Os produtores gaúchos comemoram o desempenho das vendas na Expointer 2002 já de olho na abertura de mercado pecuário ao Rio Grande do Sul nos próximos meses. O ministro da Agricultura, Marcus Vinícius Pratini de Moraes, anunciou ontem (29) que a tão esperada recuperação do status de livre de febre aftosa com vacinação pelo Estado deve vir em novembro. Nesse mês, ocorre no Rio de Janeiro uma reunião da Comissão de Aftosa da Organização Internacional de Epizootias (OIE). “Não posso antecipar a decisão da OIE, mas estou convicto de que o certificado será recuperado”, disse Pratini, lembrando que todas as etapas previstas para a erradicação da doença foram cumpridas.
O secretário da Agricultura e Abastecimento, Angelo Menegat, propôs ontem (29) o debate para a implementação de um programa continental de controle e combate à febre aftosa. A proposta foi feita durante o Encontro Pré-OIE Brasil 2002. No pré-encontro, estavam presentes o presidente do Panaftosa, Eduardo Correa de Melo, e o diretor do departamento de Defesa Sanitária Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), João Cavallero.
De acordo com Menegat, somente uma ação sanitária conjunta de todos os países da América Latina será eficiente para erradicar a doença no continente. O secretário falou sobre o episódio da aftosa no Estado, ocorrido no ano passado e dividiu os méritos com o Mapa e toda a cadeia produtiva da carne pela eliminação do vírus do território gaúcho. “Temos a convicção de que hoje o problema está superado”, afirmou, observando que o Rio Grande do Sul está em dia com todos os procedimentos sanitários.
Conforme o dirigente do Panaftosa, todo o trabalho técnico para debelar os focos de aftosa descobertos nos dois últimos anos no Estado será detalhado no encontro, para avaliação dos demais componentes da comissão. Melo também não tem dúvidas sobre a retomada da condição sanitária gaúcha em curto prazo. Já em setembro, de 9 a 20, serão realizadas auditorias nos três estados do Sul.
Na prática, voltar ao status de zona livre com vacinação perante à OIE significa a abertura de mercados para o Estado. A saída de animais para fora do Rio Grande do Sul, por exemplo, não dependerá mais de quarentena e de exames sorológicos, com isso a perspectiva de venda de carne para outros países também aumenta. “Quem ganha são os produtores e a economia estadual” destacou Pratini.
Meta
Cavallero anunciou que a meta de erradicar a enfermidade do Brasil até 2005 pode ser antecipada 2004. O encurtamento do prazo previsto deve-se, principalmente, ao controle sanitário rigoroso e à política de combate à doença executados no País. Ele lembrou que há um ano nenhum foco de aftosa foi detectado em território nacional.
Ele disse que aguarda só uma decisão política para colocar em prática o programa que antecipa o status de país livre de aftosa. As ações devem ser intensificadas no Norte e Nordeste, onde estão cerca de 50 milhões de bovinos. O ministério aplicou anualmente entre R$ 120 milhões e R$ 140 milhões na defesa animal. “Mas o maior investimento em sanidade é feito pelo produtor”, observou o ministro Pratini.
Cavallero lembrou que a nova determinação da comissão é mais rígida, exigindo ausência de infecção e não apenas ausência clínica da doença. O departamento de defesa animal realizou 123,8 mil amostras sorológicas nas zonas infectada e de vigilância. “Elas indicam a ausência de infecção”, informou. Para incluir no inquérito, novo levantamento com seis mil amostras foi feito. O relatório também vai pedir o status de zona livre de aftosa para o estado de Rondônia.
De posse de certificados de zona livre de aftosa, Pratini acredita que o Brasil se tornará o maior exportador de carnes em três ou quatro anos.
Fonte: Zero Hora/RS (por Lisiana dos Santos), Governo do Estado do Rio Grande do Sul e Valor On Line (por Marcelo Flach), adaptado por Equipe BeefPoint