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RS: questionado o porquê do preço baixo do boi gordo

O preço pago pelo quilo do boi gordo no Rio Grande do Sul, R$ 1,50 ou 0,43 de dólar, é um dos mais baixos do País, além de estar abaixo também dos valores de comercialização no Uruguai e Argentina. Apesar disso, os custos da atividade tiveram aumentos significativos desde o início do plano Real, o que tornou a atividade menos rentável e gerou uma insegurança: a de substituição de áreas destinadas à pecuária pela agricultura, principalmente às lavouras de soja e arroz.

O consultor da Safras & Cifras, Cilotér Iribarrem, explicou que, entre os clientes da empresa, o custeio da atividade por hectare ao ano teve um acréscimo médio de 71,72% desde o início do plano Real. Segundo ele, os clientes da empresa representam amostra significativa, pois atingem área de 400 mil hectares do total destinado à pecuária no Estado.

Mesmo assim, o rebanho gaúcho está estabilizado, com o total de 13.467.665 cabeças, o equivalente a 8,7% do rebanho brasileiro. Além disso, o abate no Estado corresponde a 8,52% do total realizado no País. Iribarrem destacou que, apesar da desmotivação e dos baixos preços, o produtor gaúcho não perdeu sua eficiência.

Em 1993 se abatia 2.793.982 cabeças e em 2002 foram abatidos 3.372.751 bovinos. Isto representa aumento de 20,71% ou 578.769 cabeças. Outra prova dessa eficiência é o crescimento de 19,59% na produção de carne do equivalente em carcaça, que passou de 532.509 toneladas em 1993 para 636.850 toneladas em 2002.

Uma questão preocupante segundo ele, é que os produtores estão perdendo espaços dos seus campos para a agricultura, gerando concorrência principalmente com a soja, que está valorizada no mercado e começa a entrar em áreas antes destinadas à pecuária.

Paralelo à perda de área ocupada, a bovinocultura de corte enfrentou, nos dois últimos anos, conseqüências negativas causadas pela febre aftosa. “Nós acreditávamos que os preços pagos aos produtores no Rio Grande do Sul, que nos últimos anos ficaram abaixo dos demais estados brasileiros, eram conseqüência da aftosa, mas esta avaliação não estava correta”.

Segundo ele, a partir do final de 2002, o Estado melhorou sua classificação quanto ao status sanitário e os preços pagos aos produtores continuaram sendo um dos mais baixos do Brasil.

A renda do consumidor gaúcho é maior que a média nacional, o consumo per capita de carne bovina do Estado está além da média nacional e, mesmo assim, os preços pagos pelo consumidor no Rio Grande do Sul não são mais baixos que em outros estados. Com base nisso, ele questionou o porquê dos preços pagos aos produtores serem tão baixos.

O consultor lembrou que em 2002, em alguns momentos, o produtor recebia R$ 1,70 a R$ 1,75 pelo quilo vivo do bovino comercializado para o abate e atualmente recebe R$ 1,55 a R$ 1,60. Quando o quilo do boi estava a R$ 1,70 a carne subia para o consumidor e hoje que está entre R$ 1,55 a R$ 1,60 e não baixou, destacou. “Com quem está ficando esta diferença de preço, se o valor recebido pelo produtor é um dos mais baixos das últimas décadas e o consumidor não está se beneficiando desta vantagem?”.

Ele ressaltou que no dia em que o preço do quilo vivo do boi gordo voltar a subir, a carne ao consumidor deve subir novamente e o produtor gaúcho será responsabilizado por isso. “É urgente e necessário que as diversas entidades de classe dos produtores de bovinos de corte se unam buscando identificar quem são os responsáveis no elo da cadeia pelo prejuízo a produtores e consumidores”.

Fonte: Diário Popular/RS (por Luciara Schneid), adaptado por Equipe BeefPoint

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