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Rio+20 e os papéis do agro brasileiro

Economia verde no contexto do desenvolvimento sustentável e erradicação da pobreza e governança para o desenvolvimento sustentável serão os dois eixos centrais da Rio+20. Economia verde é um conceito em construção. Remete à ideia de produzir mais com menos; de fazer o melhor uso dos recursos naturais e minimizar impactos. Exige repensar o crescimento desordenado e traz o desafio extremo de erradicar a pobreza. Por Rodrigo C. A. Lima, RedeAgro.

Por Rodrigo C. A. Lima, RedeAgro

Economia verde no contexto do desenvolvimento sustentável e erradicação da pobreza e governança para o desenvolvimento sustentável serão os dois eixos centrais da Rio+20. Economia verde é um conceito em construção. Remete à ideia de produzir mais com menos; de fazer o melhor uso dos recursos naturais e minimizar impactos. Exige repensar o crescimento desordenado e traz o desafio extremo de erradicar a pobreza.

Por sua vez, a discussão sobre governança para o desenvolvimento sustentável mostra a necessidade de redesenhar as estruturas internacionais, que buscam cuidar dos problemas ambientais e integrá-las a questões econômicas e sociais. Como a agricultura se insere nessa agenda? De que forma a produção de alimentos pode contribuir para garantir segurança alimentar? Qual modelo de agricultura é o mais adequado para ajudar o Brasil a se tornar uma economia verde? Como expandir a produção em equilíbrio com o meio ambiente? De que forma o agro pode gerar empregos verdes e reduzir pobreza?

O ponto de partida para essa discussão é que economia verde deve significar toda ação em busca do desenvolvimento sustentável que considere as particularidades de quem a pratica. Existem elementos comuns que ajudam a definir o que é desenvolvimento sustentável, mas não existe uma receita única.

No Brasil, isso significa reconhecer que existe uma diversidade de modelos de produção: a agricultura familiar, empresarial, orgânica e de subsistência, com pouca ou nenhuma tecnologia. Impõe reconhecer que nas fazendas brasileiras existem florestas–estimam-se 251 milhões de hectares.

Da mesma forma, impõe reconhecer desafios ambientais do agro, como a regularização diante do novo Código Florestal. A importância de recuperar milhões de hectares de áreas degradadas que podem voltar a ser produtivas (estima-se entre 40 e 100 milhões de hectares), a necessidade de expandir a adoção de boas práticas e incrementar a produtividade, o que é fundamental quando se pensa em segurança alimentar.

A redução do desmatamento (6,2 mil km² em 2011) é outro tema dessa agenda, e as taxas tenderão a cair mais com a regularização ambiental proposta no novo Código Florestal. Vale dizer que um cadastro ambiental rural (CAR) eficiente será uma ferramenta essencial para permitir a gestão do uso da terra, autorizar o desmatamento legal e coibir o ilegal.

Do lado social, o desafio é reduzir a pobreza no campo, meta do programa Brasil sem Miséria, que exige acesso a tecnologias, sementes, crédito, capacitação e extensão rural. Aumentar a classe C no campo ajudará a produzir mais alimentos e, paralelamente, a erradicar a pobreza. Além disso, os empregos gerados pelo agro tendem a aumentar e a dar qualidade de vida para milhões de pessoas e trazer riquezas para inúmeras regiões.

Numa perspectiva econômica, a agropecuária brasileira tem o desafio de expandir a produção de alimentos e de energias renováveis de forma sustentável. De um lado, culturas como soja, milho, algodão, cana e florestas plantadas exigem escala para serem competitivas. De outro, a especialização das propriedades menores em culturas como frutas, hortaliças, flores, entre outras, trará maior retorno aos produtores.

É evidente que haverá inúmeras críticas à agricultura, vindas inclusive de brasileiros que não enxergam o quanto a produção de alimentos e de energia é e será cada vez mais praticada em sintonia com os mais elevados padrões socioambientais. Caberá ao agro brasileiro mostrar sua realidade para o mundo, bem como sinalizar seu potencial como pilar do desenvolvimento sustentável.

Rodrigo C. A. Lima é Gerente-geral do Instituto de Estudos do Comércio e Negociação e pesquisador da RedeAgro.

Fonte: RedeAgro (http://www.redeagro.org.br/artigo-rio-20/655-rio20-e-os-papeis-do-agro-brasileiro)

1 Comment

  1. Roberto Andrade grecellé disse:

    Mito bom. Parabens pelo artigo Rodrigo. Inteligente!