A baixa oferta de bovinos para abate no Rio Grande do Sul já começa a causar desequilíbrio de mercado. O superintendente do Mapa/RS, Francisco Signor, teme, inclusive, desabastecimento interno do produto. A situação é reflexo dos limites impostos pelo RS à compra de carcaças de outras regiões do país devido aos casos de febre aftosa. A falta de animais para exportação também preocupa.
De acordo com ele, o estado não tem gado rastreado para garantir embarques. Santa Catarina, que também é área livre de febre aftosa, não possui cortes com perfil para o mercado externo. Esse desabastecimento trará reflexos para o bolso do gaúcho.
O diretor-executivo do Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados no RS (Sicadergs), Zilmar Moussalle, admite que a matéria-prima está escasseando, mas não teme pelo desabastecimento. “Os produtores da Serra e do Planalto Central tiraram o gado pronto do campo para plantar soja”, explicou. Ele acredita que a importação do Uruguai seja suficiente para abastecer o RS, mas admitiu que pode haver alta no preço.
Restrições
Embora o Mapa tenha reduzido a área de risco sanitário de Mato Grosso do Sul e Paraná, o Rio Grande do Sul reafirmou ontem as restrições à entrada de produtos e animais suscetíveis à febre aftosa em seu território, durante reunião de técnicos de sanidade com a cadeia produtiva. “Enquanto não houver posição definitiva e bem clara do que ocorre no Paraná, o Rio Grande do Sul permanece fechado”, informou o chefe da defesa sanitária animal do estado, Antônio Ferreira Neto.
Na semana passada, antes da edição da nova instrução normativa do Mapa, a Secretaria da Agricultura elaborou a portaria 295, que define seis pontos de entrada dos produtos permitidos no RS. O texto, publicado no dia 23 de novembro, prevê que o ingresso de suínos provenientes de granjas certificadas, produtos e subprodutos de multiplicação animal (à exceção do PR e MS) poderão entrar no estado por Iraí (BR 158), Goio-En (SC 480), Vacaria (BR 116), Marcelino Ramos (BR 153), Barracão (BR 470) e Torres (BR 101). Ferreira Neto explicou que os corredores sanitários foram ampliados na portaria, incluindo Torres na lista que já era adotada.
De acordo com a Secretaria da Agricultura, continua proibida a entrada de carne maturada e desossada, à exceção daquela proveniente de Santa Catarina. A portaria editada na semana passada define, no artigo 3o, que está proibido o ingresso de animais suscetíveis à aftosa, produtos, subprodutos e materiais de multiplicação animal com origem nas demais unidades da federação, além de MS e PR, com algumas exceções, como carne suína desossada e miúdos comestíveis de suínos obtidos em estabelecimentos de abate inspecionado, destinados diretamente à estabelecimento inspecionado, onde serão submetidos a tratamento industrial.
Fonte: Correio do Povo/RS e Estadão/Agronegócios (por Sandra Hahn), adaptado por Equipe BeefPoint
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É lastimável que tenhamos de ler declarações como do Sr.Francisco Signor (superintendente do Mapa/RS) e do Sr. Zilmar Moussalle (Sicadergs) alegando que poderemos ter um desabastecimento interno no mercado de carnes e elevação do preço ao consumidor em função das medidas de proteção sanitária à febre aftosa adotadas pelo Rio Grande do Sul.
O estado tem população bovina suficiente para surprir tanto o mercado interno como as poucas plantas frigoríficas aptas à exportação no RS.
Isto parece-me, sim, um interesse e pressão política, tentando colocar o consumidor contra o pecuarista que, diga-se de passagem, recebe o menor preço do Brasil pago pelo quilo de carne produzida, tornando praticamente inviável a pecuária de corte no Estado.
De nada adianta a indústria de carne exigir qualidade de produto ao produtor se a rentabilidade do negócio, por melhor gerenciamento que se tenha, é ínfima.
Capacitação, por parte de muitos pecuaristas para se produzir e fornecer com constância o mercado, existe. Tendo remuneração digna, se faz os investimentos necessários e facilmente o mercado torna-se abastecido.