Relatório do CDC mostra como COVID-19 se espalha em frigoríficos

O COVID-19 pode se espalhar rapidamente entre os trabalhadores em uma fábrica de processamento de carne. Mas implementar medidas de controle antes ou logo depois de o vírus se infiltrar em uma instalação – especialmente em áreas onde os funcionários têm contato prolongado e próximo com outras pessoas – pode reduzir substancialmente o risco de disseminação de COVID-19 dentro das instalações, disseram os Centros de Controle e Prevenção de Doenças em seu Relatório Semanal de Morbidez e Mortalidade (MMWR) de 7 de agosto.

O relatório MMRW documentou como o coronavírus se espalhou em uma fábrica de processamento de carne em Sioux Falls, SD, de propriedade da Smithfield Foods e reforçou a orientação da agência sobre como essas instalações podem reduzir o risco de propagação de doenças.

A instalação, referida como ‘instalação A’ no relatório, empregava 3.635 pessoas em 38 departamentos. O abate e o processamento dos animais ocorriam durante dois turnos por dia, enquanto um terceiro turno higienizava as instalações. Em 24 de março, o Departamento de Saúde de Dakota do Sul notificou que um funcionário havia testado positivo para COVID-19.

Esse funcionário trabalhou pela última vez em 14 de março, apresentou sintomas em 16 de março e foi testado em 22 de março. Em 19 de março, um funcionário do primeiro turno de outro departamento adoeceu. No dia seguinte, dois funcionários adicionais do primeiro turno que trabalhavam no mesmo departamento que o primeiro funcionário com teste positivo e um funcionário do segundo turno em um terceiro departamento desenvolveram sintomas.

Até 21 de março, um total de seis casos COVID-19 foram relatados entre os funcionários. De 22 a 28 de março, 18 funcionários desenvolveram sintomas de COVID-19, resultando no fechamento temporário do departamento em 3 de abril. A situação piorou a partir daí, pois 15 casos em funcionários de nove outros departamentos também ocorreram naquela semana, disse o CDC.

“Em 3 de abril, a instalação A também iniciou a triagem de todos os funcionários quanto a febre, instalando barreiras físicas na linha de produção e alterando o código de vestimenta do funcionário para incluir máscaras opcionais, que eram exigidas a partir de 13 de abril, 1 dia após o fechamento em fases da instalação A começou ”, afirmou o relatório. “Em 4 de abril, um total de 247 funcionários de 23 departamentos desenvolveram o COVID-19.”

Durante um período de cinco semanas, entre 3.635 funcionários da unidade A, 929 (25,6%) atenderam à definição de caso COVID-19, incluindo 895 (96,3%) que eram sintomáticos. Durante este período, os funcionários da fábrica representaram 920 (41,8%) dos 2.199 casos COVID-19 identificados entre os residentes da comunidade, disse o CDC. Entre 2.403 contatos de funcionários identificados, 210 (8,7%) confirmaram COVID-19. O período de início da doença foi de 30 de março a 25 de abril.

Entre os funcionários com COVID-19, 39 (4,2%) foram hospitalizados; dois funcionários com COVID-19 morreram em 14 de junho.

“As maiores taxas de ataque ocorreram nos grupos de departamento de Corte (30,2%), Conversão (30,1%) e Abate (29,4%)”, disse o relatório. “Durante a quarta semana do surto, ocorreram em média 67 casos de COVID-19 de funcionários por dia. Dentro de 7 dias após o fechamento das instalações, os casos entre os funcionários diminuíram para aproximadamente 10 por dia. ”

O CDC concluiu que, embora os casos tenham ficado confinados a três departamentos durante a primeira semana do surto, o número de departamentos afetados aumentou rapidamente. Os investigadores do CDC acreditam que o contato entre funcionários em áreas comuns, como refeitórios, vestiários e locais de distribuição de equipamentos, pode ter facilitado a disseminação do COVID-19 entre funcionários de diferentes departamentos.

Com base em suas descobertas, o CDC reiterou a importância de impor protocolos de distanciamento social, construir barreiras físicas entre os trabalhadores nas linhas de produção e o uso correto e consistente de máscaras pode ajudar a prevenir que funcionários pré-sintomáticos ou assintomáticos infectados com o coronavírus transmitam o vírus a outras pessoas.

“Dicas visuais para manter o distanciamento físico e turnos escalonados e intervalos podem reduzir o risco de transmissão entre os funcionários nessas áreas”, disse a agência em seu relatório. “A transmissão entre funcionários que trabalham em departamentos diferentes também pode ter ocorrido fora das instalações (por exemplo, carona solidária, coabitação e socialização fora do trabalho).”

Fonte: MeatPoultry.com, traduzida e adaptada pela Equipe BeefPoint.