Os animais que se encontram na sede da Associação Rural de Pelotas (ARP) à espera do embarque para o Oriente Médio começaram a deixar o parque na segunda-feira. Ontem, pouco mais de 6,5 mil bovinos ainda estavam no local à espera do embarque nos caminhões que os levará ao porto de Rio Grande.
Esse trabalho deve se intensificar na segunda e até terça-feira todos os animais terão deixado o parque, informa o presidente da ARP, Elmar Hadler. Não há uma nova operação prevista a curto prazo, pois a entidade começa a preparar o parque Ildefonso Simões Lopes para a 79a Expofeira, que ocorre de 9 a 16 de outubro.
O embarque do gado no navio-curral Bader III está previsto para terça-feira e desta vez será realizado no cais da Bianchini, terminal privado do porto. Enquanto isso não ocorre, crescem as manifestações contrárias à manutenção dos animais na sede da Associação Rural, que está localizada entre as avenidas Fernando Osório, Dom Joaquim e Salgado Filho, em plena área residencial, no bairro Três Vendas.
A estocagem dos animais para adaptação ao confinamento na Associação Rural é feita pelo prazo máximo de 12 dias, a cada dois meses, desde o primeiro embarque, em março deste ano. A estrutura do parque, com mangueiras capazes de abrigar 3,2 mil animais, dois embarcadouros e desembarcadouros rápidos, com dez bretes de aparte e embarque superior a 600 animais por hora, não possui similar no estado. Por isso, a transferência da atividade para outro local inviabilizaria a atividade de exportação, pois uma outra estrutura teria de ser criada, argumenta Hadler.
O incômodo ambiental causado pela atividade foi tema de manifestação na Câmara de Vereadores de Pelotas, ontem. O vereador Ivan Duarte (PT) propôs o envio de documento à ARP exigindo a transferência da atividade para outro local. O parlamentar defendeu a manifestação do Legislativo sobre os incômodos causados à população e salientou as diversas reclamações que chegam à Casa. “Não queremos prejudicar a atividade e sim que ela continue com condições adequadas”, apontou.
Duarte é integrante do Conselho Municipal de Proteção Ambiental de Pelotas (Compam), que já solicitou à ARP providências em relação ao licenciamento ambiental. De acordo com o vereador, Fepam, Secretaria de Qualidade Ambiental (SQA) e Secretaria de Saúde estiveram no local averiguando a situação. “Não é possível comparar o confinamento de milhares de animais a realização de feiras, rodeios ou exposições que ocorrem normalmente no local”, considerou.
Hadler defende a manutenção da atividade e diz que todas as providências exigidas pelos órgãos ambientais foram cumpridas pelo empreendedor. Desde o controle de moscas, com o banho dos animais com inseticidas, à retirada dos resíduos e limpeza dos bretes.
O forte cheiro sentido pelos moradores se deve, segundo ele, à utilização de silagem na alimentação dos animais. O berro do animal à noite, outro motivo de reclamação, não tem solução imediata, pois são terneiros recém-desmamados, que choram a falta da mãe.
A atividade de exportação de gado em pé para o Oriente Médio surgiu em momento de crise do setor agropecuário e serve de alternativa aos pecuaristas, que sofrem com os aumentos dos custos de produção e queda do preço do boi gordo. A exportadora exige terneiros inteiros (não-castrados) de 1,5 ano, de raças européias e com a qualidade produzida nas fazendas da Metade Sul do estado.
Fonte: Diário Popular/RS (por Luciara Schneid), adaptado por Equipe BeefPoint