O delegado do Ministério da Agricultura no Rio Grande do Sul, Flávio Vaz Netto, informou ontem, após audiência com o ministro Marcus Vinícius Pratini de Moraes, que a partir de hoje irá autorizar o abate em frigorífico de cerca de 5 mil animais que apresentaram reação aos testes sorológicos realizados para detectar a presença do vírus da aftosa.
Segundo ele, foram feitos 83 mil testes em animais de seis municípios onde focos da doença foram registrados neste ano (Alegrete, Dom Pedrito, Quaraí, Rio Grande, Livramento, e Tupanciretã) e também nas áreas de vigilância sanitária (de 3 a 10 quilômetros do foco). Do total de testes aplicados, cerca de 5 mil foram considerados reagentes sem manifestar a atividade viral. Esses animais serão abatidos em frigoríficos da região e terão sua carne destinada ao consumo interno. “Os abates serão feitos apenas por uma questão de cautela”, salientou, afirmando que até abril o Rio Grande do Sul deverá ter finalizado o processo de desinfecção da febre aftosa.
Flávio Vaz Netto informou que na audiência mantida ontem com o ministro também foram aprovados os recursos que irão indenizar os produtores que tiverem os animais sacrificados. A estimativa é de que o governo federal irá gastar R$ 2,5 milhões para bancar sua parte na indenização (dois terços do valor). O restante será pago pelo Estado do RS.
O delegado disse ainda que, enquanto o Rio Grande do Sul for considerado zona infectada, só poderá deslocar animais em pé para Estados que possuam o status de livres da aftosa com vacinação. Mesmo assim, os animais só podem deixar o Estado após uma quarentena de 30 dias na origem e a realização de um teste sorológico ao final desse período. Também têm que se submeter à quarentena de 14 dias ao chegar no seu destino.
Com relação às carnes, só podem ser exportadas sem osso. Segundo ele o Rio Grande do Sul só poderá obter novamente o reconhecimento de livre da aftosa com a vacinação em outubro, quando completará um ano da ocorrência do último foco da doença.
Estiagem
Segundo Vaz Netto 130 municípios gaúchos foram atingidos pela seca nos últimos 40 dias. As localidades mais castigadas pela estiagem estão na fronteira com a Argentina e na região das Missões. A cultura mais prejudicada, por enquanto, é o milho, cuja safra estimada em 5,3 milhões de toneladas deverá ter uma quebra de 6%.
Mesmo assim ele acredita que esse impacto não é muito significativo, porque depende do estágio da planta. De acordo com Vaz Netto, o ministro Pratini de Moraes já manteve entendimentos com o Banco do Brasil para facilitar a liberação da cobertura do Proagro e para renegociar os empréstimos dos produtores prejudicados pela estiagem. Também foi acertada a antecipação dos financiamentos para cultivo das lavouras de inverno (trigo, cevada, centeio e sorgo).
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) já reservou 80 mil toneladas de milho para realizar a venda do produto diretamente (venda de balcão) aos criadores de aves e de suínos que estiverem com dificuldade para alimentar suas criações. “Até agora não foi feita nenhuma venda porque não houve demanda”, afirmou Vaz Netto, completando que, na próxima semana irá entregar um estudo ao ministro contendo um conjunto de ações que permitem o melhor aproveitamento dos recursos hídricos nas regiões atingidas pela seca.
Fonte: Paraná Online, adaptado por Equipe BeefPoint