Reunião do Circuito Pecuário terminou vazia em MT

Participação de técnicos e profissionais nas discussões caiu pela metade no último dia do evento

Desinteresse puro e simples, esta foi a explicação do presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato) e do Fundo Emergencial da Febre Aftosa de Mato Grosso (Fefa), Zeca D’Ávila, para explicar o completo esvaziamento do segundo e último dia da 15^a Reunião do Circuito Pecuário do Centro-Oeste. O evento começou na quinta-feira e foi encerrado ontem no salão Marechal Rondon do Hotel Eldorado, em Cuiabá.

Das 146 pessoas oficialmente inscritas para participar da reunião do mais importante circuito pecuário do Brasil, menos de 50% ficaram até o fim do evento. O objetivo da reunião era discutir e traçar estratégias de combate à febre aftosa para o decorrer deste ano.

O presidente do Instituto de Defesa Agropecuária de Mato Grosso (Indea), Ênio José de Arruda Martins, considerou normal o fato de muita gente que veio dos Estados que integram o circuito (Goiás, Distrito Federal, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Paraná, sul do Tocantins e oeste de Minas Gerais, além de Mato Grosso) ter ido embora ontem cedo. “Os principais assuntos foram debatidos no primeiro dia de reuniões”, afirmou o presidente do Indea.

Para Ênio Martins, a reunião do circuito em Cuiabá alcançou inteiramente seus objetivos, com a presença de representantes de todos os estados do circuito, cujo rebanho totaliza 105 milhões de bovinos.

Para profissionais que trabalham no setor da sanidade animal, é preciso que os órgãos estaduais promovam mais eventos dessa natureza, como foi o caso do Indea, dando condições aos seus técnicos, mesmo os baseados nas regiões mais distantes, de participarem das reuniões, atualizando conhecimento e técnicas de combate à febre aftosa. “Esses eventos são muito importantes para o profissional se atualizar”, afirmou um deles, que preferiu não se identificar.

Dos mais de 50 médicos veterinários do Indea que participaram do primeiro dia de reuniões, apenas cerca de meia dúzia ficou em Cuiabá para acompanhar o encerramento do evento. “Pelo que vimos aqui hoje (ontem), com esse esvaziamento da reunião, parece que tem gente que não está muito consciente do perigo da febre aftosa”, afirmou o presidente do Fefa, referindo-se ao retorno de delegações ontem no decorrer do dia, sem deixar sequer um representante para participar da elaboração do documento sobre a reunião.

Para o presidente do Fefa, esse comodismo que alguns setores envolvidos no controle da febre aftosa demonstram pode ser desastroso para o País. Ele criticou também os frigoríficos, que não enviaram um único representante para acompanhar as reuniões.

Fundo nacional de indenização

Criação de um fundo nacional para indenizar pecuaristas cujos animais são abatidos por causa de problemas de sanidade, como aconteceu no ano passado no Rio Grande do Sul, foi a proposta apresentada e aprovada ontem no encerramento do Circuito do Centro-Oeste. O governo federal indeniza o pecuarista, mas a tramitação do processo é tão demorada que, dependendo do número de animais sacrificados, o criador prefere abrir mão da indenização para evitar aborrecimentos.

Em seguida à aprovação da criação do fundo, foi escolhido coordenador do projeto o mato-grossense Zeca D’Ávila, que preside o Fefa e a Famato. De acordo com o que ficou definido na ocasião, o representante terá 30 dias para montar um “esqueleto” do fundo para ser submetido à apreciação dos circuitos, Centro-Oeste, Norte, Sul, Leste e Nordeste, e também à Secretaria de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, do Abastecimento e da Pecuária (Mapa).

Também foram definidos os temas dos seis trabalhos que os Estados do Circuito Centro-Oeste vão desenvolver, fazendo propostas de melhorias, adequações ou implantações para ser discutidas na 16ª Reunião do Circuito Pecuário do Centro-Oeste, programado para setembro em Brasília. Os Estados terão 60 dias para preparar as propostas e encaminhá-las ao Departamento de Defesa Animal do ministério, que depois convocará os coordenadores dos temas para definir os detalhes sobre o trabalho de cada grupo.

Fonte: Diário de Cuiabá (por Nelson Severino), adaptado por Equipe BeefPoint