Remuneração pode melhorar qualidade do couro goiano

Sem remuneração pelo couro não haverá compromisso do pecuarista com a qualidade do produto. Esse foi o consenso geral entre os participantes de uma reunião, ontem (31), convocada pelo secretário da Agricultura, José Mário Schreiner, com a finalidade específica de discutir propostas para a melhoria da qualidade do couro goiano. Participaram do encontro, além dos técnicos do governo, representantes dos pecuaristas, dos frigoríficos e da indústria coureiro-calçadista.

Foram criadas duas comissões com representantes dos vários segmentos da cadeia produtiva. Uma ficou encarregada de elaborar cartilha educativa sobre manejo e práticas necessárias à produção de couro bovino de alta qualidade, e a outra deve apresentar estudo sobre alternativas para uma política de remuneração do produtor, de acordo com o padrão de qualidade.

O representante da Federação da Agricultura (Faeg), Luiz Belchior, explica que a indiferença do produtor goiano pela qualidade do couro se deve ao fato de que nada recebe pelo produto quando vende seus animais para o frigorífico.

Para o presidente do Sindicato da Indústria da Carne (Sindicarne), José Magno Pato, a questão não é tão simples assim. Ele explica que o frigorífico define o preço a ser pago por arroba, levando em conta os custos médios do boi, desde a sua aquisição pela indústria até o abate, bem como o seu rendimento médio, incluindo o couro e os miúdos. “Portanto, o produtor só não recebe uma quantia discriminada pelo couro, mas de alguma forma essa remuneração já está embutida no preço da arroba”, argumenta.

O vice-presidente do Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB), Emílio Carlos Bittar, concorda que é preciso encontrar meios de motivar o pecuarista na luta pela melhoria da qualidade do couro, que em Goiás é considerado de péssima qualidade. Mas ele deixa claro, entretanto, que a indústria já paga e caro pelo produto, que apesar da baixa qualidade é comercializado em Goiás a uma média de R$ 2,50 o quilo. Isso representa mais de R$ 100,00 por peça, levando-se em conta que o couro de um boi no padrão para abate pesa entre 40 e 50 quilos.

Fonte: O Popular/GO (por Edimilson de Souza Lima), adaptado por Equipe BeefPoint