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RS: frigorífico Três C pode suspender atividades

Sob embargo russo há uma semana, correm rumores que o frigorífico Três C, de Rio Pardo (RS), deve paralisar as atividades no próximo dia 4. Se confirmada a suspensão, subirá para três o número de frigoríficos parados em apenas um mês no Rio Grande do Sul. Outros dois frigoríficos estão suspendendo os abates - o Provim Milani, de Farroupilha e o Valverde, de Viamão - devido à dificuldade de compra mediante a elevação do preço do boi gordo no estado.

Sob embargo russo há uma semana, correm rumores que o frigorífico Três C, de Rio Pardo (RS), deve paralisar as atividades no próximo dia 4. A Agência Safras, que apurou a notícia, não conseguiu falar com a direção do Três C e o responsável pela compra de gado, que estaria atuando em São Gabriel, também não foi encontrado.

Se confirmada a suspensão, subirá para três o número de frigoríficos parados em apenas um mês no Rio Grande do Sul. Outros dois frigoríficos estão suspendendo os abates – o Provim Milani, de Farroupilha e o Valverde, de Viamão – devido à dificuldade de compra mediante a elevação do preço do boi gordo no estado. “O mercado está numa situação difícil e o parque industrial em regime falimentar. Não temos boi para abate e o pouco gado disponível está com preço astronômico”, considerou o diretor executivo do Sicadergs, Zilmar Moussalle.

De acordo com o dirigente, a restrição imposta pela Rússia aos dois frigoríficos do estado não deve causar impacto financeiro imediato, mas é negativa para a cadeia da carne bovina.

Conforme Moussalle, o Rio Grande do Sul exportava cerca de 9.000 ton/mês de carne bovina in natura para a Rússia em 2006 e neste ano teve essa quantidade reduzida para 1.000/1.200 ton/mês.

0 Comments

  1. Julio M. Tatsch disse:

    Em poucas palavras ao comentário do dirigente do Sicadergs, “as pessoas ou empresas, colhem o que semearam”. Fazem anos que diziamos que os preços aviltados ofertados aos pecuaristas e logicamente lucros astronômicos dos frigoríficos, obrigando o abate excessivo de fêmeas, resultariam neste quadro.

    Lembro que numa sociedade capitalista, onde impera a lei da oferta e da procura, diziam aos pecuaristas que não adiantava chorar. Agora chegou a vez do frigoríficos aguentarem o mesmo remédio. Acho que não se ampliam unidades, compram-se outras até fora dos estados ou país, através de prejuízo, isto é produto de muito lucro, ou melhor através da transferência do partrimônio dos pecuaristas, ou não?

    Saliento que pelo menos num dos frigoríficos citados do RS, que estariam suspendendo as atividades, os problemas na falta de oferta de bovinos são efeito e não causa.

    Julio Tatsch

  2. Taulni Rosa disse:

    Caro senhor Júlio,

    Gostaríamos de ressaltar que para que uma cadeia produtiva dê certo, e seja forte, todos os elos precisam estar fortalecidos, por tanto não podemos pensar só em um lado e torcer para que os demais não andem bem.

    Gostaria de lembrar também, que graças aos frigoríficos exportadores conseguimos obter os mercados que temos hoje, com preços nunca praticados anteriormente na pecuária gaúcha, e que a manutenção destes preços depende unicamente da exportação pois se toda a carne gaúcha for jogada no mercado interno não teremos como sustentar os preços atuais.

    Lembramos que com a parada desses frigoríficos vários chefes de família deixam de receber seu salário, deixando de “gastar”.

    Precisamos realmente pensar como cadeia produtiva, e não de forma unilateral.

    Taulni Rosa

  3. Xavier Sabino Antunes de Oliveira Neto disse:

    Parabenizo o senhor Julio Tatsch pelo comentário.

  4. Antonio Carlos Gonçalves disse:

    Julio, você está certo, mas não vejo os sindicatos se manifestarem não vejo programas visando o desenvolvimento pecuário somente casos pontuais, temos tecnologia, técnicos, mas muita teoria. Falta interesse persistência e vontade de trabalhar.

  5. Vivian Diesel Pötter disse:

    Só lembrando a todos:

    “A Cadeia Produtiva de qualquer atividade é tão forte quanto seu elo mais fraco”

    Apenas um elo fortalecido não resolve. Pensar como cadeia é difícil mas é o que precisamos.

  6. Julio Forster de Freitas Lima disse:

    Parabéns Vivian Pötter. Essa visão é que precisa ser pregada e desenvolvida, a começar pelo senhor Zilmar do Sicadergs e seus associados, e ainda mais, um segmento do negócio que anda muito esquecido que é o varejo que comercializa 60% da carne através das grandes redes de supermercados e como sempre ficam na moita, esperando a melhor oportunidade para manter suas margens.

    Acho que o segundo passo depois dessa visão do negócio é definir exatamente qual o papel de cada elo, a importância que cada um tem para o outro, isto é, seu grau de comprometimento, e estabelecer compromissos recíprocos, inclusive com penalização pelo não cumprimento. Só assim, será um negócio sério.

  7. Júlio Otávio Jardim Barcellos disse:

    Esta é a opinião de 4 alunos, que neste momento, on line, estão estudando a Cadeia Produtiva da Carne, no Centro de Pesquisa e Agronegócio da UFRGS, em Porto Alegre, RS. Afirmam eles e concordam que as manifestações todas são procedentes o que demonstra claramente que há um conhecimento sobre o setor e seus problemas. Contudo, são manifestações, muito diferente de ações e atitudes pró-ativas, por isso o problema se repete.

    Sugerem os alunos, muito modestamente, que neste momento talvez seja a oportunidade dos que estão fortalecidos – os pecuaristas – sairem de trás da coxilha e chamarem o elo fraco – a pobre indústria frigorífica -para estabelecerem mecanismos efetivos de negociação. Esta atitude poderá garantir preços satisfatórios quando o vento mudar de lado – a queda inevitável do preço do boi.

    Desta maneira o frigorífico terá assegurado o fornecimento do boi com o grau de conformidade desejado, só que agora pagando preço justo por ele. Em contrapartida, o pecuarista precisa ter coragem de assumir pela entrega futura do “seu”boi, ou outro compromisso de efeito equivalente, independente de ser assediado por um oportunista que lhe oferece maior preço.

    Assim, consideram os acadêmicos que utilizar o conhecimento disponível para operacionalizar essas iniciativas pode ser um sinal de sabedoria.

  8. Taulni Rosa disse:

    Parabéns a todos, pois o nível da discussão está em um patamar bem elevado!

    Gostaria de concluir minha participação com uma frase do Sartori, que diz: “Não adianta fazer barulho, e sim pressão.” entendo que seu eu ficar reclamando não vou chegar a lugar nenhum, mas se eu negociar com as pessoas certas nos momentos certos o negócio irá de “vento em popa”.

    Taulni Rosa

  9. José Luiz Nelson Costaguta disse:

    Parabéns pelo pronunciamento sobre o assunto a Vivian Diesel Pötter. Em poucas palavras disse tudo.