Introdução
Como um signatário dos estatutos da Organização Internacional de Epizootias (OIE) e participante do Código Internacional de Saúde Animal referente à encefalopatia espongiforme bovina (EEB), o Canadá adere a ou ultrapassa as diretrizes estabelecidas para avaliação e gestão dos riscos associados à EEB e outras encefalopatias espongiformes transmissíveis (EET).
Na mais recente repetição de sua avaliação dos riscos exógenos e endógenos de EEB, o Canadá em 2002 reconheceu o risco de estar sendo exposto à doença como muito pequeno e o potencial para sua amplificação e transmissão como insignificante. Isto se refletiu nas descobertas e conclusões das avaliações do status do Canadá conduzidas por outros países nos últimos anos. A conclusão foi alcançada com base nas ações de gestão de riscos de EEB feitas desde o início dos anos noventa para limitar o potencial para sua entrada e estabelecimento não somente no Canadá, mas em toda a América do Norte, como descrito em uma edição especial (abril de 2003) da Revisão Cientifica e Técnica da OIE chamada “Análises de riscos de doenças causadas por príons”.
A vigilância contra EEB teve um papel chave na estratégia de gerenciamento de riscos do Canadá por mais de uma década, unindo os governos das províncias com o federal. Nos últimos anos, de acordo com seus colegas da OIE, o regime de vigilância do Canadá melhorou marcadamente ao aumentar as definições de casos e a penetração na indústria, melhorando os diagnósticos e aumentando os volumes que excederam em muito o mínimo determinado pela OIE. Alberta tem conduzido sua equipe provincial nestas áreas.
De acordo com o capítulo de EEB do Código Internacional de Saúde Animal, com base em sua avaliação de riscos e ações de gestão, o Canadá foi classificado anteriormente como livre do risco de EEB e deveria obter o status de livre da doença após dois anos adicionais da introdução da barreira à farinha de carne e ossos na ração em julho de 1997. Para proteger este status, o Canadá limitou suas importações de animais susceptíveis à EET e seus produtos derivados a nações similarmente reconhecidas, com os Estados Unidos sendo a fonte preferida.
Entre o final da década de oitenta e começo da década de noventa, assim como muitos países membros da OIE, o Canadá foi incluído entre os países proprietários de ruminantes importados do Reino Unido e outras nações da Europa durante o intervalo que precedeu o reconhecimento destes como países afetados por EEB. Em 1993, um bovino importado do Reino Unido foi diagnosticado como clinicamente afetado pela EEB na província de Alberta. A detecção do animal foi o resultado direto dos esforços ativos do Canadá datados de 1990. Neste período, a doença se tornou oficialmente noticiável, e um programa de monitoramento e rastreabilidade foi instituído para identificar e periodicamente examinar todos os animais previamente importados para o Canadá do Reino Unido anterior à suspensão das importações de bovinos vivos em 1989. A rápida eliminação feita pelo Canadá do rebanho que continha o animal infectado, a progênie deste animal e o balanço de suas importações do Reino Unido estão narrados em documentos realizados antes deste relatório.
Assim como fizeram os EUA e muitas outras nações comerciais, o Canadá determinou em 1993 que alguns membros das cohorts (em epidemiologia, grupo de indivíduos que possuem algumas características em comum) importadas foram re-exportados ou já tinham feito seu caminho na rede de alimentos animais domésticos pela via natural. De acordo com suas obrigações internacionais, o Canadá forneceu notificação a todos os países que receberam estes animais.
Após o relatório do Comitê Conselheiro de Encefalopatia Espongiforme de 1996 sobre o potencial aparente de a EEB ser uma zoonose, o Canadá e os EUA invocaram uma proibição da presença de materiais de mamíferos em alimentos de ruminantes que excede as medidas recomendadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para aumentar a gestão de riscos existente referente à EEB de fontes exógenas. Os sistemas regulamentados pelo governo federal tiveram como alvo os fornecedores e fabricantes de ração por reconhecerem suas elevadas posições nos clusters piramidais que representam a relação fornecedor-fabricante de ração-produtor na América do Norte. Um fornecedor geralmente supre aproximadamente 20 fábricas de ração, que têm cerca de quatro mil consumidores. A medida mais custo-efetiva determinaria que a inspeção se concentrasse no impacto total dos fornecedores e das fábricas de ração em cada cluster.
