Na condição de estagiário, em várias propriedades, participou do nascimento da tecnologia do novilho superprecoce, sempre visando a máxima eficiência produtiva e qualidade de carne.
Profissionalmente, participou da implantação de muitos projetos de pecuária intensiva em diversos estados do país.
E hoje não tem dúvidas em dizer que o projeto Fischer Beef é a materialização de muitos anos de pesquisa realizados dentro da universidade.
Faz parte de algumas associações como ASSOCON / ANAPECC (Associação Nacional dos Confinadores / Associação do produtores de Carne e couro de qualidade), ABNP ( Associação Brasileira do Novilho Precoce), ABB (Conselho técnico da Associação Brasileira de Brangus) e SIC (Serviço de informação da Carne).
BeefPoint: A Fischer tem um trabalho de destaque na fruticultura. Como surgiu o projeto pecuária e como ele se ajusta à cultura e objetivos da empresa como um todo?
Roberto Barcellos: A fruticultura sempre foi e será a principal atividade do grupo, a citricultura no interior de São Paulo e o cultivo e processamento de maçãs em Santa Catarina, são motivo de orgulho de todos que participam do projeto.
Alguns novos projetos estão surgindo e a pecuária é um deles, pois estes projetos que iniciam apresentam uma sinergia muito grande com as principais atividades do grupo.
A sinergia pode ser observada no quadro abaixo:
BeefPoint: O senhor poderia definir quais são as premissas e objetivos almejados do Projeto Fischer Beef? Como o senhor definiria a carne Fischer Beef?
Roberto Barcellos: Desde o início do projeto (ano 2001) se definiu que os objetivos eram conciliar rentabilidade e qualidade, além de agregar valor ao produto.
A marca Fischer é uma marca muito forte em outras atividades, mas o desafio e a responsabilidade de usar uma marca deste porte para um projeto que se iniciava era ainda maior, pois tivemos que normatizar todas as etapas do sistema produtivo da pecuária, inclusive processamento / industrialização seguindo a filosofia do grupo para garantir a qualidade do produto final, condição fundamental para a utilização do selo “Fischer Top Quality Beef”.
O desafio da consolidação da marca é baseado em padronização, através da padronização do sistema de produção, onde se controla raça, grau de sangue, nutrição e idade de abate; volume, quantidade de animais abatidos semanalmente e constância, produção os 12 meses do ano.
Os critérios para o desenvolvimento do produto final foram norteados pelas características exigidas pelos grandes importadores de carne (maciez, marmoreio, acabamento, coloração, etc), portanto eu defino a carne Fischer Beef como um produto aceito pelos clientes mais exigentes do mundo.
Roberto Barcellos: Tivemos uma etapa inicial para o desenvolvimento do produto, onde 100% dos abates geravam informações sobre as características a serem alcançadas. Este trabalho permitiu alterações técnicas e de manejo a serem adotadas no sistema de produção.
Passando esta primeira etapa, o desafio agora é de manter o padrão de qualidade, pois estamos muito próximos do ideal.
BeefPoint: Como se dá a comercialização do produto Fischer Beef no mercado interno e externo? Quais são os canais de venda utilizados?
Roberto Barcellos: O Produto Fischer é comercializado no mercado interno em restaurantes e boutiques de carne e também exportado para Europa.
Estamos desenvolvendo consumidores fiéis à proposta.
Roberto Barcellos: Quem determina os rumos a serem tomados na produção é o mercado, e em função desta filosofia é que decidimos aumentar a produção do Fischer Veal (Vitelo Rosa), animais Brangus com 7 meses de idade, até 140 kg de carcaça , 2mm de gordura de acabamento e coloração de carne 8 a 10, mas não deixamos de produzir o Fischer Beef (Novilho), animais Brangus com até 15 meses de idade, com 240 kg de carcaça , no mínimo 4 mm de gordura de acabamento.
Em relação a aceitação, felizmente os dois produtos são muito bem aceitos tanto no mercado interno como no externo.
Roberto Barcellos: A marca Fischer Beef é de propriedade da Fischer S/A Agroindústria.
Temos um contrato de parceria onde desenvolvemos uma linha de produtos com a marca Fischer x Minerva, que une o Know-how das duas empresas em cada etapa, cada qual com suas responsabilidades.
Acompanhamos todo processo industrial, para termos a certeza da continuidade dos programas de qualidade.
Como temos um produto com uma aceitação muito boa no mercado, as dificuldades são menores neste projeto.
BeefPoint: Mesmo tendo uma produção extremamente diferenciada em diversos quesitos, quais são os impactos e riscos (positivos e negativos) que a pecuária de corte “tradicional” impõe ao projeto Fischer Beef?
