da Terra: um terço da carne que chega à mesa do brasileiro não passa por inspeção

Segundo o diretor da Amigos da Terra, Roberto Smeraldi, se acabar a inspeção de ficção, não vai faltar carne na mesa do brasileiro, pois a capacidade de abate em plantas com inspeção federal atinge mais do que o dobro da produção atual. Em discurso aos parlamentares, ele apelará ao Congresso para um sistema único de inspeção.

Relatório da ONG Amigos da Terra sobre o abate bovino no País afirma que um terço da carne que chega à mesa do brasileiro não passa sequer por inspeção. O trabalho, realizado ao longo de oito meses pela OSCIP (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público) Amigos da Terra – Amazônia Brasileira, foi lançado no Congresso Nacional, em audiências públicas planejadas no Senado e na Câmara dos Deputados.

Nova etapa de uma pesquisa sobre as cadeias da pecuária iniciada desde 2007, o relatório Radiografia da Carne no Brasil foca os empreendimentos industriais com inspeção municipal e estadual (esta etapa não analisa o chamado abate clandestino). O trabalho, em estados responsáveis por mais de 60% do rebanho nacional, aponta para uma falha sistêmica: em aproximadamente 80% dos empreendimentos não é sequer realizada a inspeção sanitária. A falta de sanidade vai junto com o desrespeito ao meio ambiente, aos direitos trabalhistas, ao bem-estar animal e, mais em geral, à falta de rastreabilidade e origem do produto.

Segundo o diretor da Amigos da Terra, Roberto Smeraldi, se acabar a inspeção de ficção, não vai faltar carne na mesa do brasileiro, pois a capacidade de abate em plantas com inspeção federal atinge mais do que o dobro da produção atual. Em discurso aos parlamentares, ele apelará ao Congresso para um sistema único de inspeção.

A pesquisa da ONG mostra uma situação paradoxal: a existência, de fato, de quatro padrões sanitários diferentes dentro do Brasil, que não levam em conta que o risco para os consumidores é o mesmo, independentemente de onde a carne é consumida. Mas a realidade é que o padrão mais exigente é o das carnes exportadas, depois vem o das carnes submetidas a inspeção federal (SIF), em seguida daquelas submetidas a inspeção estadual (SIE), e finalmente daquelas objeto de inspeção municipal (SIM).

O relatório evidencia a difusa omissão de veterinários que assinam certificados sem sequer estar presentes ao abate, o que permite que a carne circule sem ser considerada clandestina. Smeraldi afirma que o Conselho dos veterinários tem a oportunidade de preservar a dignidade dos bons profissionais, afastando todos os que emprestam seu nome para a inspeção de ficção.

Abaixo, o vídeo sobre a Radiografia da Carne. O relatório  em pdf pode ser acessado aqui: Radiografia da Carne no Brasil.

Fonte: ONG Amigos da Terra, resumida e adaptada pela Equipe BeefPoint.

1 Comment

  1. Ronaldo Carvalho Santos disse:

    A omissão dos consumidores, e o interesse político retrogrado dá suporte à máfia que domina a cadeia produtiva do setor de carnes e derivados. Verdadeira fortuna tem se destinado e liberado aos Estados e Municípios para executar por delegação de competência, atividades que em tese seriam privativas do Governo Central,
    A Defesa Animal, e a Inspeção de Produtos Animais e Derivados, recebem repasses Fe
    derais e, Estados e Municípios devem ser responsabilizados pelos crimes contra a Saúde Pública. Que se investigue o uso das verbas e, onde foram aplicadas, inclusive na construção e, reforma de Matadouros (Pocilgas) Municipais. Como foram construídos, quem aprovou os projetos e, se os recursos foram legalmente usados
    Como, para que e, por quem foram contratados Veterinários destinados à Defesa e Inspeção, bem como carga horária salários e editais de concurso publico, e como se deram as investiduras nos cargos. Se efetivamente seriam os profissionais pagos ´pelos Estados e ou Municípios, ou se pelas empresas “Fiscalizadas”.
    As deformações na cadeia produtiva, não a legal mas a marginal, responsável pela vergonha e descrédito do Brasil perante as outras Nações, os crimes praticados inclusive a omissão, urgem ser apurados. Ação conjunta do Conselho Federal de Medicina Veterinária, Ministério Público , ONG Amigos da Terra e ABRAFRIGO. é
    um caminho a ser tentado.