O governo do Rio Grande do Sul e as federações, sindicatos e associações que representam o setor primário gaúcho vão atuar em parceria para modernizar o sistema de defesa animal do estado. Um dos objetivos é facilitar a informatização das inspetorias veterinárias. “As entidades poderão fazer a doação dos equipamentos necessários”, explicou o governador Germano Rigotto.
Ontem à tarde, durante reunião de trabalho na Federação da Agricultura do RS (Farsul), foram discutidas as formas de ação que devem ser adotadas para facilitar a instrumentalização da estrutura sanitária. “Quanto mais avançarmos nessa questão, mais mercados poderemos atingir. Queremos que o Rio Grande do Sul se torne um estado modelo em sanidade no País”, salientou o governador.
Encarada como prioridade pelo governo desde o início do atual mandato, a modernização do sistema acabou tropeçando em trâmites burocráticos e na falta de verbas. Com a formação da parceria, a cadeia produtiva espera tornar mais rápido o processo.
Para informatizar todas as áreas da Secretaria da Agricultura, seriam necessários R$ 6,5 milhões segundo cálculos do governo. Para a instrumentalização do Departamento de Produção Animal (DPA), o valor estimado é de R$ 4 milhões. “Saindo do papel para o computador, teremos mais controle sobre todo o sistema”, ressalta o secretário Odacir Klein.
De acordo com dados do deputado Jerônimo Goergen (PP), que presidiu a CPI das Carnes da Assembléia Legislativa, o estado precisa contratar 250 veterinários para suprir a necessidade de pessoal. O secretário Klein informa que um novo concurso, que deve acontecer entre o final deste ano e o início de 2005, abrirá 100 vagas para novos profissionais.
O setor está atento para dar agilidade à modernização, diz o presidente da Farsul, Carlos Sperotto. “A partir de amanhã (hoje) vamos analisar como ajudar a suprir a demanda por computadores nas inspetorias”, declarou. Os representantes da cadeia produtiva animal voltam a reunir-se no dia 5 de novembro com o governador Germano Rigotto para dar continuidade ao projeto.
Novos mercados
Na mesma reunião Rigotto, recebeu cópia do Manifesto de Pelotas. O documento redigido na 78a Expofeira de Pelotas e assinado por 172 pecuaristas de 26 municípios pede, entre outros ajustes, um maior esforço do governo do estado para a abertura de novos mercados consumidores para a carne gaúcha.
“O produtor rural e a sociedade pagarão caro pela crise em curso, que inviabiliza a produção de carne no estado”, alertou o coordenador do grupo, Ricardo Vinhas, acrescentando que em dois anos poderá faltar o produto nos frigoríficos. Os pecuaristas reclamam que enquanto o preço médio da tonelada de carne desossada (congelada, fresca ou resfriada) subiu de US$ 1.469 em 2003 para US$ 1.919 em 2004 numa variação de 30,6% a favor da indústria, o preço médio do quilo do boi vivo oscilou entre US$ 0,50 para US$ 0,56, numa oscilação de 12% no mesmo período. Os signatários do documento integram o Grupo de Trabalho Autônomo de Produtores Rurais.
Segundos os pecuaristas, o aumento da oferta de gado para abate nos dois últimos anos fez os preços despencarem. “A indústria mantém-se na ofensiva para a abertura de mercados, mas é preciso vencer inúmeras exigências”, justificou o presidente do Sindicato da Indústria da Carne do RS, Mauro Lopez.
Para a categoria, a recuperação do setor envolveria necessariamente a abertura dos mercados de Santa Catarina e do Uruguai para o boi em pé do RS.
Fonte: Jornal do Comércio/RS e Correio do Povo/RS, adaptado por Equipe BeefPoint