Os embarques de gado vivo geram controvérsia no setor. O diretor executivo do Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados do RS (Sicadergs), Zilmar Mousalle, comenta que o produtor é dono do animal e faz com ele o que quiser. No entanto, ressalta que esse tipo de operação não gera imposto para o Estado nem movimenta a indústria e o varejo e beneficia apenas o criador.
A exportadora Angus Trading, com sede em Pelotas, retomou as compras de gado em pé para o Líbano. De acordo com o diretor Mohammad Hijazi, o navio-curral Al Mawashi chega ao Porto de Rio Grande no dia 13.
Devem ser adquiridas 12 mil cabeças no Uruguai e 5 mil no Brasil. A previsão era comprar 10 mil exemplares no RS, mas o número foi reduzido devido à dificuldade de encontrar animais gordos e inteiros, em função da escassez e da estiagem.
Hijazi destaca que as operações foram reabertas em uma época complicada, pois coincidiram com o final de ano, quando há maior demanda por gado, e com a seca no Estado, que afetou a qualidade da pastagem.
O preço praticado é de R$ 2,50 o quilo vivo. Na negociação realizada pela empresa em setembro de 2008, foram adquiridos 6,5 mil animais no Estado ao valor de R$ 3,00 o quilo vivo. Segundo o exportador, a tendência para o próximo embarque, que deve ocorrer até o final do mês, é que o quilo vivo fique em R$ 2,00. Após esse carregamento, será feita avaliação do mercado gaúcho.
Segundo notícia do jornal Correio do Povo/RS, o preço no Rio Grande do Sul está acima do valor uruguaio. Se o cenário permanecer, no próximo embarque, no final do mês, 100% da compra deve ser feita no Uruguai.
Opiniões divididas
Os embarques de gado vivo geram controvérsia no setor. O diretor executivo do Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados do RS (Sicadergs), Zilmar Mousalle, comenta que o produtor é dono do animal e faz com ele o que quiser. No entanto, ressalta que esse tipo de operação não gera imposto para o Estado nem movimenta a indústria e o varejo e beneficia apenas o criador. “Com o embarque de animais em pé, eles deixam de ir para a indústria e produzir renda na cadeia. Não apoio, mas não posso fazer nada.” Moussalle afirma que o preço é similar aos R$ 2,40 o quilo vivo, em média, praticados pela indústria, o que não justificaria a opção.
O presidente da Farsul, Carlos Sperotto, pondera que a iniciativa não pode ser contestada, mesmo com a redução de gado do Uruguai para abate. “A indústria está sendo atendida e é salutar que o excedente seja vendido, desde que o preço seja mantido”, avalia. Segundo o dirigente, o embarque não traz temor. “Os mercados estão em consumo acentuado e abastecidos. Então, não há por que ter preocupação no momento”, conclui Sperotto.
As informações são do jornal Correio do Povo/RS, resumidas e adaptadas pela Equipe BeefPoint
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Esse tema já vem sendo discutido em diversas mídias e estados (principalmente Pará e RS), sempre com esse discurso.
A pergunta que se deveria fazer então é: A Vale do Rio Doce e outras não deveriam exportar o minério, já que poderia industrializá-lo e vender produtos de valor agregado, movimentando a cadeia de produção? A própria indústria frigorífica – frigoríficos de abate de bovinos – deveria industrializar todos os produtos e sub-produtos (couro, por exemplo, ao invés de venda sem industrialização, entre outros), e assim por diante, ao invés de vendê-los sem agregar valor?
Esse discurso é mais uma das distorções na cabeça dos empresários, buscando mais intervenção do Estado no mundo dos negócios, ao invés de estruturar adequadamente seu negócio, contribuir para o desenvolvimento da cadeia produtiva, entre outras coisas. Trata-se de uma indústria que está se concentrando e se tornando internacional e que vai mudar logo logo seu modo de ver o mundo e os negócios – essencial para sua sobrevivência.
E não vamos falar de não recolhimento de tributos, pois muitos deles nunca se destacaram, jamais, por terem ou serem bons pagadores de quaisquer tributos, sejam federais, estaduais ou mesmo municipais. E não precisamos falar muito da questão de vínculos empretatícios, INSS, etc.
É importante vermos uma entidade de classe como a FARSUL ser coerente e posicionar-se na defesa do produtor rural. Da mesma forma parece engraçado a opinião do diretor da Sicadergs quando diz que apenas o criador se beneficia.
Se o criador é o elo fundamental na produção de carne, por que ele não deve ser beneficiado? Quando ele toma prejuízo, quem paga suas contas? Até quando apenas os criadores deverão pagar para manter a balança comercial positiva?