Depois de três anos consecutivos perdendo renda, a agropecuária brasileira vai fechar 2001 com um resultado positivo. O aumento das quantidades produzidas e a recuperação dos preços médios reais dos produtos agrícolas impulsionaram o Produto Interno Bruto (PIB) do setor, que deverá atingir R$ 87,31 bilhões neste ano, contra R$ 86 bilhões em 2000. Para o presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Antônio Ernesto de Salvo, os números representam uma “inversão de curva” em relação aos últimos anos, mas o crescimento de renda não alcançou o setor como um todo.
“Alguns produtos tiveram um ano muito difícil, como milho, algodão, leite e o café, que vive uma crise sem precedentes”. Na avaliação do presidente da CNA, a crise acabou atingindo justamente os setores que obtiveram o maior aumento de produção.
Exportações
O saldo da balança comercial agropecuária neste ano deverá bater um recorde, chegando a US$ 14,5 bilhões, um resultado superior em 26% ao alcançado no ano passado. Pelas projeções feitas até setembro, as exportações poderão fechar 2001 em US$ 19 bilhões, e as importações em US$ 4,5 bilhões.
Na área externa, o ano foi marcado por dois importantes eventos. O primeiro deles, e o mais importante, foi o lançamento em Doha, no Catar, durante a realização da Conferência Ministerial da Organização Mundial de Comércio – OMC, de nova rodada multilateral de negociações comerciais. As grandes dificuldades concentram-se, mais uma vez, nos temas agrícolas. O lançamento de uma nova rodada é apenas o primeiro passo para a maior liberalização dos mercados agrícolas mundiais, ainda fortemente protegidos.
Outro evento importante foi o início efetivo de negociações entre o Mercosul e a União Européia para a concretização de um acordo de livre comércio entre os dois blocos. A União Européia, pressionada pelos avanços no ritmo das negociações no contexto da Área de Livre Comércio das Américas – Alca, apresentou em julho deste ano uma oferta de desgravação tarifária ao Mercosul. Embora modesta, principalmente por deixar de fora a quase totalidade dos produtos agrícolas em que o Mercosul tem mais competitividade, a proposta da União Européia inaugura uma nova fase do processo negociador.
Pecuária
Com crescimento de renda, produção e exportações, a pecuária vem-se firmando como setor estratégico na economia nacional. Este ano, as exportações de carne bovina, de frango e suína devem alcançar US$ 2,7 bilhões, sendo US$ 1,3 bilhão de carne de frango, US$ 1 bilhão de carne bovina, e US$ 350 milhões de carne suína. O Brasil já é o segundo maior exportador mundial de carne de frango e o terceiro de carne bovina. Os problemas de natureza sanitária que abalaram o mercado internacional, como a doença da “vaca louca” na União Européia e a incidência de febre aftosa nos rebanhos de vários países produtores, provocaram mudanças nos fluxos comerciais da carne bovina, com reflexos significativos para o Brasil.
A participação da União Européia nas exportações de carne bovina brasileira vem caindo, enquanto a de outros mercados aumenta sensivelmente. Enquanto em 1996 as vendas para a União Européia correspondiam a 62% do volume embarcado, este ano significaram apenas 40%. Já novos mercados, como Chile, Israel, Irã, Egito e Arábia Saudita respondem atualmente por cerca de 30,5 % do total das exportações do setor. A pecuária foi destaque também no mercado interno. O Valor Bruto da Produção (VBP) da carne bovina deverá fechar 2001 em R$ 18,64 bilhões, o de carne de frango em R$ 7 bilhões, e o de carne suína em R$ 3 bilhões.
Fonte: Hoje em Dia, adaptado por Equipe BeefPoint