O Rio Grande do Sul pode retomar imediatamente as exportações de carnes bovina e suína, destinadas à industrialização, para a Rússia, anunciou ontem à tarde (03/04) o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Marcus Vinicius Pratini de Moraes. A Rússia também liberou as importações de laticínios, peixes e rações animais procedentes do mercado gaúcho. “Essa é uma importante decisão para a pecuária gaúcha, que poderá voltar a vender para o mercado russo, recuperando seu volume de negócios”, destacou Pratini de Moraes.
O Estado estava impedido de exportar carne bovina e suína para a Rússia desde maio do ano passado, quando foram detectados focos de febre aftosa em alguns municípios. Segundo o ministro essa restrição impôs sérios prejuízos à economia gaúcha. Em virtude das restrições impostas às exportações, o Rio Grande do Sul sofreu queda de 29% nas vendas externas de carne bovina em 2001. Estimativas do setor indicam mercado potencial de 40 mil toneladas de carne bovina para a Rússia, ou seja, tudo o que foi embarcado em 2001 para diversos países, e outras 20 mil toneladas de carne suína.
A liberação das exportações é resultado das negociações entre o secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Luiz Carlos de Oliveira, e o diretor do Serviço Veterinário Russo, Mikhail Kravtchuk, no último dia 22, em Moscou. Para acabar com as restrições, Oliveira se comprometeu a implementar medidas complementares para atender às exigências russas, como a certificação da origem destas carnes, a homologação de um certificado sanitário por veterinário russo e também acelerar os programas de combate à tuberculose e brucelose. “A credibilidade do sistema de vigilância sanitária brasileira permitiu que chegássemos a um entendimento com a Rússia”, disse Oliveira.
De acordo com o secretário, que ontem recebeu expediente da Embaixada Russa no Brasil comunicando a decisão, a liberação das exportações de carnes bovina e suína destinadas ao varejo ainda deverá levar mais alguns meses.
O diretor-executivo do Sindicato das Indústrias de Carnes do Rio Grande do Sul (Sicardergs), Zilmar José Mousalle, espera conseguir novos mercados a partir da retomada das importações russas. Desde a descoberta dos focos de aftosa o Estado tenta reconquistar compradores como o Chile, por exemplo, que respondia por metade das vendas externas do Rio Grande do Sul. As indústrias querem abrir os mercados do Leste Europeu, Países Árabes e Peru, encerrando 2002 com vendas de 65 mil toneladas de carne bovina.
Fonte: Mapa e Gazeta Mercantil (por Neila Baldi), adaptado por Equipe BeefPoint