A compra da Marfrig por Daniel Dantas enseja uma operação integrada gado/abate. Mas todo o rebanho do banqueiro está concentrado no Pará, enquanto a unidade de abate mais ao norte do frigorífico se encontra no Mato Grosso.
A operação de compra do Marfrig por Daniel Dantas uniria sob um só teto o proprietário do maior rebanho bovino do Brasil – o banqueiro tem cerca de 450 mil cabeças de gado, por meio da Agropecuária Santa Bárbara – e o segundo principal frigorífico do país, com faturamento anual acima de R$ 22 bilhões.
Em razão das suas sutilezas e do seu contorno político, o projeto exige uma meticulosa união, a começar pelo BNDES, dono de 12,25% da Marfrig. No recente aumento de capital da empresa, o banco poderia, por contrato, converter integralmente os mais de R$ 2,5 bilhões em debêntures conversíveis da Marfrig que tinha em carteira. Este movimento faria sua participação acionária saltar para quase 40%, tornando-o acionista controlador.
Independentemente da posição do banco, o fato é que, para Daniel Dantas, a compra do controle ou de parte da Marfrig passa necessariamente pelo BNDES, que no modelo ideal dividiria o controle. Em vez de devedor, Dantas teria grande chance de se tornar credor, pelo menos moral, do governo, ao ingressar na problemática Marfrig, que carrega uma dívida de R$ 9 bilhões.
A compra da Marfrig por Daniel Dantas enseja uma operação integrada gado/abate. Mas todo o rebanho do banqueiro está concentrado no Pará, enquanto a unidade de abate mais ao norte do frigorífico se encontra no Mato Grosso. A equação logística só se ajusta se Dantas comprar gado no Centro-Oeste e/ou a empresa arrendar unidades no Norte. Também não é comum um frigorífico manter um rebanho próprio.
No entanto, coincidência ou não, a própria Marfrig avalia a possibilidade de atuar no confinamento. Dantas pode muito bem comprar o Marfrig e manter as operações razoavelmente separadas. Hoje, a maior parte de seus negócios está concentrada na venda de bezerros. Caso a boiada avance, Dantas e o BNDES se tornarão grandes players mundiais da cadeia da proteína, de certa forma se indexando aos quase 1,5 bilhão de chineses.
Fonte: Relatório Reservado, resumida e adaptada pela Equipe BeefPoint.
1 Comment
Caros colegas,
No Brasil, a sociedade e boa parte da imprensa só querem detonar quem está progredindo, e pior ainda se esse progresso vem do Agronegócio!
Se for do Agronegócio, é comum afirmarem que estão degradando o meio ambiente….que são exploradores de trabalhadores……que são usuários de financiamentos subsidiados……que são concentradores da posse da terra…..enfim, só vêem beneficios quando se fala de pequena agricultura familiar e orgânica. Se for orgânica……ah! é tudo de bom…é o paraíso!
Quanto ao artigo propriamente dito, acredito que traria muito mais vantagens do que outro possível comprador. Procurem verificar o que está sendo efetuado na Agropecuária Santa Bárbara em termos de aplicação de tecnologia, principalmente com a IA……..será que o Sr. Daniel Dantas é um destruidor ou empreendedor?
Quantos de nós, se tivessemos as devidas condições, faríamos diferentes? Lógicamente que tudo o que ele faz é tratado pejorativamente!
Vamos nos ater a um ponto do texto: ” a começar pelo BNDES, dono de 12,25% da Marfrig. No recente aumento de capital da empresa, o banco PODERIA (grifo meu) por contrato, converter integralmente os mais de R$ 2,5 bilhões em debêntures conversíveis da Marfrig que tinha em carteira. Este movimento faria sua participação acionária saltar para quase 40%, tornando-o acionista controlador.
Pergunto: e porque não fezesta conversão? Prá mim, é evidente que agiram em detrimento do banco e quem foi favorecido? Se fosse em relação ao Sr. Daniel Dantas, teriam tido o mesmo comportamento?
Precisa-se de exemplos de empreendimentos, no Agronegócio, que só cresce vertigionsamente às custas de BNDES? Mas perante a boa parte da imprensa e de grande número “recalcados” ….. está tudo bem!
E vamos em frente!