Em 31 de janeiro de 2003, uma vaca (que apresentou comportamento anormal não notificado anteriormente) foi encontrada deitada e incapaz de levantar, colocada em um caminhão e levada para um abatedouro inspecionado pela província no distrito de Peace River, no norte de Alberta. No documento realizado provincialmente requerido para o transporte, o animal foi descrito somente como uma “vaca preta”, sem distinções adicionais ou traços artificiais registrados. O produtor inexperiente não procurou um veterinário e transportou o animal em uma tentativa de utilizar a carne para uso pessoal. O animal foi colocado sob vigilância para EEB pelo programa ativo nacional e sua cabeça foi enviada para a Província de Alberta para avaliação e incineração. A carcaça foi condenada devido à pneumonia. Sob os requerimentos do programa canadense, qualquer carcaça destinada para consumo humano que é sujeita a testes de EET precisa ser mantida fora da cadeia de alimentos, antes da divulgação dos resultados do teste. Uma vez que a carcaça foi condenada e sua entrada não foi permitida na rede de alimentos humanos, ela não é mais mantida presa e, ao invés disso, ela é descartada, onde entra da rede de alimentos animais.
Iniciativas de vigilância nacional, quando objetivam somente a reafirmação do que já se acredita, que seja livre de doenças, são classificadas em segundo lugar de prioridades com relação a outras demandas que podem transferir conseqüências diretas e imediatas à saúde pública. Elas também competem com outros diagnósticos múltiplos de urgência que confrontam autoridades veterinárias nacional e sub-nacional engajados nos programas de controles ativos de doenças. Por esta razão, até 16 de maio de 2003, não tinha havido uma tentativa de diagnóstico de EEB em um nível sub-nacional ou provincial. A revisão federal se seguiu imediatamente, com o Laboratório Veterinário Central de Weybridge, no Reino Unido, empregando 48 horas para dar a confirmação final. A Sessão Geral da OIE, então em progresso, foi notificada imediatamente.
A descoberta lançou uma investigação epidemiológica multi-dividida sobre o “micro” evento e seu gerenciamento imediato, elucidação de suas origens mais prováveis, e a gestão de riscos de longo prazo da situação “macro” para o qual o caso foi sentinela. As principais transições políticas estão em progresso em resposta ao evento, visando um esclarecimento e o manejo de qualquer risco residual de EEB remanescente no Canadá, após seis anos da aplicação da proibição do uso de farinha de carne e ossos na ração. Os próximos parágrafos descrevem todos os aspectos do evento em grandes detalhes.
Micro investigação – Aspectos de Saúde Animal
O caso de EEB ocorreu em um animal da raça Angus, membro de um rebanho de 80 vacas estabelecido no intervalo de 2001-2002 a partir de dois rebanhos. É mais provável baseado na investigação de 24 de junho de 2003, que o animal tivesse seis anos de idade. Sua expressão da EEB em idade avançada oferece a primeira evidência epidemiológica do incidente, e o provável baixo nível de EEB com o qual o animal teve contato, baseado nas curvas de incubação dose-resposta estabelecidas no Reino Unido para exposições de 1, 0,1 e, mais recentemente, 0,01 gramas de material do Sistema Nervoso Central infectado.
Antes de se unir no rebanho afetado pela doença, os dois rebanhos tinham independentemente passado por oito unidades de produção. Havia uma série de animais registrados durante o tempo em que se tratava de dois rebanhos separados que poderiam ser a “vaca preta” descrita no documento de envio que acompanhou o caso para o abatedouro em 31 de janeiro de 2003. No final de maio de 2003, os possíveis 80 animais se reduziram para mais provavelmente sete, através de uma análise exaustiva e repetitiva de identificação natural e artificial, provincialmente regulamentada pelos documentos feitos durante o envio do animal, registros de raças e memória dos proprietários e trabalhadores dos setores de serviço. A busca incluiu a identificação e o teste de carcaças exumadas do rebanho indicador (afetado), a confirmação da inadvertida mistura do rebanho indicador com um rebanho vizinho de bovinos e entrevistas independentes com quatro pessoas associadas com o caso durante o intervalo entre a doença e o abate do animal.
A investigação respeitou as mais recentes recomendações vindas do Grupo de Trabalho Ad Hoc de EEB da OIE e adicionou a elas “perímetros preventivos” de medidas adicionais visando compensar a natureza humana, as limitações da identificação de rebanhos e a variabilidade natural da epidemiologia de EEB. Foram seguidos caminhos paralelos de investigação referente à saúde animal e aos alimentos dos animais, com extensivo e independente questionamento de cada produtor por epidemiologistas, veterinários de campo e especialistas em alimentos dos animais.
