Remates gaúchos só terão animais rastreados

Uma portaria da Secretaria de Agricultura do RS, a ser publicada ainda neste mês, determinará que todos os bovinos que forem a leilão no estado na temporada de outono de 2008 terão que ser rastreados. A regra também exigirá que todos os terneiros leiloados sejam castrados.

Uma portaria da Secretaria de Agricultura do RS, a ser publicada ainda neste mês, determinará que todos os bovinos que forem a leilão no estado na temporada de outono de 2008 terão que ser rastreados. A regra também exigirá que todos os terneiros leiloados sejam castrados, informou notícia do gaúcho Correio do Povo.

O coordenador da Comissão de Bovinocultura de Corte da Farsul, Carlos Simm, apóia a iniciativa. Para ele, a portaria fará com que o produtor tenha mais rentabilidade. “Os animais que entrarem num regramento como este serão mais valorizados”, acredita.

Para o presidente da Farsul, Carlos Sperotto, a medida vai ao encontro da posição adotada pela federação. “A meta é conseguir que o estado esteja todo rastreado. Este é o caminho”, apontou.

Entretanto, o presidente do Sindicato dos Leiloeiros do Estado (Sindiler), Jarbas Knorr, adiantou que há divergência quanto à castração. Alguns criadores são favoráveis porque evitaria que os animais concorressem com os reprodutores das cabanhas. Mas há os que defendem os terneiros inteiros como forma de assegurar novos mercados, com o Líbano, que exige gado não castrado.

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  1. Julio Forster de Freitas Lima disse:

    É um absurdo aqui no RS esse tipo de exigência. Esses ditos líderes de classe que acham que mercado se faz com obrigação de lei é que nos levam a estar sempre de costas para as boas remunerações do negócio.

    Essa posição adotada pela Farsul, conforme seu presidente, não é unânime. Nas regiões de pecuária de corte, onde somente 45 Sindicatos Rurais representam mais de 60% da zona de pecuária do Estado, onde essa discusão deveria ter sido feita, muitos acham que deveríamos aproveitar esse momento e negociar tabelas de valorização para o tipo de carcaça que mais interessa à industria e ao varejo e aí sim, com preços remuneradores, os produtores naturalmente, por negócio, adeririam à rastreabilidade.

    Outra discussão que também deveria estar em pauta é sobre a simplificação e redução de custo do sistema de rastreabilidade. Gostaríamos de ter contato direto com os representantes dos mercados que fazem as “exigências de rastreabilidade” e negociar as regras e as formas de fazer a certificação.

    Existe um sentimento generalizado na classe que essas regras e essas empresas do setor estão ganhando muito e fazendo pouco. Parece, aos nossos olhos, que esses representantes defendem mais os interesses da indústria e do governo do que dos produtores. Aqui no RS já tivemos mais de 4000 propriedades envolvidas no sistema de rastreabilidade, hoje não passam de 300. Será que isso não lhes diz nada?

  2. João Gustavo de Paula disse:

    Embora respeite a admire as lideranças classistas do RS, acredito que a posição adotada sobre esse assunto é um erro e um perigoso exemplo para o resto do país. A meu ver, as exigências tanto de rastreabilidade quanto de castração beneficiam somente os frigoríficos em prejuízo dos pecuaristas. A exigência de rastreabilidade elimina a diferenciação que esses animais teriam num mercado livre (como foi a intenção original da CNA ao negociar a não obrigatoriedade do Sisbov em nível nacional, em contraposição ao interesse dos frigoríficos).

    Da mesma forma, a exigência de castração causa um aumento de custo de produção de quase 20% ao confinador (dados de pesquisa publicados aqui no BeefPoint) e a não existência de bois gordos inteiros desobriga os frigoríficos a aumentarem o preço do animal castrado para compensar esse diferencial de custo de produção.

    Vale lembrar que esse diferencial de custo existe no Brasil porque o lobby dos frigoríficos conseguiu passar há vários anos uma lei absurda que proíbe no Brasil o uso de hormônios na engorda de bois, ao contrário do que acontece nos maiores produtores de carne do mundo (USA, Austrália etc.). Se o uso de hormônios de crescimento em bovinos fosse legalizado no Brasil, existiriam fazendas certificadas como livre de hormônios e que teriam sua produção melhor valorizada.

    Aqueles produtores que produzissem para o mercado interno ou para países que não exigem ausência de hormônios (Rússia etc), teriam seus custos de produção reduzidos e, conseqüentemente, melhor lucratividade. Esse fato sozinho deveria servir de lição para nós pecuaristas de como a ausência de um mercado livre de restrições legais desvaloriza produtos com maior custo de produção e contribui para transferir renda do pecuarista para o frigorífico.

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