Uma solenidade hoje, a partir das 18h, no parque de exposições do Sindicato Rural de Guaíba, vai marcar a adesão da Conexão Delta G ao Sistema Integrado de Rastreabilidade Bovina (Sirb). A meta é que 15 mil exemplares da Delta G passem a ser identificados e rastreados até o final do ano.
A parceria com o Sirb atende às exigências do Sistema de Identificação e Certificação de Origem Bovina e Bubalina (Sisbov), lançado pelo Ministério da Agricultura no início do ano. Este sistema estabelece prazos para que os pecuaristas brasileiros se adaptem às mudanças no gerenciamento das propriedades. Até junho, os frigoríficos que vendem aos países da União Européia (UE) só poderão exportar carne de animais rastreados. Na prática isso significa que o produtor que quiser continuar na disputa pelo mercado internacional de carne deve passar a integrar um sistema para identificação e certificação do rebanho.
É esse trabalho que o Sirb, um sistema desenvolvido pela Planejar (empresa da RBS) em parceria com a Federação da Agricultura do Estado (Farsul), vai desenvolver nos animais da Conexão Delta G. Segundo o proprietário da Estância Guatambu (em Dom Pedrito), Valter José Pötter, e um dos integrantes da conexão, na primeira etapa, cinco mil terneiros de 28 propriedades de 12 empresas rurais gaúchas associadas à conexão serão brincados ao nascer e terão um acompanhamento por toda a vida.
Em todo o Brasil, o grupo envolve 43 propriedades, em seis estados (Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás), com um plantel de 65 mil matrizes em produção. A importância da parceria é destacada pelo diretor da Planejar, Luciano Antunes. “É o primeiro grande grupo da Região Sul que adere ao Sirb. Pelo reconhecido trabalho genético desenvolvido pela conexão, isso deve servir de referência e produzir uma forte repercussão no setor”, avalia.
Mato Grosso do Sul
Os pecuaristas de Mato Grosso do Sul estão condicionando a realização do rastreamento de seus rebanhos ao pagamento, pelos frigoríficos, de um prêmio ou um preço diferenciado pelo gado. Essa posição deve criar um impasse, uma vez que a indústria considera esta uma questão de mercado: ou seja, se houver a oferta de pouco gado rastreado pagará mais, mas se, pelo contrário, houver muita oferta, o preço pode até cair.
Ontem, na Acrissul, criadores, dirigentes ruralistas, donos de frigoríficos e técnicos do segmento agropecuário reuniram-se para ouvir a palestra “Rastreabilidade – Identificação e Certificação de Bovinos”, da médica-veterinária Cristina Lombardi, responsável pela elaboração do Sistema de Rastreabilidade de Carne Bovina no Brasil, que foi feito a pedido da Associação Brasileira de Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec). Segundo ela, a rastreabilidade é um conceito que garante a segurança alimentar do pasto ao prato, que irá representar um salto na qualidade do principal produto de exportação de Mato Grosso do Sul, a carne bovina.
Ela representa uma empresa de certificações e, ao contrário de outros sistemas de rastreabilidade já bem divulgados, apresentou uma forma não muito dispendiosa para o pecuarista rastrear e certificar os rebanhos. Ao contrário de outros sistemas, como aqueles que utilizam chips eletrônicos e computadores, ou aqueles que adotam o brinco nos animais, mostrou um que pode usar a simples marca de fogo e uma planilha que deve ser preenchida pelo pecuarista ou seus funcionários, “na planilha vai constar a marca da propriedade e o número de cada um dos animais marcados. Os dados são colocados na planilha e devem ser enviados, por fax ou até pelo correio para a nossa empresa, onde colocaremos no computador e repassaremos para o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento”, explicou Cristina Lombardi. O custo, segundo ela, é de R$ 1 por animal rastreado, sem contar o gasto para marcar o animal, com fogo, com brinco ou outro sistema.
Ontem a tarde, durante a entrevista de Cristina Lombardi, o presidente da Acrissul, Laucídio Coelho Neto foi questionado sobre como os pecuaristas estão vendo a questão da rastreabilidade. A resposta foi clara: “estamos aguardando uma manifestação dos frigoríficos, pois realizamos várias reuniões e a indústria nunca compareceu para tratar do assunto”. Ele acha que as indústrias devem procurar os seus clientes pecuaristas e negociar um sobrepreço por animal.
Além de estar oferecendo um animal com todas as garantias de procedência é necessário que se dimensionem os custos que cada produtor terá com a implantação do sistema. “Se os frigoríficos não abrirem negociação e dispuserem-se a remunerar melhor o produtor o rastreamento não vai andar”, afirmou Laucídio.
Fonte: Zero Hora/ RS e Correio do Estado/ MS (por Maurício Hugo), adaptado por Equipe BeefPoint