Mercados Futuros – 16/05/07
16 de maio de 2007
Leucose enzoótica bovina
18 de maio de 2007

Reposição segue em alta por todo o Brasil

O mercado de reposição vem acumulando altas dia após dia, desde o início do ano, deixando pecuaristas preocupados se conseguirão ou não fazer a reposição dos animais que estão sendo abatidos. O indicador Esalq/BM&F bezerro MS em 15/05, foi cotado a R$ 419,20/cabeça, 15,80% acima do valor de 02/01. Informantes do BeefPoint reportam que as ofertas de animas para reposição na maioria das regiões é reduzida, devido ao grande número de matrizes abatidas nos últimos anos.

O mercado de reposição vem acumulando altas dia após dia, desde o início do ano, deixando pecuaristas preocupados se conseguirão ou não fazer a reposição dos animais que estão sendo abatidos.

O indicador Esalq/BM&F bezerro MS em 15/05, foi cotado a R$ 419,20/cabeça, 15,80% acima do valor de 02/01, quando o indicador valia R$ 362,00/cabeça. Fazendo a relação de troca cair de 1:2,42 no início do ano, para 1:2,19. O indicador Esalq/BM&F boi gordo à vista no dia 15/05 foi cotado a R$ 55,55/@, acréscimo de 4,75% em relação a 2 de janeiro, quando o valor o indicador de boi gordo era de R$ 53,03/@.

Gráfico 1. Indicador Esalq/BM&F bezerro MS à vista x relação de troca


Informantes de mercado reportam ao BeefPoint que existe procura muito grande por animais para reposição. E a oferta na maioria das regiões é reduzida, devido ao grande número de matrizes abatidas nos últimos anos. Segundo eles, esta situação é que tem causado a alta constante nos preços de bezerros e garrotes.

Os dados coletados pelo BeefPoint, para a realização das cotações são informados por pecuaristas, escritórios de compra e venda de gado, corretores e leiloeiras. Para que os dados possam ser comparados entre si, ficou definido que os preços se referem a animais da raça Nelore, das seguintes categorias e faixas de peso:
• bezerro 8 a 12 meses, pesando 180 kg;
• bezerra 8 a 12 meses, pesando 155 Kg;
• garrote 15 a 18 meses, pesando 235 Kg;
• novilha 15 a 18 meses, pesando 175 Kg;
• boi magro, pesando 320 kg;
• vaca boiadeira, pesando 320 Kg.

No Mato Grosso do Sul, o mercado segue firme. Segundo as informação coletadas existe pouca oferta de bois magros que estão sendo negociados na região de Coxim a R$ 650,00/cabeça. Os preços do bezerro desmamado (8 a 12 meses, com 180 kg) também estão em alta, em Campo Grande cotado a R$ 440,00/cabeça e em Coxim bezerros Nelore desmamados não saem por menos de R$ 420,00/cabeça.

De acordo com as informações recebidas, a grande procura por animais para confinamentos nos estados do Mato Grosso e Goiás é que vem mantendo os preços altos do gado de reposição nestes estados.

Em Barra do Graças/MT o preço de bezerro desmamado é de R$ 370,00, o do garrote (15 a 18 meses, pesando 235 kg) é R$ 550,00. O boi magro foi cotado a R$ 650,00. Na região de Sinop/Colíder o bezerro desmamado está valendo R$ 350,00 e o boi magro R$ 530,00. Segundo informantes da região, mesmo com estes preços está muito difícil encontrar lotes grandes para compra. Em Rondonópolis/MT, a procura também é grande e o bezerro desmamado custa R$ 360,00.

Em Goiás há muita procura por bois magros e garrotes para os grandes confinamentos do estado. Em Goiânia o boi magro é vendido a R$ 550,00, garrotes R$ 500,00 e o bezerro a R$ 400,00.

No estado de São Paulo, os preços permanecem firmes. Em Bauru os negócios estão girando em torno de R$ 380,00 o bezerro de 8 a 12 meses e o boi magro, com poucas ofertas, está valendo R$ 575,00. No oeste paulista, região de Presidente Prudente, o preço do bezerro desmamado é de R$ 400,00 e garrotes de 15 a 18 meses estão sendo vendidos a R$ 500,00. Segundo comentários, a falta de gado magro não é tão crítica, graças à grande quantidade de arrendamentos para a cana-de-açúcar. Com abandono da atividade pecuária e a liquidação dos rebanhos, a oferta de gado para reposição tem sido de certa forma satisfatória.

