A demora na confirmação de ocorrência de febre aftosa no Paraná expõe divergências internas -técnicas e políticas- no Ministério da Agricultura que enfraquecem o ministro Roberto Rodrigues. Ele havia assumido, há 15 dias, o compromisso de uma “agenda positiva” com pecuaristas e o governo do Paraná.
Desde sábado, um nota confirmando foco no Paraná repousava na mesa do ministro. O diretor do Dipoa (Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal), Nelmon Oliveira da Costa, o coordenador-geral de Combate a Doenças do DSA (Departamento de Saúde Animal), Jamil José de Souza, e Jorge Caetano Júnior, diretor do DSA, defendiam a notificação do Paraná como área de risco sanitário, com a confirmação de aftosa.
A diretora de Programas do SDA (Secretaria de Defesa Agropecuária), Tânia Lira, opunha-se à divulgação sem que houvesse um laudo conclusivo. Lira se aliou ao secretário de Agricultura do Paraná e vice-governador, Orlando Pessuti, e aos pecuaristas paranaenses contra a divulgação.
A alegação dos paranaenses respaldados por Lira é que o Lanagro (Laboratório Nacional Agropecuário) de Belém em nenhum momento deu laudo conclusivo sobre a existência de febre aftosa no Paraná.
Já Souza, Caetano Júnior e Costa defendiam a confirmação de focos no Estado como forma de o Brasil não perder credibilidade internacional.
Esse risco existe porque em outubro, quando a doença foi confirmada em Mato Grosso do Sul, o Ministério da Agricultura foi apressado em comunicar a OIE (Organização Mundial de Saúde Animal) sobre a disseminação da doença do Estado para o Paraná.
Notificar a ausência da doença à OIE agora, na opinião de parte dos técnicos do ministério, poderia levar os mercados internacionais a desconfiar da eficiência do controle sanitário brasileiro.
Fonte: Agência Folha (por José Maschio), adaptado por Equipe BeefPoint