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RS: Sindicatos não aprovam entrada de carne com osso

Segundo sindicatos rurais "produtores mantém sua posição pela manutenção do veto (proibição da entrada de carne com osso) sem flexibilização. Os outros querem ditar o risco, porém a conta financeira do erro fica exclusivamente com o produtor".

Segundo Julio Tatsch, delegado representante e presidente licenciado do Sindicato Rural de Caçapava do Sul, no Rio Grande do Sul, existe pressão por parte dos frigoríficos na tentativa de efetivar um recuo nos preços pagos pelo boi gordo, evidenciada pelas atuais baixas. A leitura desta redução de preços, pode ser entendida como uma pressão adicional a decisão de abertura ou não da entrada de carne com osso no RS vinda de outros estados.

De acordo com Tatsch, na semana passada os principais frigoríficos estavam comprando boi gordo de R$4,30 a R$ 4,40/Kg de carcaça, nesta segunda-feira reduziram as ofertas para R$ 3,92/kg de carcaça, depois de terem aumentado as escalas e garantido estoque de matéria-prima.

Em reunião realizada segunda-feira, a Comissão de Bovinocultura de Corte da Farsul decidiu pela manutenção da Portaria nº 015/2007 do governo gaúcho, que proíbe a entrada no estado de carne com osso, oriunda de Rondônia, Acre, Santa Catarina e Amazonas.

Em reunião realizada em 22 de março em Santa Maria/RS os presidentes e representantes dos sindicatos rurais redigiram um documento entregue ao secretário da agricultura e abastecimento, João Carlos Fagundes Machado, onde apresentam suas razões para a manutenção da Portaria nº 015/2007.

No documento foram identificados os três motivos, pelos quais, os produtores pedem a manutenção do veto a entrada de carne com osso no estado. Esses motivos são:

– o risco sanitário e financeiro está sendo avaliado por outros, todavia o ônus financeiro e sanitário será imputado a um único setor: “o produtor rural”;

– a fiscalização com estrutura deficiente, tanto do Mapa como da SAA/RS, não possibilitando garantias mínimas para o efetivo controle sanitário do estado;

– indícios de sérios problemas na efetiva vinculação da origem do produto com a nota fiscal, em produtos oriundos de fora do estado.

No documento enviado ao secretário, em relação a manutenção do veto a entrada de carne com osso no estado, os representantes dos sindicatos rurais ainda frisaram “entendemos, que vossa firmeza foi e será a garantia necessária para a defesa sanitária de um setor produtivo, que está vivendo momentos de recuperação, a qual, certamente, seria interrompida com a revogação ou simples flexibilização das disposições legais, que asseguram a necessária proteção ao status de sanidade animal, que a bovinocultura gaúcha conquistou, com muito esforço nos últimos cinco anos. É condição básica, também, para a reconquista da condição de livre de aftosa sem vacinação”.

Em declaração ao BeefPoint Julio Tatsch, “ratifica o documento extraído na reunião de Santa Maria e acrescenta que a carne maturada e desossada, oriunda de estados com igual status sanitário ao gaúcho, permanece liberada sem restrições quanto a volume, portanto garantindo o pleno abastecimento do mercado consumidor. E com indicativo que tenha representado em 2006 o dobro do volume ingressado em 2005 no RS”.

“Citando um aspecto básico, os outros querem ditar o risco, porém a conta financeira do erro fica exclusivamente com o produtor, pois os demais entes da cadeia trabalham com margens de comercialização. Evidenciando uma posição cômoda aos não pecuaristas” comentou Julio Tatsch.

Conforme matéria do Jornal do Comércio o presidente da Comissão de Bovinocultura de Corte da Farsul, Carlos Simm, declarou que, “com a continuidade da portaria será possível manter preços que permitam retomar o rendimento dos pecuaristas, que têm passado por muitas dificuldades, em função da seca, do sucateamento das propriedades e da falta de tecnologia”.

Além disso, Simm reiterou a importância da condição do estado como zona livre de aftosa, em função principalmente da perspectiva de novos mercados. “Não podemos colocar em risco nossa condição sanitária, pois com ela será possível acessarmos mercados de alto valor agregado”, completou

O delegado representante do Sindicato Rural de Caçapava do Sul, Julio Tatsch informou “O Sicadergs, entende a abertura como certa. A informação que temos é que o Secretário da Agricultura, dará a posição no final desta semana ou na da próxima”.

André Camargo, Equipe BeefPoint

0 Comments

  1. Edson Nilo Padilha Freitas disse:

    Infelizmente mais uma vez os pecuaristas estão sujeitos a decisões políticas, tomadas por pressão de setores que não tem o mínimo comprometimento com a cadeia produtiva. Quem por um lado cobra dos produtores que padronizem seus rebanhos e mantenham escalas para poderem cumprir compromissos assumidos para o mercado externo, é o mesmo que agora quer apunhalar com a abertura das fronteiras para carne com osso.

    Como vai o produtor investir mais em sua atividade que por muitos anos esteve deficitária e recém agora retoma lucros se o “parceiro” (amigo da onça) que cobra uniformidade e qualidade é o primeiro a solicitar liberação de entrada de carne com osso de outros estados? Como vai o produtor seguir pagando caro pela reposição se a indústria frigorífica baixa os preços do gado gordo?

    Sem levar em conta que esta situação toda foi criada por descuidos sanitários quando em outras épocas estávamos conquistando status de zona livre sem vacinação para febre aftosa.

    Os nossos “parceiros” deveriam repensar melhor suas atitudes pois todo este problema de desabastecimento foi gerado pelo problema de fluxo de caixa do produtor que tiveram que abater suas matrizes para pagar as despesas, o que hoje se reflete na reposição.

  2. João Augusto Botelho do Nascimento disse:

    André, foste muito feliz neste artigo, aproveito para salientar mais uma vez que se o secretário da agricultura do estado do Rio Grande do Sul aceitar flexibilizar a portaria 015/2007 será por sua conta e risco, sem apoio dos verdadeiros produtores rurais, e espero que o estado tenha condições de arcar com as responsabilidades caso venha a ocorrer a entrada de febre aftosa no RS, pois é fácil dar canetaços quando os únicos a pagar esta conta serão mais uma vez os produtores rurais.

    João Augusto B Nascimento.
    São Martinho da Serra

  3. Mario Wolf Filho disse:

    Corretíssima a manifestação do Sr. Edson Nilo Padilha de Freitas, os frigoríficos são os atuais gigolôs do produtores, mas não adianta nada nós pecuaristas ficarmos chorando um no ombro do outro sem tomar atitude. Como partirmos para cooperativas de produtores, fazendo a cadeia da carne de ponta a ponta, e em casos como este se a classe fosse unida fazer uma greve de fornecimento para ver se eles aguentariam só quinze dias.

    Um abraço