No que se refere à investigação de saúde animal, os limites da memória e da identificação artificial foram reduzidos pela aplicação de testes de DNA através de grupos de animais classificados como mais prováveis (95% de probabilidade) fontes da vaca indicadora (vaca afetada pela doença). O DNA do cérebro do animal infectado foi comparado com o sêmen e o sangue de bovinos vivos e com registros de raças dos animais mortos. Os testes de 24 de junho de 2003 rejeitaram temporariamente vários rebanhos como animais de origem, mas somente classificaram os rebanhos nos quais os proprietários estavam aptos a fornecer avanços específicos dos bovinos como supostos ancestrais do animal indicador.
Apesar de as análises ainda estarem sendo feitas, a decisão de diminuição do rebanho direcionada pelo teste de DNA já levou à destruição de estoques associados epidemiologicamente ao animal infectado. Apesar de estar potencialmente sujeita a críticas referentes à rígida interpretação da epidemiologia da EEB, a medida reflete o compromisso do Canadá com a tolerância zero para todas as EETs (Revisão Técnica e Científica da OIE, Abril de 2003) e as limitações de se avaliar uma exposição que provavelmente ocorreu há pelo menos seis anos.
Um modelo de erradicação – baseado no atual entendimento da doença e no melhor conhecimento possível das cohorts que provavelmente acompanharam o caso indicador durante seu intervalo de susceptibilidade à EEB – foi aplicado para todos os rebanhos relacionados epidemiologicamente ao rebanho infectado. Um modelo adicional foi criado para animais que foram movidos de seus rebanhos antes da identificação da ocorrência.
Durante a investigação, determinou-se que a prole de um animal de um rebanho preocupante foi vendida para abate. Uma decisão padrão baseada na confirmação por teste de DNA da associação com o rebanho e na avaliação do status de EEB como negativo no teste foi aplicada nesta ocasião, impedindo desta forma a necessidade de uma extensiva investigação do alimento dos animais.
No total, 15 propriedades foram colocadas em quarentena como parte das investigações de rastreabilidade. Mais 25 rebanhos foram examinados quando animais individuais foram traçados na linha primária da investigação, o que incluiu a identificação e notificação da exportação de cinco animais para os EUA em 1997. A aplicação de padrões de erradicação acima descritos resultou no abate de mais de 2700 bovinos. Entre eles, mais de 2000 animais de 24 meses de idade ou mais foram testados e apresentaram resultados negativos nas técnicas de imunohistoquímica e Prionics Western Blot.
Micro Investigação – Aspectos do Alimento dos Animais
Uma investigação paralela determinou duas rotas potenciais de exposição à farinha de carne e ossos dentro dos rebanhos associados epidemiologicamente no intervalo de tempo relacionado à doença. Uma delas foi feita na forma de alimentos concentrados. A outra foi na forma de blocos de alimentos de alta energia empregado para suplementar à alimentação de animais que se alimentavam de pasto. A investigação dos registros das fábricas de ração e de compostos de formulações confirmou que a farinha de carne e ossos incorporada em ambos os produtos foi cortada em 1997 devido à implementação da proibição do uso deste produto na alimentação animal.
A carcaça do animal infectado foi rastreada através da rede abatedouro-fornecedor-fábrica de ração-produtor para sua alocação direta na alimentação de animais de companhia e de frangos e sua distribuição adicional no varejo para mais de 1800 propriedades rurais. Como descrito anteriormente, o cluster associado é característico da relação piramidal entre produção e distribuição de alimentos animais no Canadá. Visitas a fornecedores e fábricas de ração confirmaram a adesão à proibição feita pela legislação de farinha de carne e ossos na receita do produto, segregação, rotulagem e distribuição.
