O ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, pediu à área econômica do governo a liberação de R$ 78 milhões para reforçar as ações contra o foco de febre aftosa confirmado no Mato Grosso do Sul. Os recursos, que são parte do orçamento contingenciado do próprio ministério, estão sendo solicitados por conta da “emergência” provocada pela doença.
Hoje, os recursos para a área de defesa sanitária animal previstos para o ano são de R$ 91 milhões, dos quais apenas R$ 50 milhões foram empenhados até agora. O restante, segundo o ministro, ainda depende de avaliação dos planos específicos estaduais, já que boa parte dos recursos é repassada aos governos dos Estados, e também para trâmites burocráticos a serem gastos.
Se a liberação dos recursos adicionais for confirmada, o governo restabelecerá o orçamento de R$ 169 milhões previstos antes do corte imposto pela área econômica.
Rodrigues disse hoje que esse dinheiro ajudaria o Estado do Mato Grosso do Sul, onde foi identificada a doença, reforçaria as ações para combater o foco de aftosa e também daria melhores condições laboratoriais para atuar na sanidade animal.
O ministro também defendeu uma ação articulada entre os Estados e o governo federal para evitar prejuízos maiores para a economia, e preferiu não falar das responsabilidades sobre o foco da doença. “O fundamental é que a ação pública seja concertada.”
Ele afirmou que todas as medidas de isolamento do foco foram tomadas “com competência e dentro das normas internacionais”, e destacou que o setor agropecuário precisa ser “compreendido e defendido”, pois é responsável pelo recente desempenho da economia.
O ministro não fez críticas diretas ao Estado de São Paulo, que impôs barreiras ao gado e seus derivados provenientes do Mato Grosso do Sul, mas disse que a atitude “causa desequilíbrio regional”.
Além de ser o maior consumidor da carne produzida no Mato Grosso do Sul, São Paulo também é rota obrigatória para a exportação para os países que ainda não embargaram a produção do Mato Grosso do Sul.
Segundo o ministro, na reunião marcada para esta sexta-feira, os representantes dos Estados deverão discutir questões técnicas para resolver o problema do ponto de vista local, nacional e internacional. Ele destacou que é preciso identificar todos os aspectos envolvendo a doença para dar respostas claras aos questionários apresentados pelos países que impuseram embargos ao produto brasileiro, e conseguir reduzir o tempo dessas restrições de comércio.
Questionado se não seria um exagero as barreiras do Estado de São Paulo ao Mato Grosso do Sul, o ministro foi cauteloso, e disse preferir aguardar avaliação técnica do problema.
Na próxima terça-feira o ministro vai integrar a comitiva do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a Moscou para mostrar ao governo russo que o Brasil está tomando todas as providências cabíveis contra a doença.
O secretário de Produção e Turismo do Mato Grosso do Sul, Dagoberto Nogueira, considerou natural a atitude do Estado de São Paulo, e de outros Estados diante da confirmação do foco de aftosa, pois seria uma reação para se proteger.
Mas ele disse esperar a suspensão das barreiras rapidamente porque a situação estaria sob controle e restrita à região de Eldorado, com isolamento de 25 quilômetros, o que não justificaria as restrições aos demais produtores do Estado.
Fonte: Folha on line (por Patrícia Zimmermann), adaptado por Equipe BeefPoint