O leiloeiro da Knorr Remates, Eduardo Knorr, reconheceu que o preço do boi, em torno de 0,40 de dólar, nunca esteve tão baixo. Mas creditou essa dificuldade ao episódio da aftosa, que resultou no fechamento das fronteiras do Rio Grande do Sul. “Passados dois anos do surto da doença, o produtor continua pagando o preço até hoje por isso”.
No entanto, Knorr acredita na recuperação gradual do setor e aponta como grande trampolim a qualidade da carne produzida no Estado, que contribuirá para a retomada de mercados importadores, perdidos com a aftosa.
Ele acredita que esta questão do boi gordo é temporária. “Devemos ter uma reação de preço no inverno, devido ao aumento dos custos, que levará muitos produtores a deixar de investir em pastagens porque o setor está descapitalizado”. Ele explicou que, como haverão poucas áreas de pastagem devido ao preço dos insumos, a oferta de boi gordo será escassa e o preço obterá valorização em função da oferta e da procura. “Acredito que o boi gordo neste inverno terá elevação de preço significativa”.
A expectativa de bons resultados na lavoura orizícola e de soja, também pode trazer reflexos positivos à pecuária, diz Knorr. “Eu acredito que um pouco deste dinheiro possa reverter à pecuária, que oferece ao produtor uma margem de lucro segura e que poucos investimentos podem dar a quem aplica”. Além disso, ele disse que o produtor deve aproveitar as restevas das lavouras de arroz e soja para a pecuária, movimentando também o mercado do boi magro.
Segundo o presidente do Sindicato da Indústria da Carne (Sicadergs), Mauro Lopes, os baixos preços do boi se devem a comportamento inerente com a situação de mercado. “A cadeia da carne é caracterizada pelo livre mercado e trabalha exclusivamente na relação de oferta e procura”. Segundo ele, nesta época do ano, fim de verão e início de outono, historicamente ocorrem os preços mais baixos de mercado em função da maior oferta de gado. “As boas condições climáticas resultam em maior oferta de pasto, o que resulta em mais produção de gado para abate e conseqüente redução dos preços”.
Fonte: Diário Popular/RS, adaptado por Equipe BeefPoint