A dose média infecciosa (ID50) por tonelada de cada produto comercial exposto foi determinada como parte da avaliação. Apesar de os níveis estarem baixos e sujeitos à diluição em subseqüentes regimes de alimentação, aceita-se a possibilidade de agrupamento não aleatório de partículas infectadas movimentadas como estratificadas, estatisticamente baseado no estudo de fazendas sobre a distribuição de riscos nos 600 recipientes de alimentos animais e 1200 sacos de alimentos animais e os níveis de riscos de locais específicos associados. A pesquisa sugeriu que 99% dos locais apresentaram nenhuma exposição (96%) ou exposição acidental (3%). As exposições que representam os 1% restantes da população foram expressas através de coisas como vazamentos em misturadores, ovinos com acesso à alimentação de suínos, pilha de alimentos violada por bovinos e caprinos entrando em estoques de sacos de ração. A natureza recente da exposição, a limitada distribuição da exposição através da população e os níveis de risco específicos a alguns locais, quando se procura suceder a proibição de materiais de risco especifico e aumento nas barreiras à alimentação animal, nega a necessidade de ações de remediação além daquelas já tomadas contra infrações específicas citadas.
Através deste processo, três fazendas adicionais foram colocadas em quarentena, quando a investigação não podia excluir a possibilidade de exposição de 63 rebanhos de bovinos a alimentos destinados a frangos. Os animais foram abatidos e apresentaram resultado negativo nos testes, com o regime de diagnóstico descrito acima.
Macro Investigação – Retrospectiva – Aspectos de Saúde Animal
A ocorrência imediata fez com que a investigação se voltasse para uma significância mais abrangente da descoberta do animal sentinela. Como primeiro passo, empregando a melhor estimativa de idade e origem de acordo com a distribuição dos grupos de distribuição de alimentos animais e outras informações fornecidas nos parágrafos anteriores, um polígono foi construído para descrever o rebanho e a localização geográfica para detectar a exposição à EEB à qual o animal indicador foi sentinela.
Sem referência específica ao tamanho da população incluída, epidemiologistas definiram as probabilidades de distribuições para suas classes de rebanhos em 1997, o ano mais provável de exposição do animal infectado, baseado nos estudos demográficos anteriormente conduzidos no oeste do Canadá. A partir das mesmas fontes e de outras adicionais, eles organizaram os dados de contribuição líquida dessas mesmas classes para os mesmos grupos geográficos em junho de 2003. Apesar de a composição das cohorts remanescentes constituir aproximadamente 17% da população da área hoje, a classe com idade de particular interesse neste caso, que eram particularmente mais susceptíveis à EEB em 1996-1997 e potencialmente foram expostos a fontes de alimentos antes da proibição imposta às rações em 1997, estima-se que constitui agora menos de 5,9%.
Um fator com interesse paralelo com relação aos aspectos macro da investigação se refere às disposições temporárias dos grupos geográfica e temporalmente. Os estudos demográficos feitos no oeste do Canadá indicaram que 5% da população de adultos foram abatidos por ano nos EUA, 5,7% no Canadá e 1 a 1,5% foram exportados para procriação, primariamente para os EUA. Como um auxílio ao principal parceiro comercial, os investigadores traçaram os dados detalhados sobre os padrões de distribuição para aquele país de membros dos grupos abatidos durante os dois anos de interesse. Os outros 1% a 2% de adultos dos grupos temporários ou geográficos morreram na propriedade rural, constituindo-se em alvos dos grupos de vigilância de EEB defendidos pela OIE, dos quais derivaram o caso afetado.
Os epidemiologistas depois avaliaram os possíveis meios de exposição aos quais o caso afetado foi sentinela, pela referência ao ciclo de produção bovina da América do Norte. Tendo o animal nascido e sido criado inteiramente no Canadá, seu mais provável potencial de exposição incluiria sua própria mãe; alimentos contaminados pelos produtos animais do Reino Unido; doença crônica devastadora (chronic wasting disease – CWD) em cervos domésticos ou silvestres ou EETs residentes em outros ruminantes importados ou domésticos; ou de farinha de carne e ossos importada.
Apesar de não completamente desconsiderada, a exposição direta a cervídeos com CWD é considerada uma possibilidade menor. Quando se considera que o animal infectado passou um tempo da sua vida durante o intervalo de susceptibilidade de infecção com EEB fora do Canadá, a mesma exposição deve ter ocorrido nos outros países envolvidos, dependendo de suas exposições endógenas e exógenas para as mesmas influências. Se, em outra possibilidade, o animal foi infectado pela sua mãe, o caso seria sentinela das mesmas possibilidades de exposição, mas referente a dois ou mais anos para trás da área geográfica de sua mãe antes da maturação para eventualmente parir aquele que se tornou em 2003 o caso indicador. O desenvolvimento espontâneo foi avaliado e aparentemente rejeitado com base na avaliação genética molecular do caso infectado conduzida pela Agência Canadense de Inspeção de Alimentos (Canadian Food Inspection Agency – CFIA) em conjunção com a entidade Health Canada.
