Atacado – 29/08/08
29 de agosto de 2008
Dieese: carne puxa recuo de alimentos
2 de setembro de 2008

Reposição do estoque seguindo a escala de abate no terceiro quadrimestre de 2008

O preço do boi abatido seguiu em alta no segundo quadrimestre de 2008, repondo gradativamente o tempo perdido dos últimos anos. Os produtos alimentares foram os principais responsáveis pela estabilidade inflacionária na era do real. Ocorreu achatamento de preços mesmo nos anos de adversidades climáticas e somente a partir de 2007 esboçaram reação. Caso prossiga por algum tempo, permitirá novos investimentos e implementação do uso de tecnologias.

O preço do boi abatido seguiu em alta no segundo quadrimestre de 2008, repondo gradativamente o tempo perdido dos últimos anos. Os produtos alimentares foram os principais responsáveis pela estabilidade inflacionária na era do real. Ocorreu achatamento de preços mesmo nos anos de adversidades climáticas e somente a partir de 2007 esboçaram reação. Caso prossiga por algum tempo, permitirá novos investimentos e implementação do uso de tecnologias.

Mas constitui entrave nesta rota, o aumento excessivo de preços dos insumos, particularmente o de fertilizantes. O equilíbrio financeiro pode ser atingido, mas falta parâmetro comparativo para análise, no caso da bovinocultura brasileira. A desvalorização internacional do dólar e a valorização do real dificulta o estabelecimento do valor real da arroba em dólar ou outra moeda estrangeira; fato que dificultará qualquer decisão na gestão do negócio. Mas é certo que os preços da carne não podem ceder para que a produção continue, ascendendo em importância a adoção da flexibilidade produtiva ou da política de abastecimento.

Em fins de julho noticiou-se aumento de 6,7% do gado confinado em relação a 2007. O confinamento de gado apresenta uma equação com múltiplas variáveis. No caso de aumento desmedido de reses, influirá em novo ciclo de baixa dos bois terminados e inflacionará ainda mais o preço do boi magro, sem, no entanto, aumentar o consumo, por não apresentar elasticidade econômica.

Os pecuaristas profissionais que confinam animais saberão resolver a equação sem abarrotar o mercado de carne. Levarão em conta, na análise, a carga tributária incidente até o preço final do produto. Esquecer dessa variável pode ocasionar um aumento exagerado de oferta de gado terminado em confinamento. O aumento previsto de 6,7% de bois confinados deve estar bem dimensionado. Por enquanto a projeção inicial é de cerca de 12% e, com isto, supõe-se não ter sido considerado o fator tributário na resolução da equação. A alta tributação é que dificulta o aumento de consumo da carne, mesmo quando dentro da porteira há oferta alta e baixo preço do boi.

Essa premissa também é válida para mensurar o tamanho do rebanho de matrizes. Fica o alerta aos pecuaristas: se houver aumento desmedido da criação, certamente ocasionará novo ciclo de baixas nos preços da carne, com prejuízos de todos. Aumente o número de matrizes, mas nem tanto.

Pondera-se haver aumento no consumo interno, talvez pelo ingresso na classe média por componentes da economia informal, aumentando o consumo inclusive de carne, influindo como conseqüência no aquecimento de geração de emprego na economia formal. Deve-se também considerar, como variável, o crescimento exponencial dos aposentados que recebem valores ínfimos, com poder de compra achatado há algum tempo, sendo os mais penalizados na atual conjuntura. Sem perder de vista, que em momento de super oferta, se processará o seguinte: a garantia da margem dos frigoríficos, a otimização do lucro dos varejistas, o benefício ao consumidor e a maior fatia da receita retida para os tributos. E o produtor? Ficará no prejuízo.

Do mesmo modo, no campo internacional, a demanda está aquecida por alimentos, mas com economias estagnadas. Pode-se inferir, pelo preço do mercado, que o total das vendas de bois no segundo quadrimestre deve ser reposto no terceiro.

A pressão baixista ocorrente no fim do segundo quadrimestre pelo mercado varejista através dos frigoríficos, é um alerta de como deve ser a reposição no último quadrimestre. Dessa forma, para aumentar o plantel, deve-se observar, além do preço, a escala de abate dos frigoríficos no momento da venda dos animais prontos. No caso da escala do frigorífico ser inferior a uma semana, sinalizará para o aumento do plantel, ou pelo menos, a reposição imediata dos animais. Caso contrário, em escala mais longa, atrasar em um mês a reposição do estoque. Medidas como esta regularão a oferta de bois prontos num período futuro e evitarão o indesejável ciclo de baixa, que tanto descapitaliza a pecuária.

0 Comments

  1. Rodrigo Belintani Swain disse:

    Parabens novamente Celso,

    Esta medida de oferta e aumento do rebanho deve ser a grande preocupação das decisões dos pecuaristas para não ficar sobrando gado e o preço cair, na minha opinião e na minha fazenda, vou aumentar o planteu de matrizes na quantidade que consigo fazer o ciclo completo, e nunca vender bezerros na desmama. Assim quem quiser um bezerro, vai ter que ter uma vaca, que come muito, comprar um touro ou inseminar, esperar 9 meses para nascer mais 8 meses para desmamar, gastar com sal, remedio e mão de obra, ou seja, pelo preço que for não vale a pena vender bezerro; E assim deve ser, quem é especulador ou preguiçoso não terá animal para comprar.