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Rodrigues só fica no cargo com mais verba

A permanência do ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, no cargo, vai depender dos desdobramentos da negociação com a área econômica, nos próximos dias, para a liberação dos R$ 78 milhões que estavam previstos no orçamento do ministério e foram retidos por conta do ajuste fiscal. O dinheiro deveria ter sido utilizado pela Secretaria de Defesa Agropecuária, que cuida do controle sanitário.

Apesar da situação incômoda em que ficou por causa das críticas às restrições de gasto impostas pela área econômica, feitas em várias ocasiões dias antes da descoberta do surto de febre aftosa em Mato Grosso do Sul, e do bombardeio que tem sofrido nos bastidores do governo, o ministro mantinha, até o final da semana, a disposição de permanecer no governo, segundo relato de pessoas próximas.

Nesse caso, ele só sairia por decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A posição de Rodrigues foi colocada de forma sutil no discurso feito durante solenidade de lançamento do Plano Nacional de Agroenergia, na última sexta-feira, em Piracicaba (interior de São Paulo), e em conversas com produtores rurais.

Mesmo admitindo que “não está feliz”, ele se disse otimista e confiante e, nas entrelinhas, afirmou que o que o mantém no governo é a esperança de conseguir sensibilizar a área econômica para atender às reivindicações do setor. Segundo Rodrigues, “a esperança é a gasolina da vida e quem deixa de ter esperança é melhor saltar do trem”.

De acordo com amigos, o ministro mandou recados e “fez reparos com elegância, como é seu estilo”, para desabafar.

Nos bastidores do ministério, a aposta é que Rodrigues deverá ficar no cargo enquanto tiver o apoio do presidente e da categoria que representa.

O evento em Piracicaba foi um termômetro importante para sentir a temperatura entre boa parte dos produtores rurais, que, segundo avaliação do governo, prestigiaram Rodrigues.

Já o apoio do presidente deverá se confirmar com a liberação do dinheiro pedido pelo ministro, mesmo que parcialmente. Até agora, as declarações de ambos sobre o episódio colocaram os dois em lados opostos.

Lula, durante viagem a Portugal, contradisse Rodrigues, ao afirmar, na quinta-feira, que não faltaram recursos para o combate à aftosa e ao passar para os produtores a responsabilidade pela vacinação do gado, que deveria evitar o foco em Mato Grosso do Sul.

Rodrigues insiste que o presidente diz que não faltou dinheiro, mas a verba não teria chegado ao ministério. Por conta da divergência de informações entre a área econômica e a Agricultura, a bancada ruralista no Congresso começou a se mobilizar para pressionar por mais verba para o setor.

Inicialmente, os parlamentares reclamavam a retenção de R$ 600 milhões para a comercialização da safra agrícola e de, pelo menos, R$ 60 milhões para defesa sanitária. A pressão para a liberação do dinheiro ganhou força com o surgimento do foco de aftosa.

A avaliação de parlamentares que estiveram com Rodrigues nos últimos dias é que, se o governo resistir em liberar o dinheiro, não há porque ele permanecer no cargo. Aparentemente, Lula estaria disposto a gastar o que fosse preciso para reverter a crise atual, que tem desgastado a imagem do governo.

Fonte: Folha de S.Paulo (por Sheila D´Amorim), adaptado por Equipe BeefPoint

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