A avaliação de riscos conduzida anteriormente e os documentos de gestão de riscos descrevem todas as possibilidades de exposição à EETs conhecidas e anteriormente avaliadas. O “scrapie” não é considerado no atual documento, com respeito aos dois ou três registros canadenses e a magnitude da composição quantitativa dos fatores de risco dos EUA que sugerem seu potencial como uma fonte etiológica de EEB no Reino Unido. Foi descartada a possibilidade de a EEB ser derivada do “scrapie” em um ambiente diferente das circunstâncias excepcionais ocorridas no Reino Unido. Também não foram consideradas as importações mais limitadas de outros ruminantes da Europa de nações com prevalência consideravelmente baixa de EEB. Ao invés disso, a atenção foi mantida na importação mais convincente de farinha de carne e ossos e dois grupos específicos de ruminantes (bovinos e cervídeos).
A primeira referência tinha sido feita com relação à entrada no sistema de alimentos dos animais de membros de rebanhos do Reino Unido do qual apareceu o caso de EEB oriundo destes animais importados pelo Canadá em 1993. Estes animais entraram no sistema de alimento dos animais de Alberta em maior volume do que em qualquer outro lugar no Canadá. Dados os clusters de regiões de fornecedoras com receptores de rações animais e produtores descritos anteriormente, é razoável acreditar que a EEB introduzida nos clusters do oeste do Canadá envolvidos deveria ciclar e se desenvolver dentro deles, até que fosse “sentinelizada” pelo caso indicador que expressou clinicamente sua exposição dentro da última coorte de bezerros susceptíveis (1997) que emergiu antes da implementação da barreira à alimentação animal. Somente para o caso em que os animais expostos e os compostos contendo farinha de carne e ossos deixassem estes clusters o problema se disseminaria. A este respeito, a natureza do comércio de bovinos na América do Norte determinaria a extensão no noroeste dos EUA como oposta ao oeste do Canadá.
A teoria está sendo mais explorada de várias formas. Em 1993, o Canadá preservou os cérebros das cohorts importadas do Reino Unido. Eles estão sendo novamente avaliados para determinar, com diagnósticos sensíveis não disponíveis naquela época, o grau pelo qual a ameaça da EEB deve ser estendida além do único caso clínico em meio a animais clinicamente normais. Além disso, o Canadá tem mantido a ligação com o Reino Unido para determinar se os rebanhos de origem da coorte importada, não afetados pela EEB depois de 1993, tinham anteriormente demonstrado a doença. A lista está sendo revisada em uma base provincial para que seja avaliada a probabilidade relativa, os resultados dos testes apesar disso, o potencial de carreamento de EEB entre as entradas. Finalmente, através da aplicação do Programa Canadense de Identificação de Bovinos, amostras derivadas de programas de vigilância aprimorados deverão agora ser relacionadas com base nos clusters de alimentação animal descritos pela comparação com os clusters específicos dos animais do Reino Unido.
Em uma avaliação geral do evento, outra fonte de bovinos importados merece consideração, apesar de não em virtude de seu grande risco para EEB. Os EUA compartilhavam o status do Canadá de livre de EEB na data do diagnóstico do caso indicador e estão na rota de obter o status de livre em julho de 2005. Devido à proximidade física, e ao fato de compartilhar o status de livre de doenças animais devastadoras e controle equivalente de outras, o Canadá comercializou espécies susceptíveis à EETs (bovinos, ovinos e cervídeos) e produtos livremente com os EUA em uma aceitação recíproca do status de igualdade. Das importações de bovinos do Canadá, 99% eram originárias dos EUA. Esta contribuição da nação de 1,3 milhão de bovinos, quase exclusivamente à área geográfica de interesse e durante o intervalo específico de preocupação epidemiológica, é bem documentada.