O Rio Grande do Sul, como no mercado do boi gordo, é o estado estado que apresenta as maiores cotações de gado de reposição, na região de Lavras do Sul os terneiros (8 a 12 meses) são negociados a R$ 500,00, R$ 2,8/kg e os garrotes de (15 a 18 meses) a R$ 570,00, R$ 2,4/kg. Como a base do rebanho gaúcho é composta por animais de origem européia as cotações levantadas no estado são de animais provenientes de cruzamentos diversos.

Tabela 1. Cotações de reposição machos Nelore, 16/05/2007


Tabela 2. Cotações de reposição fêmeas Nelore, 16/05/2007


André Camargo, Equipe BeefPoint

Há algum fato relevante que esteja acontecendo em sua região e que possa afetar o mercado, positiva ou negativamente? Tem alguma sugestão ou crítica, para nos ajudar a melhorar essas cotações?

Indique contatos dos frigoríficos, escritórios de compra e venda de gado e leiloeiras de sua região. Por favor utilize o box de “cartas do leitor” abaixo.

Muito obrigado por sua participação.

Atenciosamente, Equipe BeefPoint.

0 Comments

  1. Jucelino dos Reis disse:

    Penso que os preços do bezerro praticados, nas diversas praças, atualmente mereçam de fato esses patamares, porém, o preço do boi gordo deveria estar em 75,00/@.

    Com o mercado futuro estacionado em 61,50 para outubro/07 em São Paulo, e o dólar em plena queda, podendo chegar a outubro em R$ 1,85, quem comprar bezerros nos preços atuais, com certeza vai micar, isto é, vai trabalhar dois anos no vermelho, sem nenhuma dúvida. O mercado está indicando um dólar de R$ 1,90 para outubro, multiplicado por U$ 25 /@, teremos uma arroba de boi a R$ 47,50, assim, um boi de 17@ terá remuneração de R$ 744,50 , descontado R$ 63,00 de IR e funrural. O invernista, se não quiser quebrar, vai ter de adotar a mesma tática do frigorífico, oferecer preços menores, sair de mercado quando mais necessitar do bezerro, etc.

    Sei que este comentário é absolutamente antipático, quase desonesto, mas, é a realidade do mercado, que só será viável se o invernista não se deixar quebrar pelo criador.

  2. Marcus Couceiro Horcel disse:

    Prezados Colegas,

    No tocante à manifestação de Sr. Jucelino dos Reis (na carta do leitor), até certo ponto refletiu os riscos do mercado e da compra; porém, ao concluir seu raciocínio, desferiu um tiro no pé.

    Explico: ora, se os preços praticados, no entender do colega, quebram o invernista (chegou a expressar-se dizendo que o criador poderá vir a quebrar o invernista), o que dizer então em relação aos criadores que passaram os últimos 4 anos vendendo bezerros e bezerras a preços aviltantes (R$ 360,00 o macho e R$ 220,00 – R$ 240,00 a fêmea) ,estiveram em vias de quebrar por obra e graça do invernista, por essa linha de raciocínio?

    Então, a ser adotada essa postura, quebremos o criador, e, por conseqüência, em curto espaço de tempo o invernista passará a comprar frango, pois sua “galinha dos ovos de ouro” – se me permitem o trocadilho – terá perecido, a seguir a lógica do colega, com todo o respeito.

    Convenhamos, a pressão não há que ser feita entre produtores, que representam o mesmo elo no mercado; deve ser feita pelos produtores, em conjunto, em relação aos frigoríficos exportadores, que passaram todos esses anos auferindo lucros faraônicos (vide crescimento das indústrias e expansão das plantas para outros países) sem repassar qualquer vantagem aos pecuaristas, sequer em relação ao famigerado Sisbov. Nosso produto final deve ter sua qualidade reconhecida, sob a paga de um justo preço.