Roberto Barcellos: Todo projeto tem seu risco e todo risco é proporcional a sua rentabilidade.
O grande atrativo nos investimentos em pecuária de corte é a liquidez, e no caso da Fischer é a sinergia entre outras atividades do grupo.
A busca pela máxima eficiência produtiva através da intensificação das etapas do sistema de produção, torna a pecuária Fischer mais sensível aos problemas nutricionais e sanitários, pois trabalhamos com um ser biológico que tem que ser respeitado.
BeefPoint: Na sua opinião, o que está melhorando na cadeia da carne brasileira? E o que está piorando?
Roberto Barcellos: Sem dúvida nenhuma a informação é a grande melhoria na cadeia da carne brasileira. Hoje a tomada de decisão é baseada em trocas de informações ou buscas em fontes de consulta.
O ponto negativo é que infelizmente os ganhos especulativos são sempre maiores que os ganhos produtivos. Viveremos para ver esta situação mudar.
Roberto Barcellos: É otimista quando penso em melhoria da qualidade de carne brasileira, para num futuro próximo agregarmos valor à carne na exportação e eliminarmos as importações de carne da Argentina e Uruguai para atendermos um público brasileiro extremamente exigente. Melhoria está baseada em avanços genéticos, nutricionais e de manejo.
É pessimista, pois estamos dormindo sobre uma bomba relógio chamada sanidade, que mostra toda a nossa vulnerabilidade.
Também critico a política comercial dos frigoríficos que disputam espaço entre si e diminuem cada vez mais os preços de venda da carne para exportação.
É também realista ao afirmar que temos uma missão que é aumentarmos o consumo de carne bovina no Brasil, pois estamos aumentando a oferta de animais para o abate, nosso consumo per capita é constante e essa equação negativa quem paga é o pecuarista, pois vemos anualmente a rentabilidade da atividade se estreitar.
6 Comments
Roberto, parabéns pelo brilhante trabalho que você tem realizado, o qual tive o privilégio de poder conhecer e comprovar sua qualidade e eficiência.
E parabéns também pelos seus comentários.
Realmente você tem muito critério e descreve com muita clareza a atual situação da pecuária.
Pena que poucos enxergam a situação de maneira macro. E pouquíssimos tomam atitudes concretas visando a melhora do setor.
Compartilho do seu otimismo e espero ver ocorrer a conscientização, a união e sobretudo a profissionalização deste mercado!
Abraços,
Arnaldo Barin
Excelente a entrevista com o Roberto Barcellos, técnico de larga experiência e muito respeitado.
A objetividade com que ele se reporta ao momento da pecuária brasileira, e particularmente do projeto da Fischer em produzir com eficiência, a necessidade do aumento do consumo interno.
Com muita sabedoria comenta a parceria que deveria haver entre produtores e Frigoríficos.
São considerações importantes que devem ser entendidas pelo setor.
Dr. Roberto criou às duras penas seu know-how em sistemas de cria intensiva e marcas de carne, conhecendo profundamente o mercado consumidor interno para a carne de qualidade, bem como o mercado externo.
Esperamos que aqueles criadores que não fazem bem feito a pecuária saiam da atividade, diminuindo a oferta de bois e naturalmente com a mesma demanda atual, haja uma melhora no pagamento a esse boi de qualidade.
Parabéns mais uma vez à ótima entrevista.
Alexandre Zadra
Zootecnista
Parabéns, pela Fisher, por ter Dr. Roberto como diretor da agropecuária.
Ele domina todos os aspectos relacionados a cadeia biológica, sanitária, econômica, mercadológica e principalmente a verdadeira necessidade qualitativa da alimentação humana.
Fiquei satisfeito em Roberto falar das estratégias do Fischer, e alarmado com a preocupação que ele tem a respeito de riscos sanitários.
Considero o sucesso de Fischer mais uma demonstração de competência do nosso setor “neo-pecuário”, um grupo já grande de empresas, muitas vezes com origens em outros setores, aplicando todas as disciplinas modernas empresariais e alcançando resultados não imagináveis poucos anos atrás.
Parabéns, Roberto. Espero que um animal menos precoce, um pouco maior e com marmoreio abundante esteja na sua lista de prioridades.
Parabéns Roberto, pela entrevista objetiva e recheada de conhecimentos práticos sobre mercado da carne, aliança mercadológica e agregar valor a um produto tão nobre como a proteína vermelha.
Por conhecer o projeto Fischer, e pela parceria em sanidade que Merial desenvolve com o grupo, cada vez mais a seriedade e o monitoramento contínuo de equipe de profissionais da Fischer liderado pelo Roberto oferece ao mercado um produto premium com qualidade sanitária.
Paulo Colla
Ger. Contas Especiais
Merial Saúde Animal