Uma ênfase particular recai sobre uma importação especial de 500 mil cabeças, baseada em uma harmonização sazonal regional do status de controle de anaplasmose, brucelose, tuberculose e doença da língua azul entre as províncias do noroeste dos Estados Unidos e do oeste do Canadá. Com o suporte de uma avaliação formal de riscos e consistente com a leitura da legislação governamental, mas potencialmente comprometida pela interpretação liberal do protocolo, aproximadamente 25 mil fêmeas prenhes foram transportadas de estabelecimentos de engorda, com perda de sua identificação nos EUA, durante a implementação do Programa Canadense de Identificação de Bovinos, e fizeram seu caminho nos rebanhos bovinos do oeste canadense. Destes animais, 70% a 80% foram descritos como sendo pretos, da raça Angus. Com a união dos clusters de distribuição de alimentos animais descritos anteriormente, eles também teriam entrado na cadeia de alimentos animais do Canadá. Apesar de os testes de DNA continuarem, o Canadá não pode, até agora, excluir a possibilidade de que o caso indicador foi derivado desta enorme e única importação; nem foram estes os únicos animais ruminantes susceptíveis à EET.
Durante os anos oitenta, empresários em Alberta e Saskatchewan importaram números consideráveis de alces criados domesticamente do noroeste dos EUA. Em 1991, o rebanho de Alberta se tornou sentinela para a presença de tuberculose bovina dentro da indústria de cervídeos da América do Norte. O Canadá erradicou a doença através da despopulação de grande parte das importações de Alberta. A população de Saskatchewan foi consideravelmente poupada pelas descobertas da investigação epidemiológica associada.
Em 1996, o rebanho de alces de Saskatchewan se tornou similarmente sentinela para a presença de CWD na América do Norte em rebanhos de cervídeos comercialmente criados. Apesar da doença ter sido reconhecida em estabelecimentos de pesquisa de animais silvestres em Colorado e Wyoming décadas antes, seu ingresso nos rebanhos comerciais de alces na América do Norte continuou não reconhecido até que a investigação canadense sinalizou sua presença. A doença foi eliminada de múltiplos rebanhos em seu primeiro foco epidemiológico primário em Saskatchewan, concentrado, coincidentemente, na área considerada atualmente como uma das mais prováveis origens do caso indicador. Os poucos locais considerados muito contaminados permaneceram livres de todos os animais domésticos e cervídeos silvestres. Um estudo epidemiológico da progressão da doença continua. Atualmente, dependendo da escolha do proprietário entre enterrar ou reutilizar, o estudo tem identificado a possibilidade de que cerca de 110 alces infectados com CWD podem ter entrado nos clusters de distribuição de alimentos animais divididos pelos possíveis rebanhos de origem do caso indicador durante o intervalo de 1993-1999 antes de os fornecedores regionais terem parado de aceitar os materiais susceptíveis à EET.
Como nos EUA, apesar de uma prevalência muito reduzida, os cervídeos silvestres próximos a regiões contaminadas com CWD em Saskatchewan foram encontrados infectados. A possibilidade de que eles possam transmitir a doença diretamente para bovinos intensivamente misturados foi explorada, com resultados negativos até agora em estudos prolongados nos EUA. Um grande experimento natural prolongado criado pela coabitação de duas espécies em pastagens no noroeste dos EUA, em uma alta prevalência de CWD, tem ainda que produzir um diagnóstico para EEB. Apesar de injeções intracerebrais terem mostrado a susceptibilidade de bovinos à CWD, outros estudos in vivo e in vitro, incluindo aqueles descritos, tiveram sucesso limitado. O prion do caso indicador foi caracterizado molecularmente em Weybridge como EEB e não como CWD.
É para a farinha de carne e ossos, entretanto, que a Organização Mundial de Saúde (OMS) e a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) direciona suas mais fortes advertências no que se refere à gestão de riscos da EEB. Com base em outra lista A de doenças da OIE, muito tempo antes do reconhecimento da EEB no Reino Unido, o Canadá tinha proibido importações de áreas com preocupações subseqüentes de EEB. Como descrito antes, as considerações de custo e seus esforços de gerenciamento de riscos de EEB foram restritos às importações de farinha de carne e ossos pelo Canadá, compreendendo metade de seu uso anual, para fontes dentro dos EUA. A importação paralela da nação e as experiências endógenas de EET sugerem que a farinha de carne e ossos dos EUA sofreu os mesmos potenciais de exposição à EET, na natureza do “scrapie”, CWD e cohorts de ruminantes importadas do Reino Unido e da Europa do que as sofridas pelo Canadá. Com o objetivo de elucidar a relação, os epidemiologistas investigadores traçaram as reais fontes de importação e volumes de carregamentos de farinha de carne e ossos recebidos pelo oeste do Canadá em 1997, um intervalo chave de interesse epidemiológico sentinelizado pelo caso indicador.