    Cabe sugerir ao colega, por fim, que ao invés de apregoar a saída do mercado dos invernistas em relação à compra de bezerros/as, deveria exprimir-se no sentido de reduzir as ofertas de gado gordo aos frigoríficos, única forma imediata de obtenção da melhor e mais justa remuneração por nosso produto.

    O mercado é auto-regulável, portanto, se a arroba do gado gordo está defasada, certamente há uma boa oferta de animais; ao passo que esse caminho é traçado em outra via quando mencionamos a reposição, pois como é sabido, a oferta de bezerros e bezerras decresceu e o preço, via de conseqüência, acomodou-se às exigências do mercado.

    Pecuaristas, criadores, recriadores e/ou invernistas, não nos deixemos iludir, desempenhemos quaisquer dessas funções, mas saibamos que nosso lado é o mesmo; se qualquer de nossos sistemas de produção estiver enfraquecido, sofreremos todos, indistintamente, as conseqüências desse desequilíbrio, quer seja via queda de produção, quer seja na baixa qualidade dos produtos ou, ainda, na pífia remuneração de nosso trabalho.

    Um grande abraço aos colegas,

    Na espera de dias mais gloriosos para a pecuária nacional.

  3. José Manuel de Mesquita disse:

    Prezados Srs.

    Lendo os comentários dos Sr. Jucelino dos Reis, pode-se ter uma idéia clara de como a cadeia de carne é predatória. No topo estão os frigoríficos, logo abaixo os recriadores/invernistas e nós criadores na base servindo de alimento a todos eles.

    Temos nossa operação extremamente controlada, e em qualquer situação é muito difícil obter lucro com cria, a não ser que se aproveite pelo menos 50% das fêmeas produzidas para reposição, as quais devem parir sua 1ª cria até os 28m, caso contrário é prejuízo certo: com a venda das matrizes que estarão sendo substituídas pelas fêmeas jovens tem-se o equilíbrio (não é lucro) financeiro da operação.

    Produzir bezerra desmama custa o mesmo que um macho desmama, mas na hora da venda, o macho é valorizado em +30%. Após a desmama os animais (machos ou fêmeas) dão muito pouco trabalho, ao contrário do período em que mamam. O que se ganha eventualmente na venda dos machos mal cobre o prejuízo com a venda das fêmeas.

    Saída desta situação:
    1 – Inseminação sexada de macho (90%, mas de custo e manejo ainda alto);
    2 – Reduzir o nº de matrizes a metade, recriar, engordar e abater seus animais, pois todos os animais que “seguramos” até os 24 meses nos deram margem de ganho proporcionalmente superiores a venda por ocasião da desmama.

    Nossos clientes estão cavando seu próprio túmulo, pois a cada dia mais e mais criadores abandonam a atividade, passam de criadores a recriadores, aumentando a procura por animais que anteriormente eram fornecidos por eles.Como conseqüência os preços sobem, e no único momento em que o criador pode ter algum ganho, o mercado se vira contra ele e o ameaça com boicote as compras.

    Portanto senhores, se desejam continuar na atividade, é bom que produzam seus próprios bezerros, pois num futuro próximo não mais terão onde buscar tais animais. E somente após criarem seus animais, poderão ser chamados de criadores de gado de corte, e sentirão na pele quanto custa produzir cada um destes animais, e aí veremos se continuam a acreditar que os criadores com seus “ganhos exorbitantes” vão quebrar os invernistas. A realidade é outra, os invernistas há muito tempo quebraram e continuam a quebrar os criadores.

  4. Osvaldo Del Grossi disse:

    Penso da mesma forma como o Sr. José Manuel de Mesquita. Trabalho a anos com cria recria e engorda (em Juara-MT)e não sinto na pele as poucas épocas de dificuldades que os invernistas encontram em repor seus animais.

    Participo de uma aliança mercadológica no PR e estou tentando formar uma no MT. Os frigoríficos são muito mais organizados, os invernistas mais ou menos e os criadores são os que mais sofrem pela falta de união da classe. A uns 5 anos lí uma reportagem onde dizia que de cada 100 pecuaristas sobrariam no final de 20 anos somente 15. Vai ser muito difícil eu ficar entre os 15.