A possibilidade de os EUA serem a origem do caso infectado do Canadá ou fonte de alimentos animais contaminados permanece entre as múltiplas possibilidades do estudo que continua sendo feito, e precisa ser mais bem definida por uma vigilância que está sendo conduzida nos EUA. Reciprocamente, assim como todos os países membros da OIE, o Canadá tem a responsabilidade para com seus parceiros comerciais, particularmente os EUA, em ajudá-os a manejar os riscos de animais potencialmente contaminados e produtos de cohorts que se tornaram sentinelas temporárias e geográficas do caso indicador. Foram feitas referências anteriores para o fluxo demográfico geral do alimento dos animais, criadores e vacas abatidas aos EUA do oeste do Canadá. Como um auxílio específico, os epidemiologistas estabeleceram distribuições especificas a regiões de distribuições de vacas abatidas durante os dois anos mais importantes. Dada a natureza da relação comercial sob o Acordo de Livre Comércio da América do Norte (North American Free Trade Agreement – NAFTA), não seria razoável assumir a redistribuição para dentro do oeste do Canadá de farinha de carne e ossos criada a partir de suas carcaças. Trata-se de um fluxo periódico de animais susceptíveis à EET e produtos, e a distribuição de clusters de alimentos animais envolvidos que sugerem o polígono geográfico geral da exposição anteriormente descrito.
Isto levou ao reconhecimento desta interdependência comercial e compartilhamento dos riscos de EET que estimularam a coordenação da gestão de riscos para EET pelo NAFTA, como descrito na edição especial de abril de 2003 da Revisão Cientifica e Técnica da OIE. O grupo trilateral já se reuniu com o objetivo de adotar uma resposta harmonizada para a ocorrência em Alberta.
Macro Investigação – Retrospectiva – Aspectos de alimentos animais
O reconhecimento dos clusters de distribuição de alimentos animais anteriormente descritos permitiram a determinação do polígono geográfico geral de distribuição da farinha de carne e ossos pela qual mais provavelmente o caso indicador foi exposto à EEB. Quando definida, facilitará, via Programa Canadense de Identificação de Bovinos, a rastreabilidade de animais expostos à EEB e cohorts específicas de vigilância. Neste tempo, isto contribuiu para a identificação, dentro dos clusters envolvidos, da presença de dois compostos nutricionais que foram usados na farinha de carne e ossos no intervalo de exposição. Um deles foi colocado na forma de blocos de alta energia. O outro, como um grande concentrado de proteína.
Em uma área com riscos de dioxina e outros riscos, sistemas excelentes de registros mantidos pela indústria de alimentos animais para proteção de responsabilidade pessoal ultrapassam aqueles requeridos pela autoridade de regulamentação. Estas fontes permitem uma extensiva caracterização das substâncias e seu histórico comercial. Os inspetores confirmaram o término do uso de farinha de carne e ossos em ambos, o que entrou em vigor a partir da proibição do uso de farinha de carne e ossos na alimentação animal, em 1997.
Macro Investigação – Cenário Atual
No contexto da expressão clínica de EEB após seis anos de proibição de farinha de carne e ossos e uma década de outras medidas de gestão de riscos, uma série de questões universais começou a ser feita. Estas supostas fontes de exposição já foram analisadas. Agora é importante avaliar porque a doença teria aparecido, quando e onde, em um animal com a raça descrita, como guia para futuras atividades de gestão de riscos. As respostas são delineadas com base na natureza dos regimes de vigilância, demografia dos bovinos, barreira nos alimentos animais e características epidemiológicas fundamentais da EEB.
A descoberta pode ser atribuída em parte ao crescimento cumulativo da vigilância da EEB, com um pronunciado aumento nos últimos anos. O aprimoramento da definição de casos e métodos de diagnósticos pode somente ter contribuído positivamente. Alberta está entre as províncias do Canadá que gera volumes de amostras, enquanto apresenta uma vantagem estatística adicional em virtude de seu maior volume absoluto antecipado de animais de alto risco. A predominância numérica de Alberta entre a população de bovinos do Canadá, predominância de carne bovina dentro do rebanho da província e a extensão da idade demográfica no rebanho bovino de corte (comparado com o de leite) ajudam a racionalizar a ocorrência. A longa incubação associada com a baixa dose de exposição, e a ocorrência dentro da maior cohort remanescente de animais com idade de antes da proibição de farinha de carne e ossos de 1997, que teriam sido expostos ao maior nível absoluto de EEB, deverão suportar futuramente as descobertas.
Todas as outras coisas sendo iguais, o que permanece ocorrendo, independentemente do precedente, a questão mais persistente é porque a doença não se expressou primeiramente em um animal de leite se, pelo conhecimento comum, o setor foi exposto a volumes exponencialmente maiores de farinha de carne e ossos. A resposta pode estar em qualquer uma das cinco áreas descritas a seguir. A primeira se relaciona com a mínima exposição requerida para produzir a infecção. É possível que os animais de corte, apesar de expostos a dosagens marcadamente menores, tenham, todavia recebido o mínimo volume requerido para a infecção. A segunda se relaciona com a vulnerabilidade de bezerros; bovinos leiteiros podem ter sido expostos a quantidades massivas de farinha de carne e ossos em idade mais avançada, sem um impacto maior. A terceira se relaciona à demografia dos bovinos leiteiros na América do Norte. É possível que os animais leiteiros expostos a doses reconhecidamente altas tenham sido, entretanto abatidos por outras razões antes da expressão da EEB. Em quarto lugar, a relação dose-curva resposta pode explicar o longo período de incubação em um bovino de corte que sobrevive tempo suficiente, no entanto, para expressar a doença. Finalmente, a prevalência da EEB pode ter sido tão baixa que foi desprezada, exceto pela casual detecção contra o ruído de fundo de muitas outras enfermidades do sistema nervoso central que acomete os bovinos da América do Norte.
Macro Investigação – Perspectivas
A questão então levantada é o que pode ser esperado para os próximos anos. Os epidemiologistas investigadores reconheceram que a curva epidêmica do Canadá teria sido paralela à do Reino Unido (independente de sua magnitude absoluta). Como descrito na Avaliação de Riscos de Harvard, eles acreditam que teria atingido seu pico ou até já entrado em declínio no momento da descoberta do caso indicador. Eles também acreditam que qualquer caso adicional descoberto com a melhor vigilância que está sendo planejada refletirá a época de antes da proibição de farinha de carne e ossos e a baixa dosagem à qual os animais foram expostos.
Eles sugerem que caso um ou mais casos de animais infectados sejam encontrados, e os padrões de vigilância se mantenham, estes deverão emergir novamente no oeste do Canadá, entre as raças de corte. Para melhorar a habilidade do Canadá de descrever melhor o verdadeiro cenário epidemiológico, eles estão estruturando medidas de vigilância aprimoradas, priorizadas sobre um espectro de pontos de acesso, que refletem a natureza do ciclo pecuário da América do Norte. Simultaneamente, eles se encontrara com o Grupo de Avaliação de Riscos de Harvard para facilitar seu ajuste ao modelo de exposição à EEB da América do Norte em resposta à ocorrência.
Ao mesmo tempo, os ajustes dos programas estão a caminho em direção à maior proteção das cadeias de alimentos humanos e de alimentos animais, através da consideração de restrições em materiais de risco específico prescrito pela OIE, juntamente com melhorias em ambos, o Programa Canadense de Identificação de Bovinos e a barreira à farinha de carne e ossos. Todos os precedentes continuam reconhecendo o fato de que, apesar da expressão clínica ainda ser a principal forma de identificação da presença da EEB, os eventos clínicos sinalizam uma manifestação epidemiológica mais abrangente, contra as quais aquelas medidas preventivas são justificadas.
Avaliação Internacional
Nas últimas semanas as descobertas acima foram apresentadas a uma equipe de especialistas internacionais, compreendendo ilustres representantes de três continentes cujo relatório final sobre a metodologia canadense se tornou público agora.
Em seu relatório provisório, a equipe de especialistas internacionais aprovou a investigação como sem precedentes na abrangência e na rapidez, dizendo que esta foi obtida devido à infraestrutura já em funcionamento para responder a eventos inesperados como este.
A equipe informou que a atividade de despopulação já atingiu sua utilidade ótima e que os esforços precisam manter seu foco na elaboração futura de emendas nas opções de prioridades políticas. A visão da equipe baseada na experiência internacional coletiva é de que as áreas de remoção de materiais de risco especificado, melhoria da vigilância para confirmar a prevalência muito baixa da doença e avaliar a efetividade das medidas de controle e consideração sobre práticas de alimentação animal para impedir qualquer potencial de contaminação cruzada foram realmente apropriadas.
Fonte: Canadian Food Inspection Agency, adaptado por Equipe